Democratização
Tese - Visibilidade às
Questões Étnicas nos Meios de Comunicação e no Mercado de Trabalho
Autores:
·
Núcleo de Comunicadores
Afro-brasileiros do RS - Sindicato dos Jornalistas Profissionais no
Estado do Rio Grande do Sul
·
Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial - Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado
de São Paulo - Cojira -SP
·
Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial - Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município
do Rio de Janeiro - Cojira-RJ
1. Apresentação A questão racial vem pontuando, em
todo o mundo, as discussões voltadas à conquista da cidadania. O racismo
foi um eixo básico da luta pelos Direitos Humanos e ganhou outras feições
na contemporaneidade, forjando novas perspectivas de inclusão. O Brasil,
institucionalmente falando, avançou significativamente na discussão
sobre o tema. O país se reconheceu oficialmente como racista, afirmação
até há pouco tempo interditada pelo discurso oficial. Os resultados reiterados das pesquisas
estatísticas fizeram com que nas últimas décadas fossem desenhados e
implementados leis, recursos e outros dispositivos de correção dos problemas
raciais. As políticas focalistas (ações afirmativas, políticas de cotas,
reparação) despontaram no horizonte do possível como uma alternativa
para diminuir o fosso entre brancos e negros. Como questão estrutural da sociedade
brasileira, as relações raciais necessitam de atuação especial dos jornalistas.
Os meios de comunicação e, particularmente, a imprensa, poderão ocupar
posição privilegiada no processo de superação dos problemas raciais.
Tal importância pode ser detectada em várias instâncias legais e proposições:
o Estatuto da Igualdade Racial, Projeto de Lei n.° 3.198, por exemplo,
reserva o capítulo VIII para os meios de comunicação. Focado nas mensagens
publicitárias e da imprensa, o Estatuto parte do princípio de que “a
publicação veiculada pelos órgãos de comunicação valorizará a herança
cultural e a participação dos afro-brasileiros na história do País”
(Art. 55). Ao trazer esse tema para o XXXI Congresso
Nacional de Jornalistas, o Núcleo de Comunicadores Afro-brasileiros
do Rio Grande do Sul, a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial
do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (Cojira-SP),
a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas
do Estado do Rio de Janeiro (Cojira-RJ), querem ampliar o debate nos
marcos do jornalismo e do espaço sindical e dar visibilidade a eventos,
situações, ações, práticas, discussões e rotinas, abrindo espaço para
a construção de uma outra tradição no modo de se fazer jornalismo, que
leve em conta a pluralidade e igualdade raciais. É bem conhecido dos profissionais engajados
no combate ao racismo e na promoção da igualdade o fato de que a abordagem
da temática racial continua sendo velada nos meios de comunicação. Esta
situação vem provocando mudanças de posturas nesses profissionais: negros
e não-negros têm a responsabilidade diária na redefinição dos conteúdos
oferecidos pelos meios de comunicação sem o preconceito e os estereótipos
que, normalmente, caracterizam o enfoque quando o negro é notícia. O
ideal seria que a isso se somasse um compromisso dos veículos de comunicação
de integrarem em seus quadros ocupacionais povos historicamente discriminados
em escala proporcional aos seus respectivos pesos demográficos. Tais desafios fazem com que este documento
sinalize para quesitos importantes na conquista efetiva de igualdade
racial.
2. Justificativa O Núcleo Afro-brasileiro do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, a Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Município do Rio de Janeiro (Cojira-RJ/SJPMRJ) e a Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial do Sindicato de Jornalistas Profissionais no Estado
de São Paulo (Cojira-SP) apresentam, nesta tese, uma reorientação em
nossa organização sindical como resultado de um compromisso voltado
para conquista da igualdade racial em nosso País. Assumir a bandeira
contra o racismo implica em outras orientações nas nossas práticas rotineiras,
pautadas, muita das vezes inconscientemente, pelo preconceito. É o histórico
preconceito de não ter preconceito, como dizia Florestan Fernandes. A inclusão do tema no XXXI Congresso
Nacional de Jornalistas pelo Núcleo de Comunicadores Afro-brasileiros
do Rio Grande do Sul e pelas Comissões do Rio de Janeiro e de São Paulo
é uma estratégia política importante capaz de sinalizar para referenciais
que colaborem na superação do racismo nos limites do jornalismo e do
espaço sindical ligado à profissão. A situação do negro em várias instâncias
da sociedade brasileira é um indicador importante para o delineamento
desta tese. Dados de pesquisas (cujos resumos apresentamos
nessa tese) realizadas e divulgadas nos últimos anos revelam a condição
de inferioridade em que historicamente se encontram trabalhadores negros
(homens e mulheres). Desde as dificuldades de acesso à Universidade,
impedindo sua formação acadêmica e qualificação de sua mão-de-obra para
um mercado reservado, desde a colonização do país aos descendentes dos
europeus até ao cerceamento ao exercício de funções de chefia ou comando
em qualquer ramo de atividade. A situação de desigualdade dos trabalhadores
negros também pode ser observada no universo da imprensa. Homens e mulheres
negras estão sempre em menor proporção. A estrutura ocupacional dos
meios de comunicação, e particularmente da imprensa, é considerada uma
das mais excludentes do ponto de vista racial. Levantamento realizado
pela Revista Imprensa, divulgado em sua edição de n.º 165, de outubro
de 2001, e reproduzidos no artigo ‘Igualdade Racial Entre os Jornalistas
ainda é uma Meta’, do jornalista Flávio Carrança, comprovam o número
de negros nas redações é mínimo, o que torna ainda mais distante o mundo
jornalístico das questões específicas da etnia negra. De cinco mil questionários
enviados pela Revista Imprensa para redações de todo o País, perguntando
sobre o número de profissionais da redação, entre eles quantos negros
e quantos ocupam cargos de chefia, apenas 230 responderam e dessas somente
85 (36%) informaram contar com algum negro ou negra jornalista. O mesmo
levantamento comprova que poucos negros(as) conseguem cargos de chefia
ou de maior visibilidade. Do total de 3.400 profissionais, apenas 57
(1,6% do total) ocupavam cargos de chefia nos 230 veículos que responderam
ao questionário. A situação das mulheres negras também
é diferenciada nos meios de comunicação. Em todo o mundo, existem cerca
de 300 mil jornalistas mulheres. Na América Latina, a estimativa é de
60 mil profissionais deste gênero. No Brasil, além de atuarem em número
significativo como profissionais de comunicação, as mulheres são a maioria
na outra ponta desta indústria como público consumidor de TV, Rádio
e Revistas. Representam, hoje, no País, 49% dos leitores de jornais.
Quando se agrega o tópico racial a esses números, a presença de mulheres
negras é ainda mais escassa. Além da estrutura ocupacional, outro
braço da discriminação pode ser destacado na instância dos meios de
comunicação: a produção dos conteúdos. Sendo uma forma minimalista de
ler e dizer o mundo, o jornalismo nem sempre leva em conta a diversidade
racial que nos constitui. A produção de conteúdos, geralmente, exclui
qualquer modo de se noticiar os fatos que venha a fugir do modelo eurocêntrico,
regido desde sempre pelo poder e pela escola capitalista onde o conteúdo
subliminar doutrinário sempre se sobrepõe a uma leitura crítica da realidade
que se apresenta para ser noticiada. Ao apresentar-se este quadro como parte
do processo de discriminação racial, o Núcleo de Comunicadores Afro-Brasileiros
do RS, a Cojira-RJ e a Cojira SP trazem um foco para discussão que será
a elaboração de cláusulas de promoção da igualdade - cotas - para serem
inseridos nos acordos coletivos da categoria seguindo os padrões estabelecidos
pela política de valorização da diversidade. O Núcleo de Comunicadores
Afro-brasileiros do RS, a Cojira-RJ e a Cojira-SP estão desencadeando
em suas entidades sindicais os princípios de resistência, de protesto
e de articulação da luta contra o racismo e as desigualdades de gênero,
sem perder a perspectiva de classe. O Congresso Nacional de Jornalistas
é uma boa oportunidade para uma reflexão sobre questões éticas, de qualidade
da informação e, também, sobre o significado do perfil do negro que
é projetado pela mídia. É, ainda, o momento para que as linhas de uma
outra comunicação e imprensa sejam definidas. Nesse sentido, consideramos
da maior importância a apresentação desta tese num momento em que o
jornalismo também é convocado para pensar e incluir racialmente. Mais
do que responsabilidade social, esta iniciativa configura-se como uma
urgência política e um imperativo ético.
3. Sobre as organizações
proponentes
3.1. Núcleo de Jornalistas Afro-descendentes do Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul O Núcleo de Jornalistas Afro-descendentes
do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul foi
criado em 2001, para atender as demandas do Comitê Afro-Brasileiro do
Fórum Social Mundial. A necessidade foi repassada a jornalistas militantes
do Movimento Negro, durante o ano de 2000, depois de os negros de todo
o mundo terem enfrentado inúmeras dificuldades para tornarem visíveis
sua participação e ações durante o I Fórum Social Mundial, sem qualquer
apoio dos meios de comunicação. As constatações do Movimento Negro
organizado comprovavam a invisibilidade dos negros no Brasil e especialmente
no Rio Grande do Sul e o desinteresse dos veículos de comunicação por
suas causas e ações. Em meados de 2000 a demanda foi encaminhada à Diretoria do
Sindicato dos Jornalistas e indicado o nome da Jornalista Santa Irene
Lopes de Araújo (militante do Movimento) para atuar na coordenação do
Núcleo na Comissão do Comitê Afro-Brasileiro. Receptiva à solicitação,
a diretoria sugeriu, então, a criação de um Núcleo, que congregaria
jornalistas afro-descendentes e daria apoio durante o II Fórum Social
Mundial em 2001. As jornalistas Santa Irene e Jeanice
Ramos assumiram a coordenação do Núcleo que se implantou e desenvolveu
algumas atividades com apoio do presidente do Sindijor, José Carlos
Torves e outros membros da diretoria. Mas as dificuldades de identidade
e de comprometimento orgânico com as demandas da etnia, que permeiam
historicamente a sociedade brasileira, foi um obstáculo intransponível
à participação de outros profissionais afro-brasileiros, impedindo que
o Núcleo tomasse forma e organicidade. Mesmo assim, com esforço de alguns,
muitas tarefas foram cumpridas e o Núcleo esteve presente em diversas
atividades organizadas pelo Movimento Negro, nestes três anos. Ao mesmo tempo em que os incentivadores
do Núcleo encontravam resistência dos jornalistas à participação orgânica,
comunicadores de emissoras de rádio, televisão, veículos comunitários
(jornais e rádios), relações públicas e publicitários afro-brasileiros
participavam voluntariamente e manifestavam a vontade de se integrarem
ao Núcleo. Durante as comemorações da Semana da
Consciência Negra de 2003, no Quilombo Zumbi dos Palmares, comunicadores
de diversas áreas passaram a colaborar voluntariamente com o Núcleo.
Foi decidida, então, a formalização do Núcleo de Comunicadores Afro-descendentes
no Sindijor-RS, que hoje conta com um cadastro de 64 comunicadores,
dos quais 32 participam esporadicamente e nove estão atuando de forma
permanente, discutindo as questões da etnia nos meios de comunicação,
buscando a definição de políticas que reconheçam e legitimem suas especificidades,
manifestações culturais e forma de viver próprias, legados deixados
à população brasileira pelos ancestrais africanos. Os profissionais
de comunicação afro-brasileiros preocupam-se e buscam - cumprindo seu
dever de ofício - o reconhecimento, valorização e respeito pelas características
específicas de sua etnia nos meios onde atuam profissionalmente e em
todas as instâncias sociais, políticas e econômicas do Estado e do País.
3.2. Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Cojira-RJ/SJPMRJ) Também no Estado do Rio de Janeiro,
precisamente no Município que leva seu nome, no dia 11 de junho de 2003
foi criada a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Cojira-RJ/SJPMRJ).
Ela é um dos órgãos consultivos dessa entidade sindical, bem como executor
de programas são da questão racial no Brasil e, especificamente, a relação
desta com os meios de comunicação social. Inicialmente, a Comissão integrada
pelos jornalistas Miro Nunes, Sandra Martins e Angélica Basthi, fora
provisoriamente nomeada de Comissão de Jornalistas Afro-Descendentes.
Com o conhecimento e formalização do contato com a futura parceira e
co-irmã paulista Cojira-SP, fez-se uma consulta às direções das duas
entidades sindicais para possível adoção do nome da Comissão alterando
somente a unidade federal. Com o apoio das instituições, a Comissão
carioca passou, então, a adotar a mesma sigla. Tal atitude embute uma
visão de busca de solidariedade e fortalecimento de uma identidade,
que tem como meta construir um jeito diferenciado de se fazer sindicalismo
na área dos meios de Comunicação Social ao se incorporar, em definitivo,
a questão racial como uma de suas prioridades. Conscientes da extrema relevância dessa
temática, exposta inclusive na revista do Sindicato - Lide1 - que abordava
o racismo nas redações, a invisibilidade do negro e do desinteresse
dos meios de comunicação social por suas causas e ações, um grupo de
jornalistas afro-descendentes tomou a iniciativa de propor à direção
do SJPMRJ a criação de um fórum para discutir temas ligados às relações
raciais no Brasil. A Cojira-RJ tem entre os seus objetivos:
o acompanhamento crítico do noticiário relacionado à questão racial;
estímulo ao aprendizado e reciclagem dos profissionais de comunicação,
especialmente os jornalistas, de modo a compreenderem com mais profundidade
o tema que dá nome à comissão; debate dos assuntos relacionados à comunidade
afro-brasileira; produção de textos voltados para os eventos propostos;
apoio às iniciativas de trabalhos, acadêmicos ou não, na área de Comunicação
Social que privilegiem a discussão da diversidade étnico/racial; incentivar
a difusão e instalação de fóruns similares em todas as entidades sindicais
no território nacional; mapear e analisar a situação dos jornalistas
afro-descendentes no município do Rio de Janeiro; organizar um banco
de dados sobre a questão racial e a imprensa negra.
3.3. Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (Cojira-SP) A Cojira-SP foi criada no segundo semestre
do ano 2000, por iniciativa dos jornalistas Flávio Carranca e Noedi
Monteiro. Denominado no início Comitê Permanente de Jornalistas Negros,
esse núcleo nasceu com a finalidade de dotar o Sindicato dos Jornalistas
no Estado de São Paulo de uma política com relação á questão racial.
No decorrer do primeiro semestre do ano 2001, foi realizada uma discussão
política sobre pertinência da inclusão da palavra “negro” no nome da
comissão. A maioria dos participantes apoiou a idéia de que ela poderia
se tornar um obstáculo para a participação de não negros nas atividades
a serem implementadas. Foi a partir dessa discussão que surgiu o nome
de Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial. Em julho de 2001, era publicado no
site do sindicato um manifesto da Cojira-SP, assinado Amélia Nascimento,
Benedito Egydio dos Santos, Esmeralda Ribeiro, Flávio Carranca, Francisco
Soares, Maurício Pestana, Oswaldo de Camargo, Oswaldo Faustino, Paulo
Vieira Lima, Ricardo Alexino Ferreira e Ronaldo Junqueira. Nesse texto,
estão definidos os objetivos principais que nortearam até agora os trabalhos
da comissão:” Convencidos de que a construção da cidadania plena para
todos os brasileiros passa, necessariamente, pela obtenção da igualdade
racial e que as diversas categorias profissionais têm uma importante
contribuição a dar nesse sentido, nós, jornalistas negros, tomamos a
iniciativa de nos organizar no Sindicato dos Jornalistas Profissionais
no Estado de São Paulo. Para isso, criamos a Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial-Cojira, um órgão consultivo, com participação
aberta a todos os interessados, que ajudará o Sindicato a ter uma atuação
mais efetiva com relação à questão racial. Vamos participar de ações
tanto no âmbito específico do jornalismo quanto em questões de caráter
mais geral. Para conseguir esses objetivos, a Cojira tem algumas tarefas
prioritárias:
·
Mapear e analisar a
situação dos jornalistas negros no Estado de São Paulo;
·
Acompanhar com olhar
crítico o noticiário relacionado à questão racial;
·
Estimular a capacitação
dos profissionais que já atuam na imprensa para que tenham uma melhor
compreensão da questão racial;
·
Criar oportunidades
para que os jornalistas negros, em especial, e os jornalistas sem recursos
financeiros, de maneira geral, tenham acesso aos mecanismos de aperfeiçoamento
técnico-profissional;
·
Organizar um Banco
de Dados sobre a questão racial e a imprensa negra;
·
Utilizar o Jornal Unidade
e todos os meios de comunicação do Sindicato para divulgar matérias
e discutir temas relacionados à questão racial.
Muitos desses objetivos ainda estão
bem longe de serem alcançados, mas alguns passos foram dados nesse sentido.
Em parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a Cojira
promoveu em março de 2002 o relançamento da obra Imprensa Negra, de
Clóvis Moura e Miriam Nicolau Ferrara, que foi doada para todas as bibliotecas
públicas do estado, para dezenas de entidades do Movimento Negro, sindicatos
e estudiosos da questão. A Cojira-SP também promoveu palestras sobre
temas relativos a questão racial no sindicato e seus integrantes participaram
de diversos eventos, além de concederem entrevistas a variados meios
de comunicação. Várias matérias sobre temas de interesse para a Comunidade
Negra foram publicadas no jornal Unidade, algumas elaboradas por integrantes
da Cojira e outra realizadas pela equipe dom jornal a partir de sugestões
da Cojira. Mais recentemente, em maio de 2004, uma parceria com Geledés
Instituto da Mulher Negra permitiu o lançamento do livro “Espelho Infiel
- o negro no jornalismo brasileiro”, coletânea organizada por Flávio
Carrança e Rosane Borges como parte das atividades da comissão.
4. Proposições
·
Que sejam reconhecidas
pelo conjunto da categoria as ações contra todo e qualquer tipo de discriminação
e em defesa da igualdade étnica desenvolvidas pelo Núcleo de Comunicadores
Afro-brasileiros do Rio Grande do Sul no Sindijor-RS, a Comissão de
Jornalistas pela Igualdade Racial do SJPMRJ e a Comissão de Jornalistas
pela Igualdade Racial do SJSP;
·
Que o Sindijor/RS,
o SJSP e do SJPMRJ enquanto entidades máximas de representação dos jornalistas
profissionais dos estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo e do Município
do Rio de Janeiro tomem iniciativas, para sensibilizar os jornalistas,
tanto nas empresas de comunicação quanto nas faculdades de jornalismo,
sobre as questões específicas dos afro-brasileiros e outros segmentos
discriminados da população brasileira;
·
Realização de parcerias
com instituições, entidades e organizações governamentais e da sociedade
civil que venham a auxiliar no desenvolvimento de ações e políticas
para atender as demandas históricas da comunidade negra brasileira,
com o objetivo de promover a igualdade racial entre os trabalhadores
dos meios de comunicação e também para melhorar a qualidade da cobertura
jornalística dos temas relacionados com a etnia negra e seu viver;
·
Realização de censo
do jornalismo brasileiro - em parceria com Universidades - com diversos
recortes - gênero, racial, socioeconômico, mobilidade social, inatividade
etc. - que além de abrir campo para pesquisas diversificadas propiciará
um diagnóstico objetivo da categoria;
·
Que o XXXI Congresso
Nacional dos Jornalistas recomende a todos os Sindicatos Estaduais filiados
à FENAJ a criação e implementação de instâncias organizativas (Núcleos,
Comissões, departamentos ou outras formas que venham a surgir) com a
finalidade de implementar políticas de combate ao racismo e de promoção
da igualdade. Que a FENAJ atue no sentido de aglutinar e coordenar nacionalmente
as propostas e iniciativas surgidas dessas instâncias. E que a FENAJ
estimule também discussões sobre a discriminação de índios e outras
etnias e grupos sociais;
·
Que o XXXI Congresso
Nacional de Jornalistas recomende a todos os Sindicatos Estaduais filiados
à FENAJ a inclusão da auto-declaração étnico-racial nas fichas sindicais,
medida que deve ser precedida por uma campanha de esclarecimento junto
à categoria;
·
Apoio e execução de
políticas focalistas (ações afirmativas, cotas) para empresas jornalísticas;
·
Acompanhamento e monitoramento
do conteúdo da imprensa;
·
Estimular a produção
de materiais (livros e outras publicações) que possam subsidiar o debate
sobre jornalismo e relações raciais e estabelecer marcos importantes
para a garantia efetiva dos direitos humanos;
·
Acompanhamento das
discussões e aplicação das diretrizes dos organismos nacionais e internacionais
(ONU, OEA, Conferências, DHESCs) que regem os princípios dos direitos
humanos e relações raciais no Brasil e no mundo.
Tese - A democratização
do Jornalismo - Propostas contra a privatização e a espetacularização
da notícia
Autor:
·
Diretoria da FENAJ
1.
Introdução
Desde o início da década de 80, os
jornalistas brasileiros protagonizam um movimento nacional pela democratização
da comunicação e pelo direito à informação que abriu frentes permanentes
de lutas e conquistas em diversos níveis e momentos históricos destas
duas décadas de redemocratização do Brasil. Todas foram alvo, em maior
ou menor grau de aprofundamento, de teses apresentadas em Congressos
anteriores. A face mais conhecida desta estratégia foi a criação, em
1984, da Frente Nacional de Lutas por Políticas Democráticas de Comunicação,
experiência que antecedeu a Assembléia Nacional Constituinte e que resultou
na constituição do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
(FNDC), instituído em 1995. Por meio da militância no FNDC, os jornalistas
contribuíram para a construção de um programa que até hoje serve de
referência em qualquer debate sobre políticas públicas na área das comunicações
no Brasil. Na segunda etapa desta experiência,
o Fórum tem trabalhado diretamente para efetivar suas propostas. Uma
das principais conquistas nesta retomada se deu a partir de 2002 com
a participação ativa e a atuação coordenada de seus representantes na
implantação do Conselho de Comunicação Social no Congresso Nacional,
com a ocupação de seis das 13 vagas de titulares preenchidas por pessoas
ligadas direta ou indiretamente ao FNDC. O Fórum também teve participação
direta no atraso da aprovação do projeto de lei 175/2001, que prevê
a entrada de 100% de capital estrangeiro nas empresas de TV a cabo.
Em 2003, o Fórum realizou, durante o III Fórum Social Mundial o Seminário
"Comunicação para o Exercício da Cidadania", com o desenvolvimento
de 4 painéis e cinco oficinas que contaram com a participação de mais
de 400 pessoas. No mês de abril, quatro de seus integrantes participaram
do grupo de trabalho do Ministério das Comunicações que se propôs a
acelerar o processo de autorização de 4,4 mil rádios comunitárias que
protocolaram seus pedidos junto ao Ministério das Comunicações. Em junho,
o Fórum apresentou ao governo uma proposta sobre a digitalização da
comunicação social eletrônica e pautou junto à sociedade o debate sobre
a regulamentação da regionalização da produção cultural, artística e
jornalística no rádio e na TV e o empréstimo de recursos públicos a
empresas de comunicação. O Fórum está agora reorganizado em oito estados
com seus respectivos Comitês Regionais atuando tanto nas disputas por
políticas públicas de comunicação como na organização e mobilização
da sociedade para protagonizar suas experiências de comunicação. Os jornalistas reafirmam nesse Congresso
sua opção pela democratização da comunicação como frente privilegiada
de atuação e na manutenção do FNDC e do referencial de seu programa
– que está em processo de atualização – como agentes de articulação
social e política nessa luta. Por outro lado, identifica-se nesse período
histórico um momento propício para, dentro do conjunto de ações que
caracterizam a atuação do FNDC, implementar a inflexão deste arcabouço
a partir de segmento que poderíamos chamar de Democratização do Jornalismo,
entendendo esse movimento como um foco específico e, não, uma nova ação.
Se a democratização da comunicação, no nosso entendimento, precisa ser
uma ação que transborda os interesses de jornalistas e outros trabalhadores
da área da comunicação, o jornalismo e, consequentemente, sua democratização
possuem uma especificidade onde a contribuição dos jornalistas e da
FENAJ será sempre da maior relevância. Influenciado pelas tendências internacionais
de espetacularização da notícia, privatização da opinião pública e a
“commoditização” da informação, o jornalismo brasileiro está mergulhado
em um ambiente de banalização e descompromisso que traz de volta os
tempos de Chatô, onde o interesse público no jornalismo mantinha-se
sempre refém de interesses patrimonialistas, corporativos ou cartoriais.
Ao mesmo tempo, o debate sobre os conteúdos e a qualidade da programação
da TV, a discussão sobre a regionalização da produção cultural, artística
e jornalística e o potencial democratizante da digitalização da comunicação
social eletrônica estabelecem novas bases para se reverter o quadro
estabelecido e orientam os jornalistas brasileiros a destacar ações
específicas que promovam a luta pela democratização da comunicação a
partir da democratização do jornalismo. Mais do que um processo de longo
prazo, este pilar é um dos pontos centrais de sustentação de um projeto
estratégico da FENAJ, a ser formulado e desenvolvido por sua direção.
2.
Objetivos
É objetivo geral dessa ação a radicalização
do projeto de democratização implementado pelo Fórum Nacional Pela Democratização
da Comunicação (FNDC), provocando reflexões e experiências que somente
os jornalistas poderiam propor. Destacamos
como objetivos estratégicos:
·
Defender o jornalismo
como atividade específica e potencialmente emancipatória – A democratização
do jornalismo passa pela tênue diferenciação do necessário controle
público e da execrável censura. Para se conseguir esse equilíbrio democrático
é necessária uma eficiente conceituação do jornalismo e de seu papel
social. Adotando a premissa de Adelmo Genro Filho, o jornalismo é uma
forma de conhecimento singular que, independentemente de sua origem
de classe pode exercer um papel transformador e humanizador. Ao contrário
das teses pessimistas e imobilizadoras que atribuem à atividade jornalística
uma ontológica e irremediável natureza manipulatória, adotamos a fundamentação
de Genro quando diz que “podemos conceber a possibilidade de um jornalismo
informativo – que se utilize de muitas conquistas técnicas e funcionais
adotadas pelos jornais burgueses – com outra perspectiva de classe e
ideologia.”. Assim, acreditamos que é possível e cada vez mais necessário
afirmar um atributo democrático ao fazer jornalístico;
·
Garantir os aspectos
públicos inerentes a um jornalismo democrático e plural – Um dos grandes
problemas oriundos da atividade jornalística atual é a sua característica
privada e, muitas vezes, partidária de atuação. A natureza pública dessa
atividade exige a reconstrução de uma esfera que não se confunda nem
com a dimensão estatal da sociedade nem tampouco com o espaço privado
do indivíduo;
·
Estimular o surgimento
de uma imprensa representativa dos segmentos excluídos da mídia tradicional
e a diversidade de versões – A estruturação e o desenvolvimento dos
veículos de comunicação pública, comunitária e segmentada é vital para
a democracia. Entretanto, o jornalismo informativo exige uma esfera
pública, democrática e revigorada onde a pluralidade da sociedade esteja
garantida. Isso significa que ao lado de uma grande imprensa futuramente
democratizada devemos resguardar o espaço de um segmento de informação
que garanta o acesso e a produção de informação às camadas marginalizadas
e excluídas da sociedade;
·
Impedir que a agenda
pública do Brasil seja pautada pela lógica do jornalismo praticado pelos
conglomerados transnacionais de mídia – Com a entrada de capital estrangeiro
na mídia brasileira e a maior incidência das empresas de telecomunicações
na disputa pelo controle da produção e distribuição de conteúdo, os
jornalistas brasileiros estarão sujeitos ao predomínio de uma visão
jornalística da realidade em parte responsável pelos erros e abusos
cometidos pela imprensa internacional nos últimos eventos globais. Evitar
que o noticiário nacional seja contaminado pelos interesses comerciais
e ideológicos destes grupos é uma forma de contribuir para a democracia,
valorizando o jornalismo.
3. Proposições Para a implementação desses objetivos
deve-se:
·
Promover a informação
plural e o debate público sistemático sobre ética, liberdade de imprensa
e técnicas jornalísticas;
·
Formar e capacitar
profissionais, docentes e estudantes de jornalismo para a democratização
do jornalismo e da comunicação;
·
Estabelecer mecanismos
de controle interno das relações de trabalho nas redações como forma
de contribuir com a implementação efetiva do Conselho Federal de Jornalismo
(CFJ);
·
Estabelecer formas
de controle público sobre a atuação da imprensa a partir da criação
de instâncias mediadoras, como os Conselhos Municipais e Estaduais de
Comunicação;
·
Revisar o Código de
Ética dos Jornalistas Brasileiros, promovendo um debate nacional sobre
a conduta do profissional da imprensa;
·
Combater a espetacularização
do jornalismo na produção das notícias e na conduta dos profissionais
de imprensa;
·
Incentivar a criação
de sistemas públicos municipais de comunicação, junto ao poder publico
local, com participação da sociedade em sua gestão.
4.
Projeto Ombudsman da Mídia
Algumas ações práticas para se democratizar
o jornalismo no Brasil:
4.1.
Televisão Com apoio de produtoras de vídeo e
cinema, captando recursos a partir das leis de incentivo, a FENAJ viabilizará
a produção de um programa semanal de 1 hora que trate de temas de interesse
de jornalistas, jornalismo e mídia. Sua transmissão e/ou distribuição
poderá ser concretizada com o apoio de entidades como Radiobrás, ABTU,
Abepec, Astral ou TVs comunitárias. Nas grades de programação das operadoras
de TV a cabo, poderá ser veiculado a partir de acordo com as mantenedoras
dos canais básicos de utilização gratuita. Diante da realidade da regionalização
no rádio e na TV, versões locais do mesmo programa poderão ser exploradas
pelos sindicatos. Em parceria com o FNDC, o Congresso
Brasileiro de Cinema e a Campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra
a Cidadania", captando recursos a partir das leis de incentivo,
a FENAJ articulará a realização de um programa semanal de 30 minutos
que debaterá o conteúdo da televisão brasileira. O foco central será
a qualidade da programação da televisão a partir dos princípios constitucionais
– nos moldes da proposta de Ombudsman da Televisão Brasileira, especificada
no documento “Bases de um Programa para a Democratização da Comunicação
no Brasil” do FNDC.
4.2. Rádio A FENAJ e seus sindicatos estaduais
apoiarão a produção de programas de rádio em emissoras públicas e estatais.
Os formatos sugeridos são os de mesas de debate ou entrevistas semanais
que abordem temais ligados ao jornalismo e à comunicação social. O conteúdo
deverá ser disponibilizado gratuitamente às emissoras de rádio comunitárias
e universitárias que o requisitarem. Em parceria com escolas de comunicação,
a FENAJ incentivará a participação de estudantes de pós-graduação em
radiojornalismo em projetos inovadores na experimentação de linguagens
e técnicas de reportagem.
4.3. Mídia Impressa Com a sustentação de seus sindicatos
estaduais, e a captação de verbas de empresas privadas e estatais, a
FENAJ editará um jornal mensal de distribuição nacional, no formato
standard, com reportagens a respeito do jornalismo, com ênfase nas informações
regionais. O conteúdo ficará a cargo da rede de jornalistas das assessorias
de imprensa dos sindicatos, bem como de voluntários selecionados pela
equipe de edição. A coordenação da produção ficará a cargo da Executiva
da FENAJ. A mesma estrutura poderá contribuir para abastecer uma agência
nacional de notícias sobre jornalismo, que intercambie informações e
matérias com projetos semelhantes. Em parceria com escolas de comunicação,
buscando o apoio do Fórum de Professores de Jornalismo e da Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom),
a FENAJ estimulará a publicação de uma revista acadêmica trimestral
sobre jornalismo, democratização da comunicação e políticas públicas
de comunicação.
4.4. Internet e tecnologias
da informação Por meio da página da FENAJ na internet,
será criado um espaço onde uma equipe de jornalistas voluntários, com
o apoio do Fórum de Professores de Jornalismo, por exemplo, fará a análise
sistemática do noticiário nacional, com ênfase nas técnicas jornalísticas
e na editorialização dos conteúdos – textos e imagens. O mesmo será
enviado aos jornalistas em um formato de boletim semanal. No mesmo espaço,
será estimulada a participação em tempo real de usuários (profissionais
e estudantes) previamente cadastrados. A FENAJ criará listas de discussão
temáticas, coordenadas e estimuladas pelos departamentos específicos.
Assim, todos os jornalistas brasileiros poderão opinar e receber informações
a cerca da profissão e de temas sobre imprensa e mídia. Alguns temas
sugeridos: Liberdade de Imprensa e de Expressão, Democratização da Comunicação,
Precarização das Relações de Trabalho, Regulação e Políticas Públicas
de Comunicação, Assessoria de Imprensa, Qualidade do Ensino de Jornalismo,
Organização e Mobilização Sindical, etc. Em parceria com o Fórum de Professores
de Jornalismo, a FENAJ criará o portal “Jornalética”, destinado exclusivamente
ao debate sobre ética e deontologia no jornalismo, com ênfase no debate
sobre valores desprezados pelas empresas jornalísticas. O mesmo terá
uma seção específica para denúncias – anônimas ou públicas - de arbitrariedades
cometidas pelos veículos de comunicação no cerceamento da livre circulação
de informações de interesse público. Em parceria com escolas de comunicação,
a FENAJ incentivará a participação de estudantes de pós-graduação em
webjornalismo que apresentem projetos inovadores na experimentação de
novas tecnologias aplicadas à reportagem/edição, com destaque para técnicas
de reportagem assistida por computador (CAR).
Tese
- Constituição de um Fundo de Apoio à Radiodifusão Comunitária e Universitária
Autor:
·
Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Distrito Federal
Apesar da repressão, mantida e agravada
pelo Governo Lula, contra os movimentos sociais que assumem a prática
legítima e inquestionável da comunicação comunitária, e de uma legislação
antidemocrática, as emissoras comunitárias vêm se multiplicando, muito
embora as condições para o seu funcionamento, qualificação e expansão
sejam profundamente adversas. A comunicação comunitária, além de enfrentar
a repressão policial e uma lei que a coíbe, depara-se com uma penúria
sistemática, impedindo sua regularidade e estabilidade. Enquanto a mídia privada recebe todos
os favores creditícios do Estado, a comunicação comunitária enfrenta
a polícia e a ausência de mecanismos que permitam-lhe consolidação e
qualificação. Tais mecanismos, inclusive, poderiam representar ampliação
efetiva do mercado de trabalho, em fase de contração. Sendo assim, os jornalistas se comprometem
a lutar pela criação de um Fundo de Apoio à Radiodifusão Comunitária
e Universitária Pública, constituído por um percentual a ser definido
das verbas publicitárias oficiais destinadas à mídia comercial, sem
prejuízo de outras fontes de recursos. Nota-se um esforço por parte de universidades
públicas para também operar na área da comunicação, tendência salutar
que, igualmente, vem enfrentando a penúria de recursos que afeta também
a educação pública superior, como conseqüência do desmonte do Estado,
pregado pelo neoliberalismo. Por isto, é indispensável que também
a comunicação universitária, capaz de representar pluralidade e regionalização
informativas, também seja atendida pelo Fundo aqui proposto como forma
de ampliar as condições de atendimento do direito a informação da sociedade
brasileira, hoje proibida, de fato, da leitura de jornal e revista,
submetida a uma brutal desinformação pela ditadura midiática comercial. Os jornalistas se comprometem a lutar
pela criação de um Fundo de Apoio à Radiodifusão Comunitária e Universitária
Pública, administrado por um conselho formado por representantes dos
trabalhadores e da sociedade, que garanta meios de fiscalização e transparência
cumprindo efetivamente as finalidades constitucionais.
Tese
- Expansão e Consolidação das Mídias Públicas (educativa, legislativa,
universitária e comunitária) – texto substituto
Autor:
·
Aluisio Lopes (Sindicato
dos Jornalistas de Minas Gerais), com adendo de Osnaldo Moraes (Sindicato
dos Jornalistas de Pernambuco)
Os jornalistas brasileiros se manifestam
a favor da expansão da mídia e recomenda aos governos federal, estaduais
e municipais a transparência na destinação de recursos públicos voltados
ao setor, democratizando-se a distribuição de verbas publicitárias de
forma a contemplar os veículos da mídia pública. Os jornalistas defendem, como condição
para a expansão da mídia pública, a criação de efetivos mecanismos de
controle público na gestão de emissoras educativas e legislativas. Trata-se de uma condição para que essas
recebam recursos públicos ou sejam contempladas com a abertura de sinal
de transmissão. A FENAJ e os sindicatos encaminharão
aos legislativos municipais, estaduais e federais solicitação de levantamento
do quantitativo de jornalistas contratados fora de concurso que prestam
serviços aos mesmos, para que se possa garantir o acesso a essas vagas
por concurso público.
Regionalização
da Produção
Tese
- A regionalização da produção e da programação jornalística no rádio
e na TV
Autor:
·
Diretoria da FENAJ
Os jornalistas brasileiros sempre apresentaram
propostas concretas para alterar o panorama da concentração dos meios
de comunicação no Brasil. No que diz respeito à produção de conteúdo
e desenvolvimento de mercados regionais com geração de emprego, esta
contribuição foi qualificada no último ano nos trabalhos do Conselho
de Comunicação Social a respeito do projeto de lei que dispõe sobre
a regionalização da produção e da programação das emissoras de rádio
e TV.
1.
Breve histórico
A Constituição de 1988, em seu artigo
221, estabeleceu quatro princípios que devem nortear a produção e a
programação das emissoras de rádio e TV. Um deles é o da regionalização
da produção cultural, artística e jornalística, a partir de índices
estabelecidos em lei (inciso III). O projeto de lei que encaminhou sua
regulamentação, apresentado com o número de 256 em 12/3/91 pela deputada
federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), tramitou por mais de 12 anos na
Câmara dos Deputados. Somente em 27/8/2003, com diversas modificações,
o texto foi aprovado e seguiu para o Senado. Lá, já rebatizado como
PLC n.º 59/2003, os senadores o encaminharam para receber parecer do
Conselho de Comunicação Social (CCS), órgão auxiliar do Congresso Nacional
para os assuntos da área das comunicações. Assim que chegou ao CCS, a matéria
foi tratada como prioridade e contou com a participação decisiva dos
dois representantes da categoria dos jornalistas. Para discuti-la, a
Comissão de Regionalização e Qualidade da Programação, constituída em
26/6/2002, realizou quatro reuniões de trabalho no período de 1.º/12/2003 a 16/3/2004. Seus integrantes ouviram e receberam
contribuições de mais de 20 pessoas, entidades e instituições. De jornalistas
a executivos de emissoras de TV, passando por produtores, cineastas,
juristas, publicitários e parlamentares, foi a Comissão que mais exigiu
dos conselheiros espírito público e desprendimento dos interesses imediatos. Os participantes das audiências promovidas
pelo CCS evidenciaram que a indústria de radiodifusão hoje apresenta
uma verticalização acentuada em sua estrutura econômica, com uma concentração
da produção do conteúdo e da verba publicitária no eixo Rio-São Paulo,
com ênfase em três ou quatro concessionários de rádio e TV, e espaço
reduzido na grade de programação para a veiculação de programas fornecidos
pela produção independente. O trabalho da Comissão de Regionalização
ainda evidenciou a necessidade urgente de o Brasil reconhecer sua diversidade
cultural na programação dos meios de comunicação por meio deste estímulo
à produção regional, gerando uma indústria deslocada de duas Capitais
e, por isso mesmo, um outro olhar sobre o País. Infelizmente, os empresários de comunicação
se negaram a continuar o debate quando viram que uma nova proposta poderia
viabilizar a regionalização de acordo com os princípios previstos pela
Constituição Federal. Foram produzidos, no âmbito da Comissão, dois
pareceres. Por 7 votos a 5, em 3/5/2004, o CCS aprovou a proposta que
reivindicava a aprovação do projeto tal como veio da Câmara dos Deputados.
Neste momento, o PLC n.º 59/2003 encontra-se na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania do Senado Federal.
2.
Diagnóstico
Desde 1991, quando foi iniciada a trajetória
de regulamentação do artigo 221 da Constituição Federal, a preocupação
central do legislador foi com a necessidade de se desenvolver uma indústria
de produtos audiovisuais com condições de representar a diversidade
da cultura nacional e competir comercialmente tanto dentro quanto fora
do Brasil. Até hoje, entretanto, o impacto do texto constitucional em
relação à regionalização do jornalismo e seu mercado de trabalho nunca
foi dimensionado ou sequer debatido de forma pública. Como uma contribuição
fundamental dos representantes da categoria dos jornalistas, os trabalhos
no CCS acabaram resultando em avanços que contemplam esta preocupação. Se por um lado a especificidade do
meio tratou de criar condições para que a produção de notícias no rádio
permanecesse essencialmente regional e local, na TV a situação é inversa.
A estruturação da radiodifusão brasileira, patrocinada pelos militares
a partir de 1967, criou as figuras da cabeça-de-rede e das emissoras
afiliadas. Ao aceitar firmar contratos pouco transparentes que a obriga
a reproduzir quase integralmente a programação da "emissora-mãe",
a geradora regional tem horários escassos para levar ao ar conteúdo
jornalístico próprio ou contratado de uma produtora independente. Olhando
para a grade de programação das TVs, verifica-se facilmente que às emissoras
locais ligadas a redes nacionais comerciais é reservado menos de uma
hora diária para se abordar assuntos de interesse específico da região. Esta restrição ajuda a manter estagnados
o mercado de trabalho para jornalistas e a qualidade do conteúdo informativo
gerado em estados e municípios fora da região Sudeste uma vez que 90%
das emissoras de TV do País estão vinculadas às seis principais redes
nacionais privadas (Globo, SBT, Record, Bandeirantes, Rede TV! e CNT).
As emissoras locais que mais investem para preencher esta lacuna com
jornalismo contratam mão-de-obra qualificada, mesmo que remunerando
mal, e mantêm redações de porte razoável. As que menos investem possuem
pelo menos uma equipe de repórter, cinegrafista e motorista para fornecer
matérias ao telejornal do eixo Rio-São Paulo. O texto em debate no Parlamento estabelece
uma escala onde quanto maior for o número de receptores do município,
maior será a obrigação de produção regional. Outro fator de fomento
ao jornalismo regional encontra-se no princípio do estímulo à produção
independente (inciso II do artigo 221). O texto aprovado na Câmara dos
Deputados prevê que 40% do conteúdo regional exibido pelas TVs seja
fornecido por produtoras sem vínculos com a emissora contratante. Espaço
que poderia ser ocupado, por exemplo, por jornalistas realizadores de
documentários e programas informativos dos mais variados formatos. Constata-se que as 393 emissoras de
TV aberta em VHF listadas pelo Ministério das Comunicações encontram-se
localizadas em 198 municípios. Deste total, verifica-se que apenas dois
enquadram-se na faixa superior das exigências: Rio e São Paulo. Identifica-se,
também, que apenas outros três – Salvador, Belo Horizonte e Brasília
– encontram-se na faixa intermediária das exigências. Isto é, todos
os demais 193 municípios (97% do total) que sediam 351 emissoras (89%
do total), de acordo com o PLC n.º 59 serão base para fixação a estas
emissoras da exigência mínima de exibição de produção regional, que
oscilariam apenas entre dez e três horas semanais, conforme a região
geográfica onde se encontram localizadas.
3.
A proposta da FENAJ
A FENAJ acredita que com melhorias
no texto do PLC n.º 59/2003 seria possível alterar sensivelmente esse
cenário com vistas a ampliar o conceito de regionalização e definir
os termos de inserção da produção e da programação jornalística na regulamentação
do artigo 221 da Constituição Federal. Esta correção de rumo permitirá
que no estabelecimento de regras para a veiculação de produção regional
o jornalismo seja beneficiado tanto quanto as manifestações artísticas
e culturais veiculadas no rádio e na TV. Para que isso ocorra, entretanto, o
texto que tramita no Senado precisa incorporar aperfeiçoamentos como
os que seguem:
·
O fortalecimento da
correspondência do projeto com os princípios constitucionais;
·
Uma maior e melhor
especificação de suas definições conceituais e das exigências estabelecidas
quanto à regionalização e à exibição da produção audiovisual, cinematográfica
e videofonográfica nacional;
·
Ampliação dos estímulos
à produção e à exibição de obras audiovisuais, cinematográficas e videofonográficas
nacionais, independente ou não;
·
Mobilização do Poder
Executivo para a formulação e a implementação de uma política de efetivo
estímulo à produção audiovisual, cinematográfica e videofonográfica
nacional.
Inspirados
nestas diretrizes, os jornalistas defendem que o projeto da regionalização
da produção e da programação no rádio e na TV incorpore definição objetiva
sobre o significado das expressões "programação artística, programação
cultural e programação jornalística" da forma que segue:
·
Programação Jornalística
– telejornais, programas informativos, entrevistas e reportagens;
·
Programação Artística
– apresentações musicais, espetáculos de teatro, ópera, circo, dança,
obras audiovisuais de ficção, animação e de teledramaturgia, em modalidades
como novelas, seriados, séries e minisséries;
·
Programação Cultural
– documentários, programas religiosos, mesas-redondas, debates e espetáculos
esportivos.
Outra melhoria a ser incorporada é
a visão pela qual será considerada regional "a produção artística,
cultural e jornalística produzida no município, no estado ou na região
geográfica onde está sediada a emissora do serviço de radiodifusão de
sons e imagens". Com isso, escapa-se da armadilha que poderia permitir
a uma emissora produzir conteúdo local somente para e no município onde
se encontra, reforçando a atual concentração dos meios de produção audiovisual
nas Capitais de estado ou nas principais cidades brasileiras. Contribuirá para romper esta lógica,
que favorece as redes comerciais de TV e a atual estrutura do sistema
de radiodifusão brasileiro, a inclusão de cotas que permitirão a livre
circulação de produção gerada em um determinado local através das demais
regiões do Brasil. A intenção de estabelecer uma faixa para a distribuição
da produção regional pelo país afora busca limitar a imposição de excesso
de conteúdo de uma mesma região sobre outra. Ao mesmo tempo, possibilitará
a troca de conteúdos entre regiões, estados e municípios, favorecendo
a diversidade cultural e viabilizando que uma amostra da produção realizada
em regiões geográficas distintas daquela onde se situa a emissora sejam
conhecidas. Considerando o exposto, os jornalistas
brasileiros trabalharão para:
·
Ampliar o conceito
de regionalização contido no PLC n.º 59/2003 e inserir a definição de
programação jornalística no texto;
·
Dentro do Congresso
Nacional, buscar o aperfeiçoamento da regulamentação do artigo 221 da
Constituição Federal, valendo-se das propostas acima e de novas contribuições
que busquem aprimorar a matéria em tramitação no Senado Federal;
·
Inexistindo base de
acordo para a incorporação de melhorias ao PLC n.º 59/2003, perseguir
a aprovação do texto integral do projeto de lei, tal como encaminhou
a maioria dos membros Conselho de Comunicação Social.
Tese
- Apoio à Proposta do presidente Hugo Chavez de constituição da TV do
Sul – texto substituto
Autor:
·
Celso Schoreder
Os jornalistas brasileiros apóiam o
governo brasileiro a constituir junto com os governos dos países da
América do Sul, um canal internacional para produzir e distribuir conteúdos
de caráter contra-hegemônico a partir dos interesses sul-americanos. Propomos um canal gerido e administrado
por 1/3 integrantes do governo, 1/3 de trabalhadores de comunicação
e 1/3 de representantes da sociedade civil. O objetivo é articular a construção de uma identidade do bloco
sul-americano.
Organização
Sindical
Tese
- Jornalista de Imagem é Jornalista – texto
de formação
Autores:
·
Fred Ghedini e Renato
Yakabe, presidente e diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
e Rubens Chiri, presidente da Arfoc-SP.
Parece absurdo, mas é um tanto comum
ouvir de colegas com anos de profissão a seguinte frase: “O jornalista e o fotógrafo estavam
na entrevista”. A formulação contém dois erros. O primeiro é que tanto
um quanto o outro são jornalistas. As diferenças são, primeiro, que
aquele que recebe a designação de jornalista no exemplo em questão exerce
uma função de texto e o segundo uma função de imagem. A segunda é que
o nome correto é repórter fotográfico, e não fotógrafo. Mas, se fosse
apenas um problema de uso incorreto de uma expressão, até que seria
menos grave. O fato é que há muitos jornalistas de texto que não vêem
seus colegas de imagem como sendo jornalistas de pleno direito, ou sequer
como jornalistas. O que encerra desinformação e, não raro, preconceito. Também é absolutamente comum, em visitas
às redações, desde as maiores até as menores empresas, encontrar colegas
trabalhando em funções de diagramação ou de ilustração (webdesigner,
infografista etc.) que, quando perguntados se são jornalistas, dizem:
“Não, sou webdesigner”. Ou então: “Não, sou da arte”. Essas situações mostram que existe
uma grande desinformação entre os colegas, o que se reproduz nos Recursos
Humanos das empresas e, não raro, implicam essas pessoas serem remuneradas
abaixo do piso salarial da categoria. Para fazer frente a essa situação,
iniciamos um trabalho conjunto - Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
e Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de São Paulo
-, no sentido de esclarecer os colegas que trabalham na área de imagem,
sejam eles repórteres fotográficos, repórteres cinematográficos, ilustradores
ou diagramadores, que todos são jornalistas, pois a legislação que regulamenta
a profissão define de forma muito clara essa questão. Essas informações
devem, também, ser levadas ao departamento de pessoal ou de recursos
humanos das empresas. O básico é o seguinte: Para quatro funções jornalísticas,
o Decreto-Lei 972/69 e o Decreto 83.284/79, que modificou o primeiro,
não exigem a formação superior específica em graduação nos cursos de
jornalismo ou de comunicação - habilitação jornalismo. O texto legal - inciso III do Artigo
4.o do Decreto 83.284 -, diz que é necessário, para a obtenção do registro
profissional em qualquer Delegacia Regional do Trabalho, a apresentação
do “diploma de curso de nível superior de jornalismo ou de comunicação
social, habilitação jornalismo, fornecido por estabelecimento de ensino
reconhecido na forma da lei, para as funções relacionadas nos itens
I a VII do art. 11”. Exclui-se dessa exigência, portanto, as funções
descritas nos incisos VIII (Ilustrador), IX (Repórter Fotográfico),
X (Repórter Cinematográfico) e XI (Diagramador). De fato, a exclusão da exigência da
formação superior para os jornalistas de imagem é uma discriminação
contra os profissionais que exercem essas funções. Eles não necessitariam
estudar para exercer suas funções. Ou, dito de forma pejorativa, eles
“poderiam ser mais ignorantes”. Outro problema é que o registro profissional
dos colegas que exercem funções de imagem são registros específicos
para o exercício daquelas funções. Já o jornalista diplomado pode exercer
qualquer uma das funções jornalísticas existentes (não simultaneamente
no mesmo emprego, o que configura acúmulo de função e ajuda o patronato
a eliminar empregos em nossa profissão). Já o repórter fotográfico só
pode exercer, como jornalista, a função de repórter fotográfico. Se
ele tiver formação para isso e quiser ser diagramador, tem que tirar
um novo registro específico. Se quiser trabalhar com texto jornalístico,
tem que fazer a faculdade e obter o seu registro de jornalista diplomado.
A mesma coisa para o ilustrador, o repórter cinematográfico e o diagramador.
Por não concordarem com essa diferenciação,
desde o Congresso Nacional dos Jornalistas de Curitiba, em 1994, os
jornalistas brasileiros decidiram lutar para que também nas funções
aqui chamadas genericamente de “jornalismo de imagem” passe a ser exigida
a formação específica de nível superior. Essa reivindicação foi contemplada
no projeto de Lei Marcelo Barbieri, que ficou anos tramitando no Congresso
Nacional. O ex-deputado Barbiere não se reelegeu e o seu projeto de
Lei foi arquivado. No texto elaborado pelo FENAJ que hoje tramita no
Congresso Nacional, o projeto de Lei do Pastor Amarildo (PL 708/2003),
não se toca nessa questão. Esse projeto só altera as definições das
funções, mas não inclui a exigência de formação superior para os jornalistas
de imagem. O que é um problema, pois essa é uma decisão antiga de um
congresso da categoria. Como argumento para não incluir essa
questão no PL 708 está o fato de que não interessa, hoje, levar ao Congresso
Nacional o debate diploma/não diploma. Já temos essa pendência na Justiça
e seria melhor não abrir nova frente de batalha, enquanto não vencemos
aquela que está em andamento. Daí a idéia de lutar para conquistar o
Conselho Federal de Jornalismo e, uma vez com o Conselho instalado,
fazer essa e outras modificações, pois o CFJ passará a ser o órgão responsável
pela regulamentação da profissão. Portanto, continua em vigor o que determina
a legislação. Assim, o que devemos fazer de imediato é divulgar amplamente
a informação de que todos aqueles que exercem as funções como jornalistas
de imagem, devem obter os seus respectivos registros profissionais enquanto
é tempo. Quando tivermos condições de implantar uma mudança na legislação,
passando a exigir a formação superior para todos os profissionais jornalistas,
só então, a partir dessa mudança, será exigida a formação superior para
os jornalistas que trabalham em funções de jornalismo de imagem. Também devemos incentivar nossos colegas
da área de imagem a fazer o curso de jornalismo. Muitos têm feito isso,
com ganhos importantes para sua formação e informação. Aqui, vale o
argumento utilizado nas conversas com as pessoas que tem tirado seus
registros precários: estudar não tira pedaço de ninguém. Ao contrário,
acrescenta conhecimento e cultura. Outro problema é que há um sem número
de nomes para designar atividades que estão perfeitamente dentro do
que prevê nossa legislação. Isso ajuda a confundir ainda mais a cabeça
das pessoas. Veja a seguir uma “tradução” entre algumas denominações
existentes no mercado de trabalho e os nomes que constam da legislação:
·
Repórter fotográfico:
também estão nessa categoria o chefe de fotografia, o editor de fotografia,
o sub-editor de fotografia;
·
Repórter cinematográfico:
na verdade, esse profissional deveria ser chamado de repórter cinevideográfico,
pois o que ele faz geralmente é ser um repórter de vídeo. Estão nessa
categoria os chefes dos cinegrafistas, coordenadores e outros nomes
das chefias da área;
·
Ilustrador: chargista,
cartunista, infogravista, artista gráfico, desenhista;
·
Diagramador: designer,
webdesigner, editor de arte, sub-editor de arte, assistente de arte,
chefe de arte e, em alguns jornais, paginador (não confundir com o paginador
gráfico).
Todas essas atividades, quando realizadas
para publicações jornalísticas, devem ser tratadas como funções jornalísticas.
Portanto, os profissionais que exercem tais funções nos veículos jornalísticos
tem, obrigatoriamente, que ter o registro profissional (MTb). Um infografista
que ilustre livros didáticos, por exemplo, não se enquadra nas definições
das funções jornalísticas, embora possa estar fazendo algo bastante
semelhante ao que faz um outro profissional que realiza infografias
para revistas. Tendo esse quadro em mente, a FENAJ
precisa promover, juntamente com os Sindicatos, em todo o País, uma
ampla campanha de esclarecimento e, em seguida, de regularização dos
colegas que realizam funções jornalísticas na área de imagem, mas que
não têm seus respectivos registros profissionais.
Tese
- Rede Intersindical dos Jornalistas – texto
de recomendação
Autor: Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina
Assembléias esvaziadas, desinteresse
dos profissionais pelos trabalhos desenvolvidos pelos sindicatos, descrédito
nas soluções e na luta coletiva, desemprego, subemprego e retirada dos
direitos trabalhistas. As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, principalmente
a partir da década de 80, afetaram e muito o movimento sindical brasileiro. Para enfrentar essas dificuldades e
recuperar a participação ativa dos jornalistas na defesa de seus próprios
interesses trabalhistas, sociais e econômicos, é necessário, entre outras
coisas, fazê-los ver que seus problemas são comuns a todos os profissionais
brasileiros. Somos profissionais da comunicação
e vivemos na era da informação. Deveríamos estar aproveitando melhor
as possibilidades que hoje existem para produção e circulação de informações,
fazendo com que isso fortaleça a luta da FENAJ e dos sindicatos. Uma
rede que permita a circulação das informações regionais para todo o
País pode ajudar a quebrar o isolamento de cada sindicato. Temos clareza de que não será apenas
a criação desta rede que irá trazer os profissionais para a luta. Mas
ela pode vir a se constituir em um importante instrumento para sensibilizá-los
para a coletividade dos problemas. Pois se os problemas são comuns,
também as respostas precisam vir através de lutas coletivas. Além disso,
ter o conhecimento do que se passa em outras partes do País pode socializar
também a criatividade que cada um aplica nas soluções particulares,
estimulando a criação de novas saídas regionalizadas. Levar informações aos jornalistas que
atuam por este Brasil só irá contribuir para o trabalho dos sindicatos
e da Federação. Ao conhecer os percalços e os momentos de glória da
luta sindical, o profissional terá mais elementos para ser crítico em
relação às empresas e a dirigentes ineficientes ou mal-intencionados,
poderá entender melhor como funciona a luta pelos direitos trabalhistas,
e com isso se incorporar ao movimento sindical. Essa troca de informações é especialmente
importante para dirigentes, diretores de base e jornalistas que têm
participação ativa nas atividades do movimento sindical. Desta forma,
eles estarão melhor informados sobre o que acontece nos outros sindicatos
e conhecerão melhor as formas encontradas pelos demais sindicatos para
vencer as dificuldades.
1.
Problemas
A falta de uma ligação mais efetiva
entre os diversos sindicatos que compõe a FENAJ faz com que dirigentes
não vislumbrem soluções ou oportunidades. É comum receber notícias de
outras partes do País com dias - às vezes meses - de atraso. Mas também
é muito comum não receber notícia alguma sobre diversas entidades. A ausência de assessores de imprensa na maioria dos sindicatos
ajuda a explicar esse silêncio. Mas onde problemas financeiros impedem
a contratação de um profissional, a própria diretoria deveria tomar
a frente do envio de notícias para a Federação e para os demais sindicatos. Porque essa falta de informações faz
com que estejamos nos pautando, em assuntos de nosso próprio interesse,
por veículos externos à rede sindical vinculada à FENAJ. Notícias sobre todas as negociações
salariais, os problemas encontrados, os índices oferecidos ou negociados,
sempre são importantes. Mas precisam:
·
Chegar aos dirigentes
de todos os estados;
·
Chegar em "tempo
real", ou seja, com um pequeno intervalo entre a ocorrência do
fato e o dia em que ele chega aos outros sindicatos e à FENAJ.
As ferramentas anti-spam são outro
entrave à nossa comunicação por meio eletrônico. Geralmente gerenciadas
pelos provedores contratados pelos sindicatos, elas identificam os endereços
que enviam e-mails em massa - como os boletins disparados por diversos
sindicatos - e não aceitam mais e-mails disparados por estes endereços.
Desta forma é quebrado o contato entre sindicatos pela via eletrônica,
a mais econômica forma de comunicação utilizada atualmente. Em Santa
Catarina, ao constatarmos que os e-mails enviados para alguns sindicatos
retornavam, disparamos algumas mensagens solicitando que nossos e-mails
fossem aceitos. Mas sequer recebemos resposta às nossas solicitações,
provavelmente pelo fato de esse ser um problema geralmente desconhecido,
ou talvez porque ainda não existe um espírito de rede, de integração,
que torne esse problema algo importante de ser sanado.
2.
Experiências positivas
No início de maio a Contag (Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) decidiu construir uma rede
de comunicação para o movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras
rurais. Esta foi uma das principais decisões tomadas durante o Seminário
Nacional de Comunicação da Contag, que aprovou a criação de um Coletivo
Nacional de Comunicação. O papel do conselho será o de discutir e implementar
uma política unificada de comunicação para o movimento sindical no campo. A CUT/SC também decidiu por caminho
semelhante, durante o Seminário Estadual de Comunicação realizado no
início de junho. A rede, baseada principalmente na internet, terá como
objetivo alimentar dirigentes com informações e evitar a repetição de
trabalho dos assessores. Permitirá também - esta pelo menos é a idéia
- alimentar rádios, TVs e jornais comunitários e alternativos com informações
do movimento sindical. Um site atualizado diariamente foi considerado
o principal instrumento para a formação da rede, pois pode ser acessado
de qualquer parte do planeta por qualquer pessoa. Dentro do movimento sindical dos jornalistas,
algumas experiências de trabalho já foram realizadas. Uma delas, o boletim
eletrônico que a FENAJ edita para a campanha em defesa da regulamentação
profissional, trouxe uma série de idéias e mostrou diversos problemas
a ser enfrentados para a formação desse rede entre os sindicatos de
jornalistas. Ele mostrou, por exemplo, que é uma tarefa árdua obter
informações dos sindicatos, mesmo daqueles que contam com assessoria
de imprensa. Não temos a cultura de rede, a cultura de divulgar nossas
ações nacionalmente, para todos os jornalistas e para todos os sindicatos.
O envio descentralizado do boletim mostrou o quanto ainda somos desarticulados:
quando um jornalista pedia para não mais receber o boletim, como descobrir
qual sindicato deveria ser acionado para retirar a pessoa do cadastro?
Algumas vezes, quando ocorriam eventos regionalizados, recebíamos informações
sobre ele durante diversas semanas, às vezes durante meses, pois os
sindicatos não se preocupavam em enviar as notícias logo após o evento. A experiência de montagem deste boletim
nos explicitou a necessidade de formarmos uma rede de comunicação.
3.
O que são redes
Redes são sistemas organizacionais
capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma democrática e
participativa, em torno de objetivos e/ou temáticas comuns. Elas se
estabelecem por relações horizontais, interconexas e em dinâmicas que
supõem o trabalho colaborativo e participativo, e se sustentam pela
vontade e afinidade de seus integrantes. Além disso, redes são comunidades.
O que une os diferentes membros de uma rede é o conjunto de valores
e objetivos que eles estabelecem como comuns, interconectando ações
e projetos. A participação dos integrantes de uma
rede é o que a faz funcionar. Uma rede só existe quando em movimento.
O alicerce da rede é a vontade de seus integrantes. Só quando estão
ligados uns aos outros e interagindo é que indivíduos e organizações
mantêm uma rede. A colaboração entre os integrantes deve ser uma premissa
do trabalho. A participação deve ser colaborativa. Numa rede, a informação circula livremente,
emitida de diversos pontos, sendo encaminhada de maneira não linear
a muitos outros pontos, que por sua vez também serão emissores de informação.
O importante nesses fluxos é a realimentação do sistema. Cada ponto
da rede é um centro em potencial. Uma rede pode se desdobrar em múltiplos
segmentos autônomos, temporários ou permanentes, com objetivos específicos.
4.
A proposta
Para possibilitar que todos os sindicatos
de jornalistas do País saibam o que acontece fora de sua base, mas dentro
do movimento sindical dos jornalistas brasileiros, a constituição de
uma rede de informações estimulada pela FENAJ é fundamental. Para que ela exista efetivamente é
necessário que os assessores de imprensa e os diretores de comunicação
dos sindicatos regionais/estaduais enviem suas notícias periodicamente
para a FENAJ - que as publicará no site da Federação - ou publiquem
diretamente no site da FENAJ (via formulários em php, com senhas de
acesso). Essa última opção só deve será útil caso a FENAJ não possa
contratar um assessor de imprensa, pois caso isso seja feito será da
responsabilidade deste profissional a publicação dos materiais recebidos. Para estimular o acesso às informações,
a FENAJ deve enviar boletim eletrônicos aos sindicatos, periodicamente,
ressaltando os principais assuntos ou manchetes publicados. Podem ser
criados diferentes boletins, para públicos diversos (dirigentes da FENAJ,
dirigentes sindicais, assessores de imprensa, jornalistas, veículos
de comunicação, etc.). As periodicidades devem ser definidas de acordo
com cada público-alvo. O fundamental é que todo o material enviado tenha
formatação jornalística. Alavancar e manter essa rede dependerá
de três pontos:
·
A reformulação do site
da FENAJ, de forma a que ele traga esse conjunto de notícias de todas
as partes do País em destaque;
·
A contratação de um
assessor de imprensa que faça o trabalho de contato entre federação
e sindicatos e gere o material informativo da federação;
·
A indicação de um dirigente
da FENAJ que seja responsável pela comunicação.
O assessor de imprensa é o profissional
que estará, no dia-a-dia, responsável por manter a rede na internet
(cuidando do site, enviando boletins, estimulando o contato, entre outras
possíveis tarefas). O diretor de comunicação deverá ser
o responsável por efetuar, junto aos sindicatos, uma política de estímulo
e apoio à produção e distribuição de notícias regionais. Pois se as
notícias não forem enviadas, e em tempo hábil para a publicação sem
que fique desatualizada, a rede não irá funcionar. Os sindicatos precisam,
portanto, estar convencidos da importância da articulação e manutenção
desta rede de informações, assim como da importância em serem ágeis
na distribuição das informações. Isso é fundamental para a efetiva criação
e manutenção da rede, pois sabemos que muitos sindicatos hoje não possuem
assessores de imprensa. Politicamente, essa rede é importante
também porque o site da FENAJ - hoje um espaço com pouco poder de comunicação,
atualizado apenas esporadicamente e que não dá o devido destaque à produção
de notícias como a do boletim da campanha pelo diploma - pode se tornar
referência para quem quiser informações sobre as questões trabalhistas
dos jornalistas brasileiros. Hoje os sindicatos dependem apenas de seus
próprios jornais e sites, ou de veículos externos, como o Comunique-se
ou a Revista Imprensa, para falar dos seus problemas para os jornalistas.
Construir um espaço da FENAJ que aborde tais temas é, portanto, fundamental,
para podermos pautar a agenda de discussões do jornalismo brasileiro.
Tese
- Fortalecer a Apijor: uma tarefa da FENAJ e dos Sindicatos de Jornalistas
de todo o País – texto de recomendação
Autores:
·
Fred Ghedini, presidente
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e vice-presidente Sudeste
da FENAJ e Paulo Cannabrava Filho, presidente da Apijor.
Criada em 2000, a Apijor - Associação
Brasileira de Propriedade Intelectual dos Jornalistas vem se estruturando
lentamente em nível nacional. Até o momento, conta com poucos sindicatos
de jornalistas filiados. Como a questão do Direito Autoral é cada vez
mais importante para os profissionais brasileiros, e como a legislação
que garante aos jornalistas esse direito exige a formação de uma Associação
de caráter específico para a concretização da defesa desses interesses,
é fundamental que os Sindicatos de Jornalistas de todo o País e a própria
FENAJ apóiem mais efetivamente a construção dessa organização, que é
a nossa Apijor. Para conseguir esse compromisso dos
Sindicatos de Jornalistas propomos que, durante os debates deste XXXI
Congresso Nacional dos Jornalistas, no momento em que se colocará em
discussão esta tese, seja aberto um tempo para informar os colegas do
que tem sido feito e do que é necessário fazer para avançar mais rapidamente
no fortalecimento da Apijor.
Tese
- Criar uma interação entre as Comissões de Registro e Fiscalização
do Exercício Profissional dos Sindicatos em nível nacional é fortalecer
os embriões dos futuros Conselhos Regionais de Jornalismo
– texto de recomendação para a FENAJ
Autores:
·
Renato Yakabe e Fred
Ghedini, respectivamente da Comissão de Registro e presidente do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.
A CORFEP - Comissão de Registro e Fiscalização
do Exercício Profissional do Sindicato de Jornalistas de São Paulo,
propõe à FENAJ que a atividade inerente a essas Comissões seja incluída
na pauta de trabalho dessa Diretoria que assume em nova gestão. Esta solicitação se baseia na absoluta
falta de informações sobre o trabalho das Comissões em outros estados,
informações estas que poderiam auxiliar e padronizar várias atividades
em todo o País. A concentração de informações em um só local eliminaria
dúvidas, criaria procedimentos e subsidiaria Sindicatos com dificuldades
na organização de tais Comissões. Com a crescente demanda envolvendo
denúncias trabalhistas, registros precários, encaminhamentos jurídicos
e outras ações, e visando o prosseguimento da Campanha Contra a Precarização,
acreditamos ser de grande utilidade a criação de um canal de comunicação
entre as Comissões. Isto poderia ser feito por meio de um chat, por
um boletim eletrônico ou uma espécie de intranet dentro do site de FENAJ,
onde se possa alojar informações, enfim, criar um canal ágil de acesso
que possa servir como ferramenta para uso diário. Alguns levantamentos
a serem feitos e questões a serem debatidas:
·
Todo Sindicato filiado
à FENAJ tem Comissão de Registro e Fiscalização?
·
Quais os procedimentos
para a concessão de registros profissionais para os jornalistas de imagem
em cada Sindicato? E para o recém-formado?
·
Como está sendo o contato
entre as Comissões e as DRTs? Há conflitos?
·
Como são formadas as
Comissões nos sindicatos? Quais os critérios? Quantos integrantes?
·
Qual o procedimento
adotado em relação a pedidos de sindicalização e emissão de carteira
de identidade da FENAJ em relação aos "precários"?
·
Os membros das Comissões
têm clareza sobre a nossa regulamentação profissional?
·
Como são feitos os
pedidos de fiscalização em empresas com problemas?
·
Há regras para verificação
do andamento dos processos de fiscalização junto às DRTs?
Essas questões - e muitas outras -
poderão ser debatidas e esclarecidas se houver um canal de comunicação,
com ferramentas adequadas. Isto possibilitará a troca de experiências
e dificuldades, em um momento em que os sindicatos precisam estar atentos
e planejar ações conjuntas. Só assim poderemos enfrentar as variadas
formas de ataques contra a ética e a precarização da nossa profissão. É importante ressaltar, ainda, que
essas comissões devem ser vistas, em alguma medida, como embriões dos
futuros Conselhos Regionais e locais de Jornalismo, pois a elas cabe
realizar parte das atribuições que, esperamos num futuro breve, serão
delegadas ao Conselhos. Portanto, é urgente iniciar esse trabalho de
homogenização de procedimentos e do próprio conhecimento adquirido em
cada base sindical. Cabe, portanto, à próxima direção da
FENAJ, que assume neste XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas, criar
as condições para que essa interação se dê, apoiando-se nos Sindicatos
para auxiliá-la naquilo que for necessário ao desempenho dessa tarefa.
Mensagem
sobre jornalistas aposentados – texto recomendado
Autor:
·
Manoel Bezerra Junior,
observador e representante dos jornalistas aposentados de São Paulo
Falo como integrante e observador da
delegação paulista a este Congresso dos Profissionais da Imprensa. Pertenço à Diretoria da Associação
dos Jornalistas Profissionais Aposentados no Estado de São Paulo (AJAESP),
entidade que reúne numerosos jornalistas aposentados naquele estado
da federação. Um dos problemas que mais nos tem preocupado é o débito
do Instituto Nacional do Seguro Social para com 1,8 milhão de aposentados,
incluindo jornalistas. No dia 23 de julho último, o presidente
Luís Inácio Lula da Silva assinou medida provisória visando corrigir
as aposentadorias e pensões. Essa revisão poderá chegar a 39,67%, referindo-se
à não incorporação do índice de reajuste do salário mínimo no cálculo
dos benefícios durante o período de implantação do Plano Real. Quem
recorreu à Justiça terá que assinar um documento renunciando ao processo. Segundo o cronograma anunciado, o aposentado
de mais de 70 anos, já com ação judicial até R$ 2 mil de crédito vai
receber seu dinheirinho no ano que vem e em 12 parcelas mensais. O prazo
máximo para receber os atrasados é de oito anos, em 96 parcelas, para
os aposentados com menos de 60 anos. Esse documento pode ser firmado
até junho de 2005. Essa medida provisória está sendo contestada pelo
presidente da Confederação Brasileira de Aposentados (Cobap), que deixou
de comparecer à cerimônia de assinatura da medida provisória, que contou
com a presença da CUT e da CGT. João Resende, presidente da Cobap, disse:
“se eu for à Justiça, posso ganhar em um ano e meio o que tenho direito.
Então, por que devo esperar oito anos?” Esclareceu que enviaria ao presidente
Lula documento a respeito. Esclareceu, ainda, que a Cobap lutará no
Congresso Nacional para modificar essa medida provisória. A Cobap representa
mil associações e 23 mil federações de aposentados no País. Eis aqui uma questão importante que
merece a atenção dos aposentados, mas não só. Nossa expectativa, ao trazer esse assunto
à apreciação dos colegas jornalistas neste Congresso, é colocar para
a nova diretoria da FENAJ a necessidade de uma atuação que atenda os
interesses dos jornalistas aposentados de todo o País, nesta questão
específica que trazemos agora e em todas as demais que nos atingem.
Saúde
e Previdência
Tese
- Pela realização do I Encontro Nacional de Saúde do Jornalista
Autores:
·
Sueli de Freitas, ex-presidente
do Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo; José Augusto Guto Camargo,
diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São
Paulo, eleitos para o Departamento de Saúde da FENAJ.
Existem poucos estudos específicos
sobre a saúde dos trabalhadores do setor de comunicação. Um deles, de
julho de 1990 (Doenças profissionais em comunicação social) de autoria
de Sílvio Júlio Nassar, da UERJ, afirma: “Doenças do estômago, coração, alcoolismo
e drogas, problemas de coluna e esgotamento são as doenças mais freqüentes.
Na mostra colhida em dois anos, o câncer e o infarto foram as doenças
que mais causaram a morte. Em 55 casos analisados, foram 10 mortes por
câncer e 25 do coração. Cinco por acidente, quatro de problemas de cérebro,
quatro de pulmão, dois tiveram septicemia, dois foram mortos, dois se
mataram e um não anunciada a causa da morte.” Outro estudo mais recente, Mudanças
no mundo do trabalho e impactos na qualidade de vida do jornalista,
de autoria de José Roberto Heloni (Fundação Getúlio Vargas - SP) apresenta
indicativos não muito diferentes e conclui: “As organizações, pressionadas pelo
processo de globalização, substituem cada vez mais o homem pela máquina,
implementam novas tecnologias e obrigam o jornalista a adaptar-se freneticamente
a elas. Assim sendo, o seu corpo, que é o seu instrumento de trabalho,
se “ressente” e a sua mente se “surpreende” como se pode inferir através
da observação dos consideráveis níveis de estresse.” Na cidade de São Paulo, pesquisa realizada
pelo jornalista José Augusto Camargo (Guto) junto ao Programa de Aperfeiçoamento
da Informação de Mortalidade (Pro-Aim) confirma estes dados ao apontar
como maior causa identificada de óbitos entre os jornalistas as doenças
isquêmicas do coração (infarto) com 64 mortes entre os anos de 1996
e 2003, seguida pelos diversos tipos de cânceres, com 62 ocorrências. Mesmo sem qualquer metodologia científica,
os jornalistas podem observar na prática que o ambiente das redações
é altamente estressante e as conseqüências desta situação são sentidos
no cotidiano; hipertensão, doenças do coração, sofrimento mental, distúrbios
no sono e no apetite, entre outros vários males. Vários profissionais
também relacionam o uso de álcool e drogas a uma forma de reação psicológica
a este ambiente opressivo. A prática e a observação do dia-a-dia
nas redações apontam como os maiores agravos à saúde dos jornalistas,
causados pelo exercício profissional, as Lesões por Esforços Repetitivos
- LER (também chamadas de Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho
- DORT). Este problema tem causado afastamento do trabalho, e mesmo
aposentadorias precoces, em praticamente todas as redações do Brasil. Outra questão que atualmente vem chamando
a atenção dos jornalistas, e que a maioria não relaciona com o trabalho,
são os agravos e óbitos ocorridos por decorrência de fatores externos,
ou seja, a violência que vitimou dezenas de profissionais nos últimos
anos. A parte as situações típicas da violência urbana, a qual toda
a população está sujeita, tais como assaltos, seqüestros etc. Casos
como o assassinato do repórter Tim Lopes, quando apurava uma matéria
nos morros do Rio, ou do repórter fotográfico La Costa, morto durante
a cobertura de uma invasão de terras em São Paulo, são na verdade mortes
por acidentes de trabalho. Estes acontecimentos, e dezenas de
outras agressões, ameaças e ferimentos resultante da cobertura de conflitos
ou em decorrência de matéria publicadas, são resultado das condições
de trabalho nas quais o profissional está inserido, portanto, não são
apenas resultados de situações sociais injustas que degeneram em violência.
Estes riscos são conhecidos, tanto pelas autoridades como pelas empresas
que submetem seus trabalhadores a estas condições, sem o devido preparo,
equipamento ou apoio externo. Do que foi brevemente exposto, sem
prejuízo das ações mais gerais como a busca da qualidade no atendimento
público, a superação da alta concentração de renda que fomenta a violência,
nas quais todos os trabalhadores e sindicatos devem se envolver, a luta
pela qualidade de vida e pela saúde do jornalista passa prioritariamente
pela sua condição de trabalho. Em razão deste contexto, e para cumprir
seu objetivo, o Departamento de Saúde e Previdência da FENAJ deve se
voltar, prioritariamente, para as relações e condições de trabalho a
que estão sujeito os jornalistas. Os Sindicatos, suas representações
nos locais de trabalho, diretores e jornalistas que atuam na área da
saúde são os atores mais indicados para promoverem estas mudanças, pois
a FENAJ institucionalmente, não pode se responsabilizar pelo trabalho
em cada redação do País. Neste contexto, a FENAJ deve ser a
instância de proposição, incentivo e acompanhamento da aplicação de
políticas comuns aos Sindicatos, em uma grande articulação nacional
visando superar as condições que agravam e comprometem a saúde dos jornalistas. Para dar início a este processo de
articulação entre os Sindicatos, a FENAJ deve realizar, em março de
2005, em São Paulo, o I Encontro Nacional de Saúde do Jornalista, com
o objetivo informar os representantes sindicais sobre a constituição
legal do setor de saúde do trabalhador, as particularidades da atuação
sindical na área e organizar uma agenda de atividades para o ano. Com esta medida simples, a FENAJ pode
dar início a um importante trabalho sobre a saúde do jornalista, uma
área ainda pouco desenvolvida em nossos sindicatos.
Tese
- A Previdência Complementar dos Jornalistas Brasileiros
– texto recomendado
Autores:
·
Fred Ghedini e Nelson
Sato, respectivamente - respectivamente presidente e assessor técnico
do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.
APÓS O I SEMINÁRIO SOBRE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR PARA JORNALISTAS, DEVEMOS AVANÇAR NA FORMULAÇÃO DE UMA
PROPOSTA QUE CONTEMPLE OS INTERESSES DA CATEGORIA NESSA ÁREA O Sindicato dos Jornalistas Profissionais
no Estado de São Paulo vem discutindo previdência complementar há algum
tempo. No ano passado a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil
S/A estiveram em nosso Sindicato para expor os seus produtos de previdência
aberta. Por uma série de fatores, não houve continuidade nas conversas
com as duas instituições, mesmo porque, o Governo Federal já mostrava
sinais de que haveria novidades no setor: a possibilidade de os sindicatos
poderem ter a sua previdência complementar. Na reunião do Conselho de Representantes
da FENAJ, realizada nos dias 27 e 28 de março, no Rio de Janeiro, os
Sindicatos de jornalistas de Minas Gerais, do Município do Rio de Janeiro
e de São Paulo, e a FENAJ, resolveram realizar o I Seminário sobre Previdência
Complementar para Jornalistas. O evento ocorreria no Sindicato de São
Paulo, e este se encarregaria, também, da parte operacional da seminário.
Foi elaborada e enviada a carta-convite a todos os sindicatos do País,
contendo a programação do Seminário programado e realizado em tempo
recorde: 23 de abril de 2004, com o prazo de organização inferior a
um mês. O Departamento Comercial do Sindicato
de São Paulo convidou várias instituições para participarem do Seminário.
A condição para expor os seus produtos era o pagamento de R$ 2.500,00
ao Sindicato. O objetivo da cobrança deste valor seria o de custear
as despesas do seminário e passagens dos representantes dos Sindicatos
que viessem participar do evento. Foram convidados: Banco Alfa, Bradesco,
Itaú / AGF, Banco do Brasil, FUNCEF (Funcionários da CEF), Icatu-Hart
Ford, Mercer Previdência Privada, Human Resort Consult, Petros (Funcionários
da Petrobras), Porto Seguro, Unibanco etc. De todos os convidados estiveram
presentes a PETROS e a FUNCEF. Os demais convidados declinaram do convite.
Estiveram presentes representantes
dos Sindicatos do Ceará, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina e São
Paulo. Na parte da manhã, representantes dos
dois fundos apresentaram seus produtos, em clima bastante amistoso,
tendo inclusive as equipes como ouvintes da exposição da concorrente.
A primeira empresa a apresentar o produto
foi a Petros. Apontou as vantagens políticas para o Sindicato e a FENAJ
e aos jornalistas, estes com incentivos fiscais (dedução no Imposto
de Renda), além da complementação da aposentadoria propriamente dita.
Em seguida apresentou seu produto, ressaltando características como
solidez, expediência e segurança que trariam a uma Aposentadoria Complementar
dos Jornalistas a administração feita pelo pessoal que tem uma experiência
como a da Petros. Lembrou que a Petros administra o segundo maior fundo
de pensão do País, com cobertura de 270 mil pessoas, patrimônio de R$
21 bilhões e 33 anos de compromissos pagos pontualmente. Destacou dois
pontos importantes: a) representantes dos sindicatos no Comitê Gestor,
e b) toda rentabilidade revertida para os associados, ao contrário dos
planos abertos, no qual parte da rentabilidade retorna à empresa e não
aos associados. Além da previdência, há também, a possibilidade de empréstimo
pessoal, empréstimo imobiliário (em implantação). A modalidade do plano fica a cargo
de cada interessado conforme os objetivos individuais. Se quer receber
renda vitalícia, saque único ao final do período, percentual do montante
aplicado etc. A FUNCEF apresentou o seu produto em
seguida. Como a equipe da Petros já havia discorrido como funcionam
os fundos de pensão e a diferença com os planos abertos, os técnicos
passaram diretamente ao produto. Mostraram as várias modalidades de
benefícios que os participantes podem escolher e as vantagens e desvantagens
de cada uma delas. Enfatizaram a segurança, as vantagens aos associados,
outros benefícios (pecúlio, aposentadoria por invalidez, pensão ao cônjuge,
pensão por prazo certo), os tipos de fundos existentes (aos conservadores,
aos perfis moderados e aos mais arrojados) e, da mesma forma que haviam
feito os apresentadores da Petros, ressaltaram o baixo percentual da
taxa de administração. Após a apresentação dos dois fundos,
abriu-se a palavra para perguntas e esclarecimentos. Na parte da tarde ocorreu a reunião
dos diretores dos sindicatos presentes para discutir os encaminhamentos
sobre o seminário. Durante os debates, surgiram várias dúvidas que não
puderam ser respondidas pelos representantes dos Sindicatos. Por unanimidade,
ficou então estabelecido que o Sindicato de São Paulo enviaria um ofício
aos dois fundos com as perguntas a serem respondidas pelas empresas.
E que as respostas fossem atendidas dentro da própria minuta da proposta
a ser remetido aos sindicatos. As dúvidas levantadas na reunião:
·
Estudantes de curso
de jornalismo podem se inscrever no Plano?
·
Quem seria o instituidor?
A FENAJ apenas, ou os Sindicatos individualmente, ou ainda, a FENAJ
em conjunto com os Sindicatos?
·
Somente os sindicalizados
podem se inscrever no plano, ou este seria aberto a todos os jornalistas?
·
Haveria a possibilidade
de diferenciação entre sindicalizados e não sindicalizados?
·
Haveria vantagens financeira
ou de outra ordem para o instituidor?
Além dos benefícios já apontados na
"Minuta de Plano de Instituidor", haveria possibilidade de
instituir outros benefícios como:
·
Empréstimos pessoais,
·
Empréstimos para casa
própria,
·
Seguro para eqüalização
de renda ("seguro desemprego" por determinado período)?
·
Quais as regras para
resgate antecipado?
·
Quais as carências
para saque antecipado e suspensão de pagamento da mensalidade?
·
Existe alguma vantagem
para a empresa empregadora do jornalista, em caso de a previdência complementar
constar em Convenção Coletiva?
Após a realização do Seminário e devido
as eleições para a FENAJ, entre outros problemas, não tivemos condições
de voltar ao tema novamente, em São Paulo. Por isso, somente no final
de julho enviamos as cartas com as perguntas acima às administradoras
de fundos de aposentadoria complementar. Mas, em vez de fazermos isso
apenas para a Petros e para FUNCEF, enviamos também para o Banco do
Brasil, Itaú, Banco Alfa e Icatu. Afinal, nunca é demais reunir informações. A partir das respostas, nossa proposta
é que o tema seja tratado pelo Departamento específico da FENAJ, que
pode instituir uma Comissão integrada por representantes de alguns Sindicatos,
de tal forma que, no mais curto prazo possível, tenhamos condições de
apresentar, para a categoria, nacionalmente, algumas propostas que venham
a ser escolhidas por ela, em uma consulta direta.
Mercado
de Trabalho
Tese
- Comunicação Pública. Assessorias ou veículos?
– aprovada com destaques e deverá ser apreciada pela assessoria jurídica
da FENAJ
Autor:
·
Vitor Ribeiro, diretor
de base do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
As assessorias de imprensa de órgãos
públicos têm sofrido grandes transformações nos últimos anos, tanto
na esfera municipal, como estadual e federal. As assessorias antes limitadas
a produzir releases, agendar entrevistas e coletivas, agora possuem
seus próprios veículos de comunicação. São sites dinâmicos, canais de
TVs legislativas, rádios municipais/educativas, diários oficiais e outras
publicações ou veículos. Apesar da modernização destas assessorias,
o mesmo não tem acontecido com a situação profissional dos jornalistas
que nela atuam, tanto em funções de jornalistas de texto quanto de jornalistas
repórteres-fotográficos e repórteres-cinematográficos. Muitos têm jornada
de trabalho de cerca de oito horas; não são contratados como jornalistas
e recebem salários aviltantes - abaixo do piso. Devido à atual situação do País, o
setor público é um importante empregador para os jornalistas brasileiros.
Porém, um setor onde o desrespeito para com a profissão é crescente.
Ora são “estagiários” que tocam os serviços, ora são "voluntários".
TVs legislativas são tocadas por falsos estagiários (na verdade, estudantes
que, de forma precária e ilegal, substituem a mão-de-obra dos profissionais).
Rádios municipais/educativas são colocadas no ar por estudantes/voluntários.
O setor público virou um dos maiores transgressores da lei quando o
assunto é o jornalista no setor público. Os casos são vários e vão desde
desvios de função; gente apadrinhada e não habilitada exercendo a profissão
em desrespeito total aos direitos duramente conquistados (jornada de
trabalho, piso profissional etc.).
1. Proposta
·
A FENAJ e os Sindicatos
devem abrir imediatamente negociações com o setor público para por fim
às aberrações existentes;
·
A FENAJ e os sindicatos
devem exigir o respeito à legislação profissional nos serviços públicos
federal, estaduais e municipais, além de cobrar e lutar para que esse
respeito reflita na efetiva criação e implantação da carreira de jornalista.
Uma ação preventiva contra os desrespeitos à legislação dos concursos
públicos deve ser adotada pelos sindicatos, que deverão entrar na Justiça
contra os concursos cujos os editais tratam da jornada de trabalho acima
de 5 horas e nomenclatura de função incompatível com a legislação profissional.
O jornalista que trabalha no setor
público é, antes de tudo, um profissional que precisa ter seus direitos
respeitados!
2. Observação A Comissão Aberta de Jornalistas de
Assessoria de Comunicação de São Paulo já está elaborando um texto para
que sirva de anteprojeto de Lei para essa questão.
Tese
- Quatro bandeiras de luta que exigem a imediata mobilização dos jornalistas:
Autor:
·
Fred Ghedini, presidente
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e vice-presidente Sudeste
da FENAJ
Os jornalistas reunidos em seu XXXI
Congresso Nacional apontam a prioridade das seguintes bandeiras de luta:
·
A Defesa da Regulamentação
Profissional;
·
A Defesa do Mercado
de Trabalho dos Jornalistas - Contra a precarização das relações trabalhistas;
·
A luta pela aprovação,
no Congresso Nacional, da Lei que institui o Conselho Federal e os Conselhos
Regionais de Jornalismo;
·
Democratização da comunicação.
Como contribuição a esse debate, trago
aos colegas delegados as seguintes propostas:
·
Que seja reativado
e reforçado imediatamente o Comitê Nacional de luta pela garantia da
nossa regulamentação profissional (a exigência da formação em graduação
específica em jornalismo ou em comunicação-habilitação jornalismo).
Esse Comitê deve ficar sob a coordenação do Departamento de Relações
Institucionais da FENAJ, com o acompanhamento permanente de um membro
da Executiva especialmente destacado para essa finalidade. Todos os
Sindicatos devem indicar um representante neste Comitê, sendo que um
Sindicato deve se oferecer para funcionar como sede dessa Campanha Permanente
da FENAJ;
·
A Campanha contra a
Precarização das Relações de Trabalho, cuja Cartilha já foi elaborada
pelo Sindicato de São Paulo, deve ser lançada em todos os Sindicatos.
Para isso, a direção da FENAJ deve elaborar um calendário nacional,
em comum acordo com as direções dos Sindicatos. Essa Campanha deve ficar
sob a coordenação do Departamento de Mobilização, Negociação Salarial
e Direito Autoral e contar com o acompanhamento permanente de um membro
da Executiva da FENAJ. Como elemento importante para o avanço dessa
Campanha, a FENAJ deve realizar um seminário nacional em 2005, para
avaliação do desempenho e planejamento do prosseguimento da luta contra
a precarização;
·
Para apressar o andamento
desse projeto, os jornalistas brasileiros precisam organizar-se nacionalmente,
acompanhando a posição dos parlamentares em cada Estado e passando esse
posicionamento a um Comando Central dessa luta que deve ter, em sua
coordenação, um grupo de diretores da FENAJ, com um responsável na Executiva.
Cada sindicato deve organizar imediatamente seus comitês de luta pelos
conselhos.
Tese
- Por uma tabela de preços de referência para o trabalho jornalístico,
de abrangência nacional
Autores:
·
Fred Ghedini, presidente
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e vice-presidente Sudeste
da FENAJ e Rubens Chiri, presidente da Arfoc-SP.
Ao definir os novos valores da Tabela
de Preços de Referência para o Trabalho Jornalístico, em junho de 2004,
o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, a
Associação Brasileira de Propriedade Intelectual do Jornalista, a Associação
dos Cartunistas do Brasil e a Associação dos Repórteres Fotográficos
e Cinematográficos de São Paulo decidiram, na mesma assembléia, propor
aos delegados do XXXI Congresso Nacional de Jornalistas que se estudasse
a criação de uma Tabela de Preços de Referência de abrangência nacional. Ao trazermos essa proposta ao Congresso,
trazemos o problema mais não a solução. Algumas questões têm que ser
respondidas para a elaboração dessa tabela. Em primeiro lugar, sua conveniência
tem que ser melhor debatida. Para nós, que trouxemos a proposta, parece
ser algo salutar que, em qualquer ponto do País, possamos saber a referência
para o pagamento mínimo a cada trabalho jornalístico. Mesmo considerando que há uma longa
luta a ser travada pelos jornalistas, em todo o País, para que os valores
constantes numa tabela de preços de referência sejam levados em conta,
é importante lembrar que em muitos contratos a tabela sempre é tida
como referência. A implantação do uso da Tabela tem que começar por
um trabalho de esclarecimento junto aos editores e clientes que contratam
as obras jornalísticas, ou os serviços de assessoria de imprensa. Para esclarecimento dos delegados,
trouxemos alguns exemplares impressos da tabela. Mas, ela pode também
ser consultada, em sua integralidade, em www.sjsp.org.br e www.arfoc-sp.org.br.
Como está lá escrito, em sua introdução, os preços que dela constam
são tidos como “o mínimo para que o jornalista possa viver dignamente
de seu trabalho”, e que esses preços são voltados para um trabalho básico.
Ainda esclarece-se que, para trabalhos mais complexos, que exigem profissionais
com maior experiência ou ainda que são contratados em maior volume,
devem ser estabelecidas negociações entre o jornalista e seu cliente. De qualquer forma, como argumento importante
favorável à existência da Tabela, é importante dizer que o Judiciário
tem utilizado o que está lá estabelecido para arbitrar valores em ações
de jornalistas contra pessoas ou empresas que contratam suas obras ou
trabalhos e não pagam. Não se chegou a uma resposta para a
pergunta se os preços de referência deveriam ser iguais em todo o País,
ou se, ao contrário, deveriam obedecer a algum critério de regionalidade. Que a FENAJ inicie as consultas para
a constituição dessa tabela.
Formação
e Educação
Tese
- Tese Sobre a Formação
Autor:
·
Diretoria da FENAJ
- Departamento de Educação
A qualidade do ensino de jornalismo,
a formação superior específica como requisito para o exercício da profissão
e a permanente atualização são bases para o fortalecimento da identidade
e organização dos jornalistas e a prática de um jornalismo cumpridor
de sua função social. Um jornalismo que atenda ao interesse público
da sociedade, ao direito à informação ética, democrática e qualificada
como também à liberdade de expressão. Por isso, a FENAJ, os Sindicatos dos
Jornalistas em todo o País e a categoria organizada em torno destas
e de outras entidades e segmentos do campo da comunicação vêm, desde
o último Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em Manaus, em
2002, fortalecendo e ampliando as ações e formulações no sentido não
só de garantir como também de aprimorar a qualificação da formação e
da atualização profissional em jornalismo. Ressaltamos que estamos fortalecendo
e ampliando porque a qualidade da formação do jornalista, que tem como
um dos seus principais pilares a graduação em curso específico de nível
superior, é , historicamente, uma das grandes preocupações e aspirações
da nossa categoria. Em conseqüência, a FENAJ e os Sindicatos há muito
empreendem este trabalho pela qualificação através das mais diversas
iniciativas e formulações. E neste já longo tempo de batalha,
que iniciou nas primeiras décadas do século passado, acumulamos conquistas,
mas também sofremos ataques a nossa organização profissional, como o
que vem sendo praticado contra a exigência do diploma. Mas mesmo em
períodos em que contabilizamos apenas conquistas, a categoria não deixou
de se preocupar com a qualidade da formação. E em momentos de ataques,
o que se evidenciou foi mobilização e reação firme, além de formulações
e ações que buscam o avanço, como é o caso, agora, da nossa batalha
pela criação do Conselho Federal de Jornalismo. Para a FENAJ, trata-se de demonstração
inequívoca de que toda esta nossa luta envolvendo a qualidade da formação
não tem um sentido exclusivamente corporativista. Ela vai muito além,
buscando a construção e manutenção da identidade, organização e regulamentação
profissional e, por conseqüência, a própria qualificação do jornalismo
praticado no País. Além disso, ressaltamos que a busca
da qualidade da formação é um processo que não pode nem deve ser responsabilidade
de apenas um segmento da área do jornalismo e do campo da comunicação.
Com esta compreensão, a FENAJ e os Sindicatos vêm travando, sim, uma
grande e intensa batalha, mas sempre fazendo questão de atuar em parcerias,
neste caso principalmente com os segmentos e/ou entidades mais diretamente
ligados à formação, entre os quais citamos o Fórum Nacional dos Professores
de Jornalismo, a Enecos, a Sociedade Brasileira dos Pesquisadores em
Jornalismo. E entre as diversas ações e formulações
que temos desenvolvido em relação à formação, relembramos aqui apenas
algumas que são base e adquirem função permanente para a nossa atuação
nesta área:
·
Implantação e discussão
do Programa Nacional de Estímulo à Qualidade do Ensino de Jornalismo
em todo o País, através de seminários, palestras e debates em universidades
e Sindicatos, painéis em encontros ( aqui abrimos parênteses para lembrar
que a nossa é a primeira categoria profissional a elaborar e a trabalhar
a questão com um programa deste porte);
·
Batalha contra os Cursos
Seqüenciais ou outros de curta duração, através de uma fiscalização
e pressão constante junto ao MEC para que seja cumprida a portaria que
proibiu a abertura destes cursos para jornalismo e demais profissões
regulamentadas (aliás, também é de se recordar que esta portaria foi
obtida em 2000, já por pressão da FENAJ e outras entidades de profissões
regulamentadas);
·
Envolvimento com a
questão da avaliação, através de criação de espaços de debate e da participação
da batalha contra o agora extinto provão. Apoiamos a Enecos em seu movimento
para derrubar o provão, entendendo que a avaliação é um processo que
deve ser contínuo e permanente. Por isso, sempre colocando para todas
as entidades e segmentos do campo, além de pressão junto ao MEC, a alternativa
de as Comissões de Gestão e Avaliação propostas pelo Programa de Qualidade
do Ensino da FENAJ substituírem o provão. Hoje, continuamos reivindicando
que o nosso Programa cada vez mais seja base para a constituição destas
avaliações;
·
Constante debate e
interlocução com o MEC e com professores avaliadores do Ministério,
o que tem feito com que as avaliações das condições e para reconhecimentos
de cursos de jornalismo tenham muitos dos critérios defendidos pelo
nosso Programa de Qualidade de Ensino;
·
Por conta não apenas
da pressão que a FENAJ vem exercendo, mas de várias outras categorias
e segmentos preocupados com a formação superior, obteve-se, no último
mês de maio, a proibição pelo MEC de abertura indiscriminada de novos
cursos ( em TODAS as áreas ) por um prazo de 180 dias. Esta proibição,
que se encerra neste mês de agosto, atinge justamente os chamados cursos
caça-níqueis;
·
Participação, como
convidada, dos colóquios promovidos pelo MEC para o debate sobre A Reforma
Universitária. Nestes, a FENAJ colocou preocupações relativas à mercantilização
do ensino. Defendeu a universalização do acesso à universidade, mais
investimentos nas universidades públicas, valorização dos professores
e funcionários, uma universidade que desenvolva estudos, pesquisas e
projetos que colaborem para a diminuição dos problemas sociais do País,
um modelo de ensino associado à realidade brasileira e a abertura dos
espaços físicos das universidades para a sociedade. Além disso, tratamos
das questões específicas do ensino do jornalismo como a proliferação
indiscriminada de cursos na nossa área, o estágio e a avaliação das
condições de funcionamento e da qualidade dos cursos e/ou habilitações
em jornalismo.
E como entendemos que a formação não
se limita à diplomação no curso de graduação específica, a FENAJ, juntamente
com os Sindicatos, também vem trabalhando:
·
Na implantação dos
projetos piloto de estágio acadêmico ( já em desenvolvimento ou em estudos
nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia,
Rio Grande do Sul, entre outros );
·
Na implantação da Cátedra
FENAJ de Jornalismo para a Cidadania ( já desenvolvida pela UFSC, pela
UFAL e em processo de criação em algumas outras universidades do País
);
·
No desenvolvimento
da Escola do Jornalista - programa de atualização profissional da FENAJ
que tem servido de base para que diversos Sindicatos anualmente promovam
uma série de cursos de reciclagem ou criem Escolas Estaduais do Jornalista.
Em relação ao estágio em jornalismo,
lembramos que, por lei, continua proibido, desde que caracterizado como
exploração de mão de obra barata. A FENAJ vem incentivando, promovendo
e coordenando o desenvolvimento de projetos pilotos de estágio acadêmico,
dentro do processo de implantação do Programa Nacional de Estímulo à
Qualidade da Formação Profissional dos Jornalistas. E ao fazer isso,
cumpre deliberação do Congresso Nacional de 2000, em Salvador, Bahia,
onde os jornalistas fizeram questão de aprovar a implantação de estágios
desde que sejam acadêmicos e que realmente contribuam e resultem em
melhoria na formação do jornalista. Para tanto, no entendimento da FENAJ,
devem se desenvolver sob a supervisão das Comissões de Gestão de Qualidade
de Ensino. Em algumas universidades que já trabalham em parceria com
os Sindicatos, vem sendo criada, inclusive, a função de coordenador
de estágio, para um mais atento e profundo acompanhamento dos programas
piloto. Assim, constituindo-se como uma prática
didático-pedagógica do ensino de jornalismo e sendo realmente “acadêmico”,
o estágio passa a ser uma ação também essencial à qualificação da nossa
formação profissional. Nestes tempos em que enfrentamos os ataques a
nossa regulamentação profissional, através do fim da obrigatoriedade
de formação superior para o exercício do jornalismo, o estágio, com
a concepção e nos moldes que está sendo estimulado pela FENAJ, destaca-se
como mais uma ferramenta a explicitar a importância do ensino superior
para a profissão do jornalista.
1. Propostas Com base nesta análise, a Diretoria
da FENAJ, por meio de seu Departamento de Educação, defende que a categoria,
através da Federação e dos Sindicatos, continue apresentando-se e se
constituindo enquanto um referencial para a formulação e o desenvolvimento
da formação qualificada em jornalismo, principalmente recorrendo a um
constante aprimoramento e aplicação do Programa de Estímulo à Qualidade
do Ensino de Jornalismo. Para tanto, no âmbito geral da qualificação
da formação profissional e do ensino superior no País, a diretoria propõe:
·
Que todos os Sindicatos
de Jornalistas, sob a orientação da FENAJ, promovam a imediata conclusão
da constituição das comissões de gestão da qualidade do ensino nacional,
regionais e por escola, conforme estabelece o Programa;
·
Que estas comissões,
integradas pela categoria ( através dos Sindicatos e FENAJ), pelos professores,
universidades, estudantes e empresariado da comunicação, entre outras
atribuições, coordenem iniciativas de avaliação e fiscalização sistemática
da qualidade do ensino em cada escola;
·
Que a FENAJ busque
estabelecer mais uma parceria com o Fórum Nacional dos Professores de
Jornalismo, para formular um plano específico destinado a intensificar
as ações das duas entidades em defesa de diretrizes curriculares e projetos
pedagógicos baseados no Programa Nacional de Estímulo à Qualidade da
Formação em Jornalismo;
·
Que a FENAJ inclua
na sua defesa de diretrizes curriculares e projetos pedagógicos o “Direito
Autoral” como tema a fazer parte dos programas da disciplina de Legislação.
Que a FENAJ envie orientação aos cursos de jornalismo, comissões de
qualidade de ensino e Fórum de Professores sobre a importância de incluir
o tema “Direito Autoral” nos currículos;
·
Que a FENAJ e os Sindicatos
intensifiquem suas ações contra os cursos seqüenciais de jornalismo
e outras iniciativas que insistirem em substituir a graduação em curso
superior específico como meio de obtenção do registro profissional.
Neste momento, além da continuidade da fiscalização em relação aos seqüenciais,
que a FENAJ e os Sindicatos promovam um levantamento, em cada estado,
da existência dos cursos de formação de tecnólogos ou de extensão, para
fiscalizá-los no sentido de evitar que prometam e/ou emitam diplomas
em jornalismo;
·
Que a FENAJ e os Sindicatos
exijam do MEC o imediato início de uma reavaliação nacional das condições
de funcionamento de TODOS os cursos e habilitações de jornalismo do
País (em funcionamento ou em implantação). Que esta reavaliação se realize
durante um período máximo de seis meses. Que enquanto este trabalho
estiver sendo realizado não se permita a abertura de qualquer novo curso
e/ou habilitação. E que em cada estado, sob a orientação da FENAJ, os
Sindicatos possam acompanhar, com um representante, esta reavaliação;
·
Que, ao mesmo tempo,
a FENAJ reivindique e pressione o MEC, lutando em todos os espaços,
pela implantação de cursos de jornalismo em universidades públicas de
regiões, estados ou municípios onde ainda não existam assim como de
cursos de pós-graduação em jornalismo também em instituições públicas;
·
Que a FENAJ intensifique
a luta por um espaço permanente nas comissões e conselhos do MEC que
tratem das questões do ensino de jornalismo;
·
Que a FENAJ intensifique
participação em todos os fóruns e instâncias possíveis para a discussão
da Reforma Universitária. Continue participando ativamente dos debates
e especialmente dos colóquios convocados pelo MEC para a discussão da
Reforma Universitária;
·
Que a FENAJ solicite
aos Sindicatos que se integrem efetivamente a estes debates e passem
a enviar relatórios com sugestões e análises dos resultados destas discussões
a nível regional;
·
Que a FENAJ proponha
ao Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, à SBPJor e à Enecos
a apresentação de um documento conjunto de avaliações e propostas para
Reforma Universitária;
·
Que a FENAJ promova,
até o início do próximo ano, um Seminário de Avaliação da implantação
do Programa Nacional de Estímulo à Qualidade do Ensino e dos Projetos
Pilotos de Estágio. Que neste seminário, cada Sindicato apresente os
resultados e a avaliação dos projetos pilotos de estágio desenvolvidos
nos seus Estados. E que a partir desta avaliação se estabeleça uma PADRONIZAÇÃO
nacional para o estágio acadêmico, dentro dos critérios gerais que basearam
os projetos piloto:
a)
efetivo cumprimento
de finalidades didático-pedagógicas, com acompanhamento no âmbito da
escola e da empresa;
b)
realização do estágio
nos dois últimos semestres do curso;
c)
delimitação do número
de estagiários por redação ou empresa;
d)
delimitação do tempo
de estágio;
e)
garantia de não se
firmar acordo para a realização de estágio com empresas que mantiverem
pessoas exercendo irregularmente a profissão em seus quadros;
f)
existência de meios
para assegurar o efetivo cumprimento do estabelecido na regulamentação
acordada;
g)
garantia de que o estágio
não substituirá as exigências de manutenção de laboratórios pelas escolas;
h)
normatização da utilização
do material produzido pelos estudantes;
i)
definição de remuneração
e jornada de trabalho;
j)
apresentação de Plano
de Estágio com sistemática de avaliação;
No âmbito específico da atualização
e reciclagem profissional, a diretoria propõe:
·
Que os Sindicatos,
em conjunto com a FENAJ, busquem a viabilização da Escola do Jornalista
(o Programa da FENAJ de Reciclagem Profissional) em cada estado através
de projetos de captação de recursos regionais;
·
Que nos Estados para
os quais se obtiver recursos sejam ministrados os módulos e/ou os seminários
propostos pela Escola, de acordo com as necessidades locais;
·
Que a FENAJ amplie
e atualize o banco de dados da Escola do Jornalista com nomes de profissionais
e professores jornalistas para palestras, seminários e cursos (tanto
os promovidos pela FENAJ e Sindicatos como para indicações solicitadas
à Federação);
·
Que a FENAJ promova
o aprimoramento e intensifique a implantação de mais uma modalidade
de estímulo à integração da categoria com o meio acadêmico ( estudantes,
professores e instituições universitárias ): a "Cátedra FENAJ de
Jornalismo para a Cidadania".
2.
Adendo aprovado
Os sindicatos de jornalistas da Região
Norte, reunidos durante o XXXI Congresso Nacional da categoria, preocupados
com a qualificação e formação dos profissionais que atuam nos estados
nortistas, pedem que a mesa inclua a discussão e votação da seguinte
emenda aditiva como proposta da tese sobre a Formação e Educação, de
autoria do Departamento de Educação da FENAJ. No caso especifico do Norte, que o
Departamento de Educação da FENAJ crie uma comissão especial para elaborar,
encaminhar e acompanhar a execução de um projeto de políticas especificas
voltadas à qualificação, formação dos profissionais que atuam na região,
em nível de graduação e pós-graduação. Esta comissão será integrada
pelos vices Norte I e II e Centro-Oeste e presidentes dos sindicatos
do Norte e do Maranhão, além dos diretores do departamento de Educação
da FENAJ. Foi aprovado também, por sugestão do
Sindicato dos Jornalistas do Paraná, que esta proposta seja estendida
para outras regiões do País.
3. Sugestão 1
Foram aprovados ainda como sugestão
ao Departamento de Educação da FENAJ as seguintes propostas:
·
Que o tempo de duração
do estágio em jornalismo seja de seis meses, renovável por igual período,
desde que em outra área;
·
Que o estágio compreenda
a jornada de cinco horas, em turno a ser combinado entre as partes,
ressalvado as horas de aula, provas e trabalhos didáticos extra-classe;
·
estudante não poderá
substituir jornalista profissional, mesmo que por um dia, nem exercer
função privativa de profissional, conforme legislação que regulamenta
a profissão.
4. Sugestão 2 - Por programas
de jornalismo científico
Autor:
·
Moacir Loth – Delegado/SC
O XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas
recomenda e incentiva a ampliação do espaço para a ciência, a tecnologia
e a inovação nos meios de comunicação. Para tanto, além de estimular jornalistas
e a mídia, propõe a criação e implementação de programas, pesquisas
e projetos de jornalismo científico e da CT&I junto às fundações
de apoio à pesquisa (a exemplo do que é feito na Fapesp, Fapemig e Funcitec),
às Secretarias de Ciência e Tecnologia e às universidades. Sugere ainda a realização de programas
de capacitação e aperfeiçoamento para os profissionais da área, dentro
de uma visão amparada em uma política pública de comunicação social
e integrada, considerando que a ciência deve ser socializada e colocada
a serviço do desenvolvimento do País, da democratização da informação
e da própria cidadania. Um jornalismo científico permanente
e sistemático legitima o trabalho do jornalismo junto à população e
favorece a prestação de contas à sociedade.
5. Sugestão 3 - Por mais
títulos de comunicação
Autor:
·
Moacir Loth – Delegado/SC
Considerando a escassez bibliográfica
da área e a quantidade e qualidade de pesquisas desenvolvidas no País,
o XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas defende e propõe que as editoras
universitárias, cada vez mais, desenvolvam ações para a publicação de
obras produzidas por jornalistas, professores e profissionais de comunicação. As editoras universitárias, apesar
da crise, continuam em expansão no País. Por exemplo, a Associação Brasileira
de Editoras Universitárias (Abeu), possui atualmente mais de cem filiadas.
Só em 2003 o segmento lançou aproximadamente 800 títulos novos. São
essas editoras as principais responsáveis pela divulgação e difusão
da cultura, ciência, tecnologia, e inovação produzidas pelas universidades
públicas brasileiras. Nesse contexto, seria essencial implantar
uma política editorial que priorize a comunicação social como forma
de consolidar um setor estratégico para formulação e difusão do conhecimento. Os jornalistas reunidos nesse Congresso
solicitam à Abeu que remeta a proposta às editoras associadas e inclua
a sugestão no seu programa de trabalho.
Legislação
Teses
do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais
– texto aprovado com substitutivo no item 1, item 2 remetido como sugestão
à Diretoria da FENAJ
Autor:
·
Sindicato dos Jornalistas
de Minas Gerais
Retomar a discussão sobre uma Nova
Lei de Imprensa para o Brasil, com a realização de seminários estaduais
sobre o tema “Liberdade de Imprensa e Exercício Profissional do Jornalismo”,
abertos à sociedade. A discussão deve resgatar o substitutivo
do deputado Vilmar Rocha (1992). O debate sobre o exercício profissional do jornalista e parte
da mobilização pela criação do Conselho Federal de Jornalismo e, como
tal, também deve envolver outros segmentos sociais. Propomos ainda a ampliação do debate,
com realização de outro seminário, em dezembro, com a presença de representantes
de vários países, para troca de experiências dos dois temas. Propomos
que o evento seja no mês de dezembro, paralelamente ao encontro do G22,
em Belo Horizonte. Apresentar sugestões de emenda ao projeto
de lei de autoria do Pastor Amarildo, em tramitação no Senado, que atualiza
o Decreto 83.284/79, para:
·
Alterar item III do
artigo 4.º - retirando a dispensabilidade do diploma de curso superior
de jornalismo para as funções de repórter fotográfico e cinematográfico;
·
Revogar o artigo 7.º
e item II do artigo 5.º - registro especial de funcionário público;
·
Revogar o artigo 8.º
e item III do artigo 5.º - registro de provisionado;
·
Dar nova redação ao
artigo 19 (estágio) subordinando sua normatização ao respectivo conselho
profissional.
·
Aprovar a realização
do próximo Congresso Nacional de Jornalistas, em 2006, em Minas Gerais.
Tese
- Revisão no Projeto de Lei 708/2003, que propõe alteração no do Decreto-lei
n.º 972/69, sobre as funções jornalísticas –
texto recomendado
Autores:
·
Fred Ghedini, Renato
Yakabe, Lourdes Augusto, Eureni Pereira e Telê Cardim, presidente e
diretores do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São
Paulo, respectivamente.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais
no Estado de São Paulo (SJSP) propõe que os delegados presentes ao XXXI
Congresso Nacional dos Jornalistas deliberem favoravelmente à revisão
de alguns itens do Projeto de Lei n.º 708/2003, de autoria do Deputado
Federal Pastor Amarildo, que altera dispositivos do Decreto-lei n.º
972, de 17 de outubro de 1969, que dispõe sobre o exercício da profissão
de jornalista. Uma parte da revisão baseia-se no resultado
da reunião realizada no dia 29 de junho, entre diretores do Sindicato
dos Radialistas do Estado de São Paulo e do SJSP, que após vários encontros
e a constituição de uma Comissão Paritária entre os dois Sindicatos,
chegaram ao consenso sobre alguns itens relativos aos conflitos existentes
nas regulamentações das duas profissões. Outra parte das sugestões de
alterações vem no sentido de sanar deficiências do projeto de Lei, acrescentando
itens, substituindo ou eliminando termos julgados inadequados ou errôneos.
Apresentamos integralmente a redação
do PL 708 e, após cada item a ser modificado, entre parênteses, as sugestões
de alterações.
Projeto
de Lei Nº708/2003
Do Deputado Federal Pastor Amarildo (GO)
Altera dispositivos do Decreto-lei n.º 972, de 17 de outubro
de 1969, que “dispõe sobre o exercício da profissão de jornalista.”
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Os artigos 2º, 4º, § 1º, “a”, e 6º do Decreto-lei nº972,
de 17 de outubro de 1969, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 2º A profissão de jornalista compreende, privativamente,
o exercício, por meio de processos gráficos, radiofônicos, fotográficos,
cinematográficos (sugerimos substituir cinematográficos por cinevideográficos,
termo que permite abranger tanto o profissional de documentário jornalístico,
que utiliza equipamentos mais específicos para cinema, quanto o profissional
que utiliza câmara de vídeo analógica ou digital. É uma atualização
de nomenclatura), eletrônicos, informatizados ou quaisquer outros, por
quaisquer veículos, da comunicação de caráter jornalístico nas seguintes
atividades, entre outras:
I - direção, coordenação e edição dos serviços de redação;
II - redação, condensação, titulação, interpretação, correção
ou coordenação de texto a ser divulgado, contenha ou não comentário;
III - comentário, narração, análise ou crônica, pelo rádio,
pela televisão ou por outros veículos da mídia impressa ou informatizada;
IV - entrevista, inquérito ou reportagem, escrita ou falada;
V - planejamento, organização, direção e eventual execução
de serviços técnicos de jornalismo, como os de arquivo, pesquisa, ilustração
ou (sugerimos ...projeto gráfico ou distribuição gráfica de texto ou
imagem a ser divulgado distribuição gráfica de texto a ser divulgado;
VI - planejamento, organização e administração técnica dos
serviços de que trata o inciso II;
VII - ensino de técnicas de jornalismo;
VIII - coleta de notícias, informações ou imagens (sugerimos
incluir ... imagens fotográficas ou cinevideográficas) e seu preparo
para divulgação;
IX - revisão de originais de matéria jornalística, com vistas
à correção redacional e a adequação da linguagem;
X - organização e conservação de arquivo jornalístico, e pesquisa
dos respectivos dados para a elaboração de notícias, comentários ou
documentários;
XI - execução da distribuição gráfica de texto, processamento
de texto, edição de (sugerimos modificar para ... imagem fotográfica,
edição da distribuição gráfica de texto e edição de ilustração de caráter
jornalístico) imagem, fotografia ou ilustração de caráter jornalístico;
XII - execução de desenhos artísticos ou técnicos de caráter
jornalístico;
XIII - elaboração de texto informativo ou noticioso para transmissão
através de teletexto, videotexto ou qualquer outro meio;
XIV - assessoramento técnico na área de jornalismo.” (NR)
(sugerimos incluir o inciso XV - Execução de reportagem ou
documentário por meio da captação de imagens fotográficas ou cinevideográficas
de caráter jornalístico. A inclusão se refere a reportagens efetuadas
pelos profissionais de fotografia e cinevídeo, que não constam dos incisos
anteriores.
“Art. 4º .............................................. § 1º ................................................................ a) colaborador com registro especial, assim entendido aquele
que, sem relação de emprego e prestando serviço de natureza eventual,
oferece colaboração sob forma de trabalhos de natureza técnica, científica
ou cultural, exclusivamente em forma de análise e relacionados com a
sua especialização, sendo obrigatória a divulgação do nome e qualificação
do autor.” (NR)
(sugerimos excluir esta alínea. Como se trata de atualizar a legislação profissional, não tem
sentido a manutenção do Colaborador, que não é empregado, não é jornalista,
e possui um tipo de registro que não pode ser utilizado para nenhuma
finalidade profissional ou associativa.
“Art. 6º As funções desempenhadas pelos jornalistas profissionais,
como empregados, serão classificadas em: (excluir a expressão “como
empregados” e incluir o termo “jornalista” em todas as funções descritas
abaixo, antes da palavra “profissional”). I - Editor Responsável/Editor-Chefe: o jornalista profissional
responsável pela edição de jornais, revistas, periódicos de qualquer
natureza, por agências de notícias e serviços de notícias, reportagens,
comentários, debates e entrevistas em empresas de radiodifusão, de televisão
e outras onde sejam exercidas atividades jornalísticas;(incluir o termo
Editor-Chefe e a palavra “televisão”; inverter a ordem numérica dos
incisos I e II).
II - Diretor de Jornalismo: o jornalista profissional incumbido
de coordenar e eventualmente executar, de forma geral, os serviços de
redação dos demais jornalistas e os de natureza técnica, também denominado
como Secretário de Redação; (substituir o termo “Editor Responsável”
por Diretor de Jornalismo como coordenador dos demais jornalistas).
III - Subdiretor de Jornalismo: o jornalista profissional incumbido
de coordenar e eventualmente executar ou substituir o Diretor de Jornalismo,
também denominado de Subsecretário de Redação;
IV - Coordenador de Reportagem: o jornalista profissional incumbido
de coordenar todos os serviços externos de reportagem, também denominado
de Chefe de Reportagem;
V - Pauteiro: o jornalista profissional encarregado de elaborar
e organizar, junto com a coordenação de reportagem, a pauta de orientação
dos repórteres, realizando os contatos auxiliares à execução da tarefa;
VI - Coordenador de Revisão: o jornalista profissional incumbido
da coordenação geral dos serviços de revisão, eventualmente desempenhando
também a tarefa de revisor;
VII - Coordenador de Imagens: o jornalista profissional incumbido
de coordenar os serviços relacionados com imagem fotográfica, cinematográfica,
videográfica, inclusive pelo processo informatizado ou assemelhado;
VIII - Editor: o jornalista profissional incumbido de coordenar
e eventualmente (sugerimos excluir a palavra eventualmente) executar
a edição de matéria ou programa jornalístico, titulando-a tecnicamente
para a publicação ou divulgação, bem como o que desempenha a função
de editor de som e de imagem das matérias jornalísticas, (sugerimos
retirar o texto ...bem como o que desempenha a função de editor de som
e de imagem das matérias jornalísticas. Há um choque entre essas atividades
e a regulamentação específica dos radialistas, que prevê tal função)
através de qualquer processo, e o responsável por setores ou seções
específicas de edição de texto, arte, fotos, tapes, filmes ou programas
jornalísticos;
IX - Coordenador de Pesquisa: o jornalista profissional encarregado
de coordenar a organização da memória jornalística, de bancos de dados
ou de arquivos;
X - Redator: o jornalista profissional que, além das incumbências
de redação comum, tem o encargo de redigir editoriais, crônicas ou comentários;
XI - Noticiarista: o jornalista profissional que tem o encargo
de redigir textos de caráter informativo, desprovidos de apreciação
ou comentários, preparando-os para divulgação;
XII - Repórter: o jornalista profissional que cumpre a determinação
de colher notícias ou informações, preparando-as para divulgação, (sugerimos
incluir ...em veículos de informação impressos e também... Da forma
como está, ficou relacionado apenas a rádio, TV e internet) a quem cabe
a narração ou difusão oral de acontecimentos ou entrevistas pelo rádio,
televisão ou processo semelhante, no instante ou no local em que ocorram,
ou executam a mesma atribuição para posterior edição e divulgação;
XIII - Comentarista: o jornalista profissional que realiza
avaliação, comentário ou crônica dentro de sua especialidade pelo rádio,
televisão ou processo semelhante;
XIV - Arquivista-Pesquisador: o jornalista profissional incumbido
da organização técnica da memória jornalística, banco de dados ou arquivo
redatorial, fotográfico e de imagens, realizando a pesquisa dos respectivos
dados para a elaboração de notícias, memórias ou programas jornalísticos;
XV - Revisor: o jornalista profissional incumbido da revisão,
através de processos tradicionais ou eletrônicos de matéria jornalística,
tendo em vista a correção redacional e adequada da linguagem;
XVI - Repórter-Fotográfico: o jornalista profissional com a
incumbência de registrar ou documentar fotograficamente, quaisquer fatos
ou assuntos de interesse jornalístico;
XVII - Repórter-Cinematográfico (sugerimos mudar a nomenclatura
da função para Repórter Cinevideográfico): o jornalista profissional
a quem cabe registrar ou documentar cinematograficamente (sugerimos
trocar para cinevideograficamente. O termo Cinematográfico surgiu com
o noticiário em cinema, e hoje não há sentido em mantê-lo), quaisquer
fatos ou assuntos de interesse jornalístico;
XVIII - Diagramador: o jornalista profissional encarregado
do (sugerimos incluir ...projeto gráfico), planejamento e execução da
distribuição gráfica ou espacial (sugerimos excluir a expressão espacial),
por meio de processos tradicionais, ou eletrônicos, ou informatizados,
de matérias ou textos, fotografias ou ilustrações de caráter jornalístico,
para fins de publicação;
XIX - Processador de Texto: o jornalista profissional encarregado
da elaboração de texto ou informação jornalística por meios eletrônicos
de impressão, reprodução de fac-símiles ou assemelhados, quer para a
pesquisa em arquivos eletrônicos ou não, quer para a divulgação por
qualquer meios;
XX - Assessor de Imprensa: o jornalista profissional encarregado
da redação e divulgação de informações destinadas a publicação jornalística,
que presta serviço de assessoria ou consultoria técnica na área jornalística
a pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado ou público, relativos
ao acesso mútuo entre suas funções, a preparação de textos de apoio,
sinopses, súmulas, o fornecimento de dados e informações solicitadas
pelos veículos de comunicação e edição de periódicos e de outros produtos
jornalísticos;
XXI - Professor de Jornalismo: o jornalista profissional incumbido
de lecionar as disciplinas de jornalismo de caráter profissionalizante,
e natureza teórica ou prática;
XXII - Ilustrador: o jornalista profissional encarregado de
criar ou executar desenhos artísticos ou técnicos, charges ou ilustrações
de qualquer natureza para (sugerimos incluir ...publicação ou veiculação
de) matéria ou programa jornalístico;
XXIII - Produtor Jornalístico: (sugerimos alterar para Repórter-Produtor
Jornalístico) o jornalista profissional que apura as notícias, agenda
entrevistas e elabora textos jornalísticos de apoio ao trabalho da reportagem.
Parágrafo único. Também serão privativas de jornalista profissional
(sugerimos retirar o termo profissional. Não se supõe a existência de
jornalista amador) as funções de confiança pertinentes às atividades
descritas neste artigo, bem como quaisquer outras chefias a elas relacionadas.”
(NR) (sugerimos acrescentar: Os Sindicatos serão ouvidos sobre o exato
enquadramento de cada profissional. Este é o texto que consta no Parágrafo
Único do Artigo 11 do Decreto 83.284, que deu nova redação ao Decreto-Lei
972)
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
..................."
Diante da necessidade de promover as
alterações aqui apontadas, o SJSP solicitou à diretoria da FENAJ que
fizesse gestões para sustar a tramitação do PL 708/03 no Senado, até
que seja elaborado um novo texto superando as atuais inconsistências. Em 1.º de junho de 2004, foi divulgado
no site da Agência Câmara, que a Comissão de Constituição e Justiça
e de Cidadania havia aprovado o PL 708/03. O relator da matéria, deputado
Antonio Carlos Biscaia, apresentou parecer pela constitucionalidade,
juridicidade e técnica legislativa. A proposta agora está no Senado
Federal. Assim a Comissão Paritária entre os
dois Sindicatos, elaborou algumas alterações citadas acima, para serem
submetidas ao 31 Congresso Nacional dos Jornalistas e às Federações
dos Jornalistas e dos Radialistas. O objetivo é criar um texto que teria
o apoio das duas Federações para que sua tramitação seja apressada no
Senado e na Câmara, para onde voltaria forçosamente, uma vez que sofreria
modificações em sua tramitação no Senado. A urgência da sustação da tramitação
é grande, pois ao colocar as funções de Editor de Áudio e Editor de
Imagem como funções jornalísticas, coloca na alça de mira do patronato,
de imediato, centenas de empregos de radialistas que acompanham os editores
de texto (jornalistas) na edição do áudio (nas rádios) e do vídeo (nas
TVs).
Tese
- Por um novo desenho para a Carteira da FENAJ
– texto recomendado
Autor:
·
Fred Ghedini, presidente
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e vice-presidente Sudeste
da FENAJ
O atual modelo da Carteira Nacional
de Identidade do Jornalista brasileiro tem alguns problemas que precisam
ser sanados. Cito aqueles sobre os quais tenho conhecimento:
·
A ausência de um campo
para constar a data de expedição do RG;
·
O nome do(a) jornalista
em local que confunde as pessoas. É comum o recepcionista em uma empresa
ou instituição arrolar o nome do pai do portador da Carteira da FENAJ
em lugar do seu nome;
·
A identificação dos
campos em local que dificulta sua compreensão. Por exemplo, o termo
CTPS/SÉRIE, que trata da Carteira de Trabalho, deveria estar acima do
respectivo campo e não em baixo;
·
Finalmente, o termo
JORNALISTA, escrito em vermelho sobre os dados do portador, dificultam
a leitura desses dados.
Devido aos problemas aqui apontados,
e a outros que podem existir e sobre os quais não tenho conhecimento,
proponho que a diretoria da FENAJ encomende um novo desenho da Carteira
Nacional de Identidade e implante o novo modelo o mais rapidamente possível.
Tese:
Conjuntura nacional e ação internacional da FENAJ
Jornalistas
com o povo brasileiro por mudanças
Autores:
·
Diretoria da FENAJ
O movimento sindical dos trabalhadores
brasileiros enfrentou a ditadura militar e reorganizou-se a partir das
históricas jornadas pela anistia e pela redemocratização do País nas
décadas de 1970 e 1980. O mesmo movimento que, rompendo com o modelo
sindical vigente, criou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) em 1983,
sofreu um golpe nos anos 1990, com a implementação do modelo neoliberal
que promoveu as privatizações de setores estratégicos da economia; abriu
as fronteiras para a entrada de bens e capitais, sem controle; destruiu
e cancelou direitos históricos dos trabalhadores; trouxe a precarização
e a terceirização da mão de obra; reduziu investimentos sociais; aumentou
a dívida externa; aumentou a concentração de renda e jogou milhões de
trabalhadores na miséria e no desemprego. A luta histórica dos jornalistas brasileiros
contra essa situação, em favor de uma melhor distribuição de renda,
de justiça social e de melhores condições de vida para toda população,
levou-nos a apoiar, por decisão de Congresso Nacional da categoria,
a candidatura Lula nas eleições de 2002. No Brasil, depois de 12 anos sob égide
de políticas neoliberais e de bombardeio da ideologia do “pensamento
único”, estava ficando claro que as classes dominantes prometeram a
“estabilidade”, a "retomada do desenvolvimento” e a superação das
graves seqüelas econômicas e sociais provocadas pela chamada “década
perdida” (anos 80) e não cumpriram a promessa. O resultado era um País
atolado nos mesmos problemas estruturais do capitalismo dependente e
sem conseguir estabelecer nem a "estabilidade" e nem o “crescimento”.
Ao elegerem Lula, a maioria dos brasileiros
queria o fim da política macroeconômica de privilegiar o pagamento da
dívida externa e a sustentação do capital financeiro. Essa política
tem que ser mudada, pois sua continuidade implica, concretamente, o
enriquecimento assustador do setor financeiro e de alguns setores oligopolistas
do capital. Mantendo a exclusão social e o empobrecimento da grande
maioria da população, alem da continuidade da violência como pano de
fundo. O resultado destas eleições abriu um
período novo na luta política no Brasil. A chegada à Presidência da
República e ao governo federal de uma liderança popular originada das
lutas dos trabalhadores, pelo menos desde a resistência à ditadura militar,
foi um fato novo que, quaisquer que sejam as conseqüências futuras,
trouxe desafios e exigências a todos os movimentos sociais de caráter
popular e democrático. Antes de tudo, este resultado das eleições foi
uma derrota política e eleitoral do projeto neoliberal no Brasil, com
amplas repercussões em nível internacional. Porém, estava claro, desde
o início, que a derrota efetiva deste projeto dependeria das políticas
que fossem aplicadas de fato pelo novo governo. A eleição de Lula foi uma vitória popular
que gerou muitas energias e esperanças no povo. Por outro lado, as alianças
adotadas em nome da governabilidade e estabilidade política demonstravam
que as mudanças políticas e econômicas seriam ainda objeto de disputa
nesse leque ampliado de sustentação do governo. Isso produziu uma óbvia
resistência nos movimentos populares e sociais que construíram a candidatura
Lula e acabaram gerando rachas na base de sustentação do governo. Hoje os índices macroeconômicos já
são positivos se relacionados com os do início do governo. O País vive
um momento de estabilidade democrática e sua imagem no exterior se consolida
como de um País sério, disposto à negociação, firme nas suas posições
e, principalmente, solidário. O que devemos buscar como nação são políticas
sociais e econômicas que diminuam o quadro insuportável de exclusão
ainda existente no País e revertam a nossa posição vergonhosa no ranking
mundial da concentração de renda. Ou seja, garantida a estabilidade
e o crescimento econômico, o Governo deve iniciar a implementação das
reformas sociais contidos no seu programa. No segmento de comunicação, os jornalistas
pagaram a cota principal da chamada crise da mídia: milhares postos
de trabalho foram extintos nos últimos três anos. O governo federal
ainda não apresentou à sociedade sua política de comunicação social
para o País, em que pese as cobranças feitas pela direção da FENAJ e
pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. A política de
Estado para o setor pressupõe, prioritariamente medidas que permitam
o desenvolvimento de uma mídia pública, categoria prevista na Constituição
Federal até hoje não regulamentada. A ampla discussão com a sociedade
é um requisito para as mudanças no setor e antecede qualquer discussão
sobre programas de socorro financeiro ao segmento de comunicação, seja
ele privado, estatal ou público.
Adendos
aprovados a tese
Ação
popular contra a VI Licitação das Bacias Petrolíferas
Sugerimos aos companheiros e companheiras
que participam do XXXI Congresso da FENAJ a se engajarem no movimento
cívico contra a entrega de nossas reservas energéticas de petróleo,
na chamada VI Licitação de Bacias Sedimentares às transnacionais. É dever de todos voltar aos nossos
estados para comunicar aos jornalistas brasileiros que a FENAJ participará
efetivamente da campanha de preservação de nossas riquezas energéticas
aderindo a uma Ação Popular contra a Licitação das Bacias Sedimentares.
Desta Ação participam, entre outras entidades, a Associação dos Engenheiros
da Petrobras (Aepet), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Clube Militar,
etc. Os Estados Unidos tiveram de invadir
e ocupar um país, o Iraque, para controlar as reservas de petróleo.
Aqui no Brasil, caso seja mesmo realizada a Licitação, o petróleo será
entregue de mão beijada. É, portanto, algo inadmissível.
As
reformas trabalhista e sindical
As reformas têm se realizado conforme
recomendações / acordos firmados com o FMI. Tais reformas e outras medidas
legais ou não adotadas pelo governo anterior, como o Banco de Horas,
CCPs, PLR, demissão temporária, trabalho temporário e etc., trouxeram
enormes prejuízos aos trabalhadores. Somados a estes ataques aos direitos
trabalhistas e à organização sindical, vivemos um cenário de desemprego
permanente e crescente. Para manter seus lucros inalterados
e até ampliados os empresários querem avançar na eliminação / flexibilização
de direitos, derrubando tudo o que consideram um entrave a seus planos,
especialmente o artigo 618 da CLT e o artigo 7.o da Constituição Federal.
Querem, fundamentalmente, que "o negociado prevaleça sobre o legislado". Neste sentido, entendemos que fóruns
institucionais como o Fórum Nacional do Trabalho não devem ser espaços
exclusivos para a realização desse debate e nossa participação nos mesmos
deve ser avaliada constantemente. Devemos fazer a disputa na sociedade,
sem abrirmos mão da mobilização dos trabalhadores em defesa dos direitos
trabalhistas e da liberdade e autonomia sindical. As nossas propostas
devem ser construídas de acordo com os princípios de defesa da liberdade
e autonomia sindical (convenção 87 da OIT); defesa da unidade estratégica
da classe trabalhadora, como pilar básico de sua organização e defesa
da democracia sindical. As reformas Sindical e Trabalhista devem ser
tratadas de forma global, estabelecendo os seguintes pressupostos que
possibilitem mudanças efetivas do ponto de vista dos interesses populares:
·
Garantia da proteção
contra demissões imotivadas;
·
Garantia do livre exercício
da atividade sindical, com a organização por local de trabalho em oposição
ao sindicato por empresa;
·
Direito de negociação
e de celebração de acordos e convenções coletivas que contemplem os
trabalhadores do serviço público;
·
Direito de greve com
o fim da criminalização da atividade sindical (multas, interdito proibitório,
demissões de dirigentes e representantes dos trabalhadores, etc.);
·
Implementação de uma
legislação de transição na qual, de forma explícita, estejam asseguradas
no texto da lei, transitoriamente, um conjunto de medidas que garantam
de fato as condições para a viabilização de liberdade e autonomia sindical
e inclua o fim do imposto sindical;
·
Revogação do "entulho
de FHC" (flexibilização, desregulamentação e cassação de direitos
dos trabalhadores e trabalhadoras).
A posição a ser adotada pelos jornalistas
brasileiros, juntamente com todos os trabalhadores, é a de rechaçar
qualquer tentativa de relacionar as reformas trabalhista e sindical
com o suposto crescimento econômico. Ou seja, sucumbir ao discurso de
que a estrutura da legislação trabalhista é um dos entraves para o crescimento.
Outra idéia a ser combatida é do “enxugamento” da CLT, visão que contém
implicitamente o conceito de retiradas de cláusulas do código que regulamenta
o trabalho no Brasil. O que devemos promover são mudanças que não prejudiquem
conquistas históricas e, inclusive, ampliem a regulamentação para relações
novas de trabalho inexistentes no período de elaboração da CLT.
O
Governo e os meios de comunicação
As eleições de 2002 e o exercício do
governo Lula em 2003 vêm mostrando, mais uma vez, o comportamento dos
grandes meios de comunicação, enquanto parte integrante de um bloco
de poder, com interesses comuns e ações tendencialmente convergentes. A grande mídia, antes opositora ao
PT e demais partidos do campo democrático e popular, hoje também é aliada
e está essencialmente apoiando o eixo central da política governamental.
O que predomina é uma linha de apoio, especialmente da Rede Globo. Esta
relação vinha sendo construída desde a campanha, quando a grande mídia
e a própria Rede Globo, diferentemente de eleições anteriores, acabaram
mantendo uma relação de razoável equilíbrio entre os principais candidatos.
Porém, esta relação só se deu a partir de alguns posicionamentos políticos:
a declaração de Lula em apoio ao financiamento do BNDES e o voto do
PT favorável à entrada do capital externo nas empresas de mídia nacional.
Mas isto não significa que a mídia tenha sido neutra no processo eleitoral,
na medida em que procurou agendar temas e enquadrar os candidatos em
questões programáticas fundamentais para ela e o bloco de poder. Da
mesma maneira, esta age hoje mais favorável às políticas com as quais
concorda (como o eixo central das reformas) e faz disputa política em
questões como a reforma agrária ou a ALCA. Enfim, o governo precisa efetivamente
trabalhar para a real transformação do País, o que requer uma outra
política econômica, uma ampla abertura e debate verdadeiramente compromissado
com os trabalhadores acerca de sua ação, especialmente da política econômica
e das reformas em curso, além das que estão por vir. O atual período
exige a edificação de uma ação unitária de todos os grupos políticos,
movimentos sociais e indivíduos que, na sociedade civil e nos governos,
se propõem a continuar lutando pela possibilidade de construção de uma
sociedade igualitária, transformando a vitória eleitoral em vitória
política e derrotando efetivamente o neoliberalismo, não nos furtando
a embates inevitáveis e irrecusáveis quando estiver em jogo o compromisso
histórico com os trabalhadores. Portanto, nossa luta é para que o governo
cumpra seu mandato, seus compromissos com o povo brasileiro. Implemente
aquela proposta que empolgou a sociedade, mostrando o caminho do desenvolvimento
econômico, da criação de um mercado interno de massas, com geração de
emprego e distribuição de renda, como saída para o Brasil. Isto implica
continuar agindo com criatividade e determinação.
Ação
internacional da FENAJ
A eleição de Lula abriu um leque de
possibilidades para a atuação do movimento sindical brasileiro, incluindo
o movimento sindical dos jornalistas. A FENAJ tem ancorado a sua ação
sindical, dando ênfase ao fortalecimento e integração das entidades
da América Latina, principalmente as do Mercosul, e dos Países de língua
portuguesa na África e na Ásia. Algumas frentes já estão em andamento,
mas precisam ser consolidadas, como por exemplo:
·
Defesa dos direitos
trabalhistas e sindicais;
·
Defesa dos direitos
humanos;
·
Defesa da liberdade
de imprensa e de expressão;
·
Capacitação de dirigentes
sindicais;
·
Rede de solidariedade
contra a violência aos jornalistas;
·
Política de gênero,
consolidação da rede de mulheres jornalistas e implantação de comissões
de mulheres nas entidades sindicais;
·
Defesa do direito autoral;
·
Movimento contra a
globalização (Observatório Social e Banco de Dados) e pela democratização
da comunicação.
Essa ação vem sendo desenvolvida com
a FIJ (Federação Internacional dos Jornalistas) e com a FELAP (Federação
Latinoamericana de Prensa). Na FIJ, a FENAJ ocupa o cargo de conselheiro
regional, representando a América Latina junto ao Comitê Executivo,
que é composto por representantes de todos os continentes. Na FELAP,
a FENAJ ocupa uma das vice-presidências. Reiteramos a proposta de que a FENAJ
se aproxime mais das atividades e ações da FELAP, com ênfase na consolidação
de um movimento forte, articulado e coeso para o debate da ALCA, com
as entidades da FIJ e da Coordenadora de Entidades Sindicais do Mercosul.
Pela
autonomia das nações e pela paz mundial
A constituição de um império mundial
ameaça perigosamente a soberania das nações e, principalmente, a paz
mundial. É obrigação dos países democráticos comprometidos com a autonomia
e a fraternidade entre os povos, constituir políticas que organizem
blocos supranacionais que enfrentem a política belicosa dos Estados
Unidos e seus aliados, contrapondo aos interesses econômicos que determinam
essas políticas, a solidariedade e o princípio generoso da democracia
mundial. O Brasil precisa continuar e aprofundar,
prioritariamente, a sua ação internacional de apoio político e, se possível
econômico aos países da África e América Latina. Especificamente é fundamental
o apoio ao Timor, na sua reorganização, ao povo palestino na sua luta
por um estado livre e soberano, ‘ao governo eleito da Venezuela no seu
enfrentamento à criminosa campanha desencadeada pela grande mídia daquele
país. Reafirmar o repúdio à política de embargo dos EUA a Cuba, aprofundado
de forma absolutamente inaceitável pelo governo Bush. Exigir a retirada
imediata das forças de ocupação do Iraque. Construir novas alianças
econômicas e políticas que se contraponham à hegemonia asfixiante dos
EUA. Na América Latina é urgente a constituição
de um mercado sul-americano que seja uma alternativa à Alca e a sua
política de favorecimento à América do Norte. Paralelamente o Brasil
precisa estimular o intercâmbio cultural para constituir um bloco de
interesses que não se resuma às questões econômicas favorecendo a circulação
de bens culturais regionais. Os jornalistas brasileiros apostam
na paz mundial como resposta à tentativa norte-americana de instituir
a guerra como principal política econômica e de ocupação e reafirmam
a necessidade de ampliar a aliança com todos os trabalhadores de comunicação
dos países em desenvolvimento, na defesa dos interesses nacionais e
da soberania de nossos países.
Texto
aprovado como adendo a tese internacional da FENAJ
Que a FENAJ envie um representante
para acompanhar e relatar a movimentação em torno do plebiscito de 15
de agosto, na Venezuela, que vai decidir o futuro do mandato do presidente
Hugo Chavez e o futuro do país vizinho.
Ética
Tese
- Ética e Segurança – recomendação para a FENAJ realizar seminário em
dezembro
Autor:
·
Adalberto Diniz
(Baseada
na nota produzida pela Comissão Tim Lopes, criada pelo SJPMRJ, que se
reuniu em junho de 2004).
1. Justificativa Como as redações de jornais diários,
revistas, emissoras de radio e de televisão e sites cada vez com mais
freqüência buscam criar matérias cuja apuração representa riscos a integridade
física dos jornalistas, propomos o aprofundamento da discussão no sentido
de se criar mecanismo de proteção aos profissionais que estejam envolvidos
na apuração de matérias investigativas. Face ao assassinato do companheiro
Tim Lopes, no Rio de Janeiro e as freqüentes agressões sofridas por
profissionais de imprensa.
2. Proposta A criação de Comissão de Segurança e Ética nas empresas para
avaliar caso a caso a conveniência de uso de procedimentos polêmicos
de apuração que envolva riscos a segurança dos jornalistas, como omissão
da identidade e utilização de equipamentos ocultos câmaras gravadores
e semelhantes.
3. Procedimento A sugestão devera ser incluída no acordo
salarial a ser negociado com as empresas, depois de aprovado em assembléia
da categoria que produzira um documento contendo um conjunto de procedimentos
a serem sugeridos as empresas de comunicação.
4. Rotina Todo procedimento que acarrete riscos
a segurança do jornalista devera ser precedido de omissão da identidade
do autor e o uso de equipamentos ocultos, deve ser aprovado pela Comissão
de Segurança e de Ética de cada redação. As reportagens só poderão ser realizadas
com a adoção de medida efetivas de segurança pessoal. Caberá a Comissão
elaborar princípios e as regras para garantir a segurança do profissional.
São considerados fundamentais o monitoramento permanente do trabalho
da equipe em campo, o prévio conhecimento da chefia e o sigilo da identidade
da equipe, quando necessário. A Comissão de Segurança e de Ética
devera ser formada por representantes dos trabalhadores, eleitos pelo
voto direto da redação, e por pessoas indicadas pela direção da redação,
com preponderância numérica do primeiro grupo. Os integrantes da Comissão deverão
ser protegidos por dispositivos semelhantes aos da Comissão Internas
de Prevenção de Acidentes CIPAS. Os Sindicatos fornecerão todo apoio
jurídico aos integrantes das Comissões de Segurança e Ética, que devem
ser sindicalizados. Não e permitida a participação de estagiários ou
de qualquer trabalhador em situação irregular. A participação de repórteres cinematográficos
e ou fotográficos deve ser assegurada, respectivamente nas Comissões
instaladas nas emissoras de televisão e veículos impressos. O profissional deve ter assegurado
seu direito ao sigilo. A inclusão de seu nome nos créditos deve ser
de Segurança e Ética. A omissão de identidade e o uso de
equipamentos ocultos só se justificam em casos de evidente interesse
publico e quando forem imprescindíveis para a peca jornalística, na
avaliação da Comissão de Segurança e Ética. As reportagens devem observar os preceitos
constitucionais de proteção a intimidade, a privacidade, a honra e o
direito à imagem, que são direitos personalíssimos garantidos pela Constituição
Federal.
Tese
- Tese com foco no Seminário “Audiência e Manipulação - A Mídia nas
Eleições”
Autor:
·
Sindicato dos Jornalistas
do Estado do Pará
As eleições para escolha dos novos
governantes do País movimentam a opinião pública, alvo de um bombardeio
de informações, em grande parte proveniente da mídia. O trabalho da
imprensa, nesta período tão importante para sustentação democrática
do País, tem sido alvo de inúmeras análises, científicas ou não. Mas o exercício profissional cotidiano,
durante o período eleitoral, acaba não recebendo um acompanhamento constante.
O trabalhador jornalista, por muitas vezes, dispõe de poucos instrumentos
de defesa, em um jogo de interesses econômicos e partidários. As entidades
que atuam junto à categoria devem assumir um papel importante na defesa
do profissional e da ética, também em época de eleições. Por estas razões que o Fórum Permanente
de Ética Profissional, criado durante o IV Congresso Estadual dos Jornalistas,
realizado em Belém (PA) pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado do
Pará em abril deste ano, elaborou uma Carta de Princípios (em anexo).
Baseada no Código de Ética dos Jornalistas e em experiências vividas
por jornalistas do Pará em períodos eleitorais, a Carta lembra alguns
princípios para o exercício profissional e faz algumas recomendações
aos partidos, empresas e órgãos públicos, defendendo a qualidade da
informação e o respeito ao profissional e ao eleitor. No Pará, a Carta
de Princípios e o e o modelo de contrato para trabalho em eleições,
elaborado pela diretoria do Sinjor-PA, foram lançados em evento promovido
pelo Sinjor-PA em parceria com a Procuradoria Regional da República. Considerando a necessidade de defender
a ética no jornalismo, o respeito aos direitos dos trabalhadores e a
democracia, a delegação do Pará propõe:
·
Que os sindicatos e
a FENAJ dêem ampla divulgação à Carta de Princípios, como instrumento
de orientação ao exercício profissional durante o período eleitoral,
como forma de defender os direitos dos trabalhadores e como meio de
preservar os princípios democráticos e de liberdade de imprensa;
·
Realize eventos em
parceria com os Tribunais Regionais Eleitorais e com as Procuradorias
da República não só para divulgação da Carta, mas também para debater
o papel da mídia durante as eleições. Partidos políticos, órgãos públicos
e empresas de comunicação devem ser motivadas a participar destes debates;
·
Denunciar abusos na
cobertura da mídia e desrespeito aos direitos dos trabalhadores contratados
para atuar em campanhas;
·
Criar fóruns estaduais
que façam um acompanhamento do exercício profissional e da cobertura
da mídia, neste época. O resultado do trabalho dos fóruns pode subsidiar
novas ações regionais e nacionais voltadas para este âmbito.
1. Carta de Princípios As eleições de outubro de 2004 vão
provocar, como ocorre em todos os períodos eleitorais, uma ampla mobilização
da sociedade pelos partidos políticos e seus candidatos às prefeituras
e às câmaras municipais. É natural e até salutar que seja travado um
amplo debate sobre os problemas dos municípios brasileiros e os anseios
da população. Às vezes, contudo, esse embate resvala do interesse público
para a esfera pessoal entre os contendores, o que reduz a qualidade
da disputa. E como nós, jornalistas, estamos quase
sempre no olho do furacão, quer exercendo a nossa profissão dentro dos
veículos de comunicação, quer nas assessorias das empresas e órgãos
públicos, quer como assessores e produtores de programas eleitorais,
entendemos que este momento permite uma grande reflexão sobre o nosso
papel enquanto profissionais e a nossa responsabilidade enquanto cidadãos. Por isso mesmo o Fórum Permanente de
Ética Profissional considera imprescindível que os jornalistas, as empresas
de comunicação, os partidos políticos e órgãos públicos se pautem pelos
seguintes princípios, com base no Código de Ética de nossa profissão:
·
O acesso à informação
pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não
pode ser impedido por nenhum tipo de interesse;
·
A divulgação de informação,
precisa e correta, é dever dos meios de comunicação, independente da
natureza de sua propriedade;
·
A informação divulgada
pelos meios de comunicação se pautará pela real ocorrência dos fatos
e terá por finalidade o interesse social e coletivo;
·
A prestação de informações
pelas instituições públicas, privadas e particulares, cujas atividades
produzam efeito na vida em sociedade, é uma obrigação social;
·
A obstrução direta
ou indireta à livre divulgação da informação e a aplicação de censura
ou autocensura são delitos contra a sociedade;
·
O exercício da profissão
de jornalista é uma atividade de natureza social e de finalidade pública,
subordinado ao Código de Ética da categoria;
·
O compromisso fundamental
do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela
precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação;
·
Sempre que considerar
correto e necessário, o jornalista resguardará a origem e identidade
das suas fontes de informação.
É dever do jornalista:
·
Divulgar todos os fatos
que sejam de interesse público;
·
Lutar pela liberdade
de pensamento e expressão;
·
Defender o livre exercício
da profissão;
·
Valorizar, honrar e
dignificar a profissão;
·
Opor-se ao arbítrio,
ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos
na Declaração Universal dos Direitos do Homem;
·
Combater e denunciar
todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com o objetivo
de controlar a informação;
·
Respeitar o direito
à privacidade do cidadão.
O jornalista não pode:
·
Submeter-se a diretrizes
contrárias à divulgação correta da informação;
·
Frustrar a manifestação
de opiniões divergentes ou impedir o livre debate;
·
Concordar com a prática
de perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos,
raciais, de sexo e de orientação sexual;
·
Exercer cobertura jornalística
pelo órgão em que trabalha, em instituições públicas e privadas, onde
seja funcionário, assessor ou empregado;
·
Deixar de ouvir, antes
da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas,
feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas;
·
Tratar com desrespeito
as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;
·
Deixar de assegurar
o direito de resposta às pessoas envolvidas ou mencionadas em sua matéria,
quando ficar demonstrada a existência de equívocos ou incorreções.
O
Fórum recomenda também que o jornalista:
·
Afaste-se do veículo
de comunicação ao qual esteja vinculado, quando for contratado para
trabalhar em campanha eleitoral;
·
Afaste-se das assessorias
de órgãos públicos, quando estiver envolvido em campanhas eleitorais,
como forma de preservar sua imagem profissional e a não configurar uso
da máquina governamental;
·
Utilize as regras definidas
pela categoria, com base na legislação trabalhista, nas relações contratuais
com candidatos, partidos, coligações ou produtoras de programas eleitorais.
O Fórum também recomenda às empresas,
aos partidos políticos e aos órgãos públicos que:
·
Zele pela ética nas
campanhas eleitorais, respeitando os direitos dos eleitores e candidatos;
·
Firme contrato de trabalho
com jornalista que prestar serviços durante campanha eleitoral, respeitando
os direitos trabalhistas previstos na legislação vigente;
·
Não utilize imagens
de jornalistas, contratados ou não, sem a autorização dos mesmos;
·
Não utilize material
produzido por profissional não contratado;
·
Respeite os princípios
democráticos e de liberdade de imprensa, bem como não obrigue o jornalista
a exercer atividades que contrariem o Código de Ética da profissão.
Tese
- Fortalecimento da categoria é exigência da conjuntura
Autor:
·
Paulo Cannabrava Filho,
Presidente do Conselho da Apijor*
Jornalistas de todo o Brasil precisam,
mais que nunca, entender a necessidade de se manter organizados, fortalecer
suas entidades representativas e lutar denodadamente pelo império da
ética. Não seguir esse caminho pode colocar em risco todas as conquistas
trabalhistas já alcançadas e até mesmo a sobrevivência da profissão. Em uma reflexão sobre a ética não podemos
nos limitar unicamente às questões deontológicas que são importantes
e precisam ser resgatadas e voltar a fazer parte do dia-a-dia das redações.
Acreditamos que a função do jornalismo, entendido como serviço público,
requer um compromisso maior com a ética cidadã e o desenvolvimento cultural
do país. Conhecer e respeitar os próprios direitos
e os direitos dos outros e as leis que conformam o pacto social e jurídico
da nação é essencial para a construção da cidadania. O Brasil tem boas
leis, a começar pela Constituição Cidadã de 1988. Seriamos uma democracia
exemplar se aqui se cumprissem as leis. É antiético o jornalismo descomprometido
com os interesses nacionais. A ausência desse compromisso tornou o jornalismo
co-responsável pelo divórcio havido entre o Estado e a Nação, o casamento
do Estado com os interesses privados que levou à dilapidação do patrimônio
nacional e à exclusão social da maioria da população. Hoje contracenamos em um novo cenário
em que a ideologia tem sido substituída pela alienação e a política
colocada a serviço do capital especulativo; em que se nega o papel do
Estado e em que o poder de decisão é exercido pelos grandes monopólios
que se desenvolvem esmagando os empreendedores nacionais; em que tampouco
a mídia escapa à tendência monopolizadora e em que informação e entretenimento
são transformados em produtos geradores de lucro, sem qualquer outro
compromisso que não o capital. A criação e construção de um novo cenário
é imperativo para a sobrevivência da Nação. Esse é o desafio que se
impõe à inteligência nacional, particularmente à universidade, à escola
e aos meios de comunicação. Um desafio que exige que se olhe crítica
e criativamente à realidade e que se tenha coragem de aceitar as mudanças.
1. Fortalecimento da
categoria A monopolização dos meios e a convergência
tecnológica de um lado e de outro lado a proliferação de escolas de
jornalismo desvinculadas da realidade do país, transformaram os profissionais
da comunicação no elo mais débil dessa grande cadeia midiática. A cada
dia é maior o desrespeito aos direitos trabalhistas e até hoje não se
nos reconhecem os direitos de autor. Para sobreviver e atuar protagonicamente
no processo de transformação social nós, jornalistas organizados, propomos
que o fortalecimento da categoria se funde sobre um tripé:
·
Sindicalismo forte,
implantado nos locais de trabalho e entre os profissionais autônomos,
conformando uma FENAJ que atue como um sindicato nacional, para garantir
as conquistas trabalhistas;
·
Conselho Federal e
os Conselhos Estaduais dos Jornalistas consolidando o reconhecimento
da profissão e com poderes para exigir comprometimento ético no exercício
profissional;
·
A Apijor para garantir
o reconhecimento do jornalista como autor e garantir o cumprimento de
seus direitos.
Com esse entendimento, propomos ao
XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas que aprove resolução indicando
como fundamental para fortalecimento da categoria a filiação corporativa
dos sindicatos estaduais de jornalistas à Apijor, nos termos aprovados
pelo Conselho da Apijor e subscritos pelos sindicatos de Mato Grosso
e São Paulo. Propomos ainda que todo evento a ser realizado por jornalistas,
notadamente congressos em todos os âmbitos, tenha uma mesa ou uma palestra
sobre Direitos Autorais dos Jornalistas. Ainda com esse entendimento propomos
que se faça uma ampla mobilização da sociedade e de suas organizações
que culmine com uma grande manifestação dos jornalistas no Congresso
Nacional, em favor da aprovação do Conselho Federal de Jornalismo.
2. Responsabilidade da
mídia Paralelamente ao fortalecimento da
categoria, é imperativo desenvolver esforços com vistas a devolver ao
jornalismo seu caráter de serviço público a ser exercido sob o império
da ética. Entendemos que sem alcançar esse objetivo será impossível
trilhar o caminho do desenvolvimento integral e auto-sustentável e realizar
o objetivo maior de construção de uma democracia que garanta a todos
os homens e mulheres sua plena realização como ser humano. Devemos iniciar já a incorporação de
toda a sociedade brasileira ao debate sobre a democratização da comunicação
e informação, tema intrinsecamente vinculado às questões éticas. Com
esse objetivo propomos que esse congresso aprove resolução para que
todos os sindicatos de jornalistas se incorporem como promotores do
debate com vistas a formulação da Carta de Responsabilidade da Mídia,
no âmbito da Carta das Responsabilidades Humanas, através da realização
de fóruns e/ou conferências com participação ampla da sociedade.
Tese
- A Responsabilidade da mídia
Autores:
·
Fred Ghedini, presidente
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e vice-presidente Sudeste
da FENAJ e Paulo Cannabrava Filho, presidente da Apijor.
Os jornalistas devem discutir a Responsabilidade
da mídia! Jornalismo é, por definição, informação
de interesse público checada. Assim deveria ser também na prática. Como
isso não acontece sempre - se olharmos bem de perto, muita coisa que
se faz como sendo jornalismo está longe dessa definição - cabe aos profissionais
que atuam no meio levar adiante esse debate, assim como estar à frente
na luta para que o jornalismo seja, cada vez mais, aquilo que deveria
ser por definição. Quando reivindicamos o Conselho Federal
de Jornalismo e os Conselhos Regionais, estamos lutando exatamente para
que a definição acima mencionada se realize na prática. Quando lutamos
para que o jornalista e demais profissionais que trabalham na mídia
tenham uma formação ética, técnica e cultural adequadas, estamos buscando
o mesmo objetivo. Por isso, quando ocorrem delitos éticos
como o do Programa Legal, do Gugu Liberato (em 7 de setembro de 2003
o citado programa levou ao ar uma falsa entrevista com falsos marginais
fazendo ameaças de morte, ao vivo e em cores, para todo o País, a várias
personalidades públicas e profissionais), com a participação de jornalistas,
não vemos isso como um ponto isolado. Na verdade, o jornalismo vem passando
por um processo de corrosão moral e ética que precisa ser enfrentado.
Ao ser confundido com entretenimento, o jornalismo perde o seu caráter
de informação de interesse público. Quando o jornalista passa a ser
confundido com mais um artista televisivo, quem perde é o público, que
não tem mais a possibilidade de distinguir o que é uma coisa de outra.
Ou, então, quando são policiais que passam a dirigir programas jornalísticos,
que transformam em show os horrores que ocorrem no dia-a-dia da sofrida
população das periferias das grandes cidades, é o jornalismo que perde,
mas é também a população que recebe uma informação distorcida, desumanizante.
Por tudo isso, nossa proposta é que
os Sindicatos de Jornalistas de todo o País passem a promover debates
sobre a Responsabilidade da Mídia, dentro do programa que hoje se desenvolve
mundialmente pela Carta das Responsabilidades Humanas, uma complementação
e atualização dos preceitos da Declarações Universal dos Direitos Humanos
e da Carta das Nações Unidas. A notícia reproduzida abaixo, sobre
um Encontro realizado durante o Fórum Cultural Mundial, em São Paulo,
ilustra um pouco mais o conteúdo do que vem sendo debatido, a partir
da iniciativa da ONG Aliança por um Mundo Responsável, Plural e Solidário,
com atuação em nível mundial e sede na França.
São Paulo, 20 de julho de 2004.
Encontro discute a responsabilidade
da mídia na construção de um mundo solidário Debate faz parte da programação oficial
do Fórum Cultural Mundial Discutir a responsabilidade da mídia
na construção de um mundo solidário foi o objetivo do encontro "Tambores,
Vozes e Imagens pela Paz - A Responsabilidade da Mídia", promovido
pela Aliança por um Mundo Responsável, Plural e Solidário, pelo IPAZ
- International Peace Agency, e GT de Cultura do Fórum Social Mundial. O debate foi baseado nos princípios
da "Carta das Responsabilidades Humanas", que oferece um quadro
de referência para os comportamentos pessoais e também para a vida política,
institucional e jurídica no Brasil. Depois de ter sido debatida por
diferentes públicos, como profissionais de educação e cultura, além
de empresários, agora é a vez dos jornalistas e profissionais da mídia.
Segundo Isis de Palma, integrante do comitê internacional da Carta das
Responsabilidades Humanas da Aliança e membro do grupo São Paulo da
Aliança, a intenção desse encontro foi fazer com que todos se envolvam
e assumam suas responsabilidades pessoais e coletivas. A Carta das Responsabilidades Humanas
foi criada coletivamente com o ideal de ser uma terceira base para a
discussão das relações humanas, complementando a já existente Carta
das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O evento foi marcado também por um
encontro de tambores pela paz, e teve a participação de muitos grupos
de Tambores, Associações de Capoeiristas, jornalistas, artistas, e outros
profissionais da mídia. Foi realizado no dia 3 de julho, na feira de
Eventos no Parque do Anhembi, durante o Fórum Cultural Mundial. A Aliança por um Mundo Responsável,
Plural e Solidário é uma rede social mundial criada em 1993 na França
e reúne hoje pessoas e organizações em mais de 100 Países. O objetivo
é fortalecer movimentos de cidadania, promover a transformação social
e sócioeconômica solidária, dando visibilidade ao trabalho de aliados
em todo o mundo. A organização realiza encontros regionais, mundiais
e temáticos, estimula cooperativas de trabalho e apoia e edita publicações
construídas coletivamente, com diversos olhares, privilegiando a diversidade
cultural. (mais informações em <http://www.ipaz.org/materia_09.html
).
PROPOSIÇÃO
– texto aprovado como recomendação
Autor:
·
José Hipólito Araújo,
jornalista Reg. MTb 341/PE, integrante da Comissão Nacional de Ética
da FENAJ, propõe ao presidente deste XXXI Congresso de Jornalistas,
na forma regimental, a seguinte alteração no Capítulo IV do Código de
Ética dos Jornalistas:
IV – Aplicação do Código de Ética dos Jornalistas
ARTIGO 18 – As transgressões ao presente Código de Ética serão
apuradas, apreciadas e julgadas pela Comissão de Ética dos sindicatos
e, em 2ª instância, pelo Conselho Nacional de Ética da Federação Nacional
dos Jornalistas.
PARÁGRAFO 1º – A Comissão de Ética e o Conselho Nacional de
Ética serão constituídos de 5 (cinco) titulares e respectivos suplentes.
PARÁGRAFO 2º – A Comissão de Ética e o Conselho Nacional de
Ética são órgãos independentes, eleitos em chapas separadas e sem vinculação
de votos aos demais cargos das diretorias dos órgãos classistas, porém,
com mandatos coincidentes.
PARÁGRAFO 3º – A Comissão de Ética será eleita em Assembléia
Geral da categoria, convocada especialmente para esse fim, na mesma
data da eleição da diretoria do Sindicato.
PARÁGRAFO 4º – O Conselho Nacional de Ética, órgão judicante
de 2ª instância, será eleito na mesma data da eleição da diretoria da
Federação Nacional dos Jornalistas.
PARÁGRAFO 5º – A Comissão de Ética de cada Sindicato elaborará
o seu Regimento Interno, contendo as normas que disciplinam a aplicação
deste Código de Ética e entrará em vigor a partir da data de sua aprovação
em Assembléia Geral Extraordinária da categoria, convocada especialmente
para este fim.
ARTIGO 19 – O Conselho Nacional de Ética elaborará também o
seu próprio Regimento Interno, no qual deverá constar as normas do seu
funcionamento, objetivos, finalidade e atribuições, disciplinando, assim,
a aplicação do Código de Ética dos Jornalistas e após a sua aprovação
pelo próprio colegiado, entrará em vigor na data da Resolução a ser
baixada pelo presidente do Conselho Nacional de Ética.
ARTIGO 20 – Compete ao Conselho Nacional de Ética:
julgar, em 2ª e última instância, os recursos contra decisões
prolatadas nos feitos de competência das Comissões de Ética dos sindicatos;
processar e julgar, originariamente, as denúncias de transgressão
ao Código de Ética dos Jornalistas contra membros da Diretoria da FENAJ,
do Conselho Fiscal e do próprio Conselho Nacional de Ética;
tomar iniciativa referente a questões de âmbito nacional, que
fira a ética jornalística;
receber diretamente representação dirigida à 1ª instância,
quando houver incompatibilidade ou impedimento legal e em casos especiais.
ARTIGO 21 – Os jornalistas que descumprirem o presente Código
de Ética ficam sujeitos gradativamente às seguintes penalidades:
aos associados do sindicato, de observação, advertência, suspensão
e exclusão do quadro social do sindicato;
aos não associados, de observação, advertência pública, impedimento
temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do
sindicato.
ARTIGO 22 – Por iniciativa de qualquer jornalista, cidadão
ou instituição atingidos, poderá ser dirigida representação escrita
e identificada diretamente à Comissão de Ética, em caráter confidencial,
para que seja apurada a existência de transgressão cometida por jornalista.
ARTIGO 23 – Recebida a representação, a Comissão de Ética ou
o Conselho Nacional de Ética decidirão da sua aceitação ou, se notadamente
incabível, determinarão seu arquivamento, tornando pública a decisão,
se necessário.
ARTIGO 24 – As penalidades constantes no art. 21, serão aplicadas,
por decisão da Comissão de Ética ou do Conselho Nacional Ética, depois
de processo regular, objeto de queixa ou representação, no qual o acusado
terá a oportunidade do contraditório, como de direito, sob pena de nulidade.
PARÁGRAFO 1º – O jornalista ao ser notificado pelo relator
do processo, mediante sistema que comprove o recebimento da notificação,
terá o prazo de 10 (dez) dias na Comissão de Ética e 20 (vinte) dias
no Conselho Nacional de Ética, a contar do recebimento da referida notificação,
para apresentar, querendo, defesa prévia;
PARÁGRAFO 2º – Na hipótese de ser realizada audiência dentro
do prazo determinado no parágrafo anterior, o acusado poderá, na oportunidade,
apresentar sua defesa escrita ou mesmo se preferir, suas razões oralmente,
que serão tomadas a termo pelo relator do processo;
PARÁGRAFO 3º – A não observância, pelo jornalista, dos prazos
previstos neste artigo para promover sua defesa, caracterizará sua revelia,
implicando na aceitação dos termos da representação.
ARTIGO 25 – Concluída a fase instrutória, o relator fará o
relatório do processo sem o seu voto, e os autos serão conclusos ao
presidente do Conselho que deliberará, no prazo máximo de 30 (trinta)
dias, sobre o local, dia e hora, para a Sessão de Julgamento, convocando
em seguida os membros do Conselho.
PARÁGRAFO ÚNICO – Constará de ata a decisão do colegiado e
será baixada Resolução alusiva ao que foi decidido, assinada pelo presidente
da Sessão de Julgamento, enviando-se cópia da mesma ao presidente da
FENAJ e às partes envolvidas, para seus respectivos conhecimentos.
ARTIGO 26 – Os jornalistas sindicalizados atingidos pelas penas
de observação, advertência e suspensão, e os não sindicalizados, de
advertência pública e impedimento temporário de entrar no quadro social
da entidade, poderão recorrer da decisão da Comissão de Ética do Sindicato
diretamente ao Conselho Nacional de Ética.
PARÁGRAFO 1º – As penalidades máximas a serem aplicadas são:
exclusão do jornalista sindicalizado do quadro social do sindicato e
impedimento definitivo de ingresso do jornalista não sindicalizado no
quadro social da entidade. As sanções só terão validade depois de serem
homologadas pela Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada
para este fim, quando a decisão transitará em julgado.
PARÁGRAFO 2º – Só depois da homologação da penalidade máxima
é que os atingidos poderão recorrer, no prazo legal, ao Conselho Nacional
de Ética, em última instância.
ARTIGO 27 – A notória intenção de prejudicar o jornalista,
manifestada em caso de representação sem o devido fundamento, será objeto
de censura pública contra o seu autor, através de nota na imprensa.
ARTIGO 28 – A presente alteração no Código de Ética dos Jornalistas
(Título IV – Aplicação do Código de Ética), após a sua aprovação no
Congresso Nacional de Jornalistas, entrará em vigor a partir da data
de sua publicação no Diário Oficial da União.
ARTIGO 29 – Qualquer modificação neste Código somente poderá
ser feita em Congresso Nacional de Jornalistas, mediante proposição
subscrita no mínimo por 10 (dez) delegações representantes de Sindicatos
de Jornalistas.
ARTIGO 30 – Revogam-se as disposições em contrário.
Justificativa
A presente proposição altera o atual
Capítulo IV, do Código de Ética dos Jornalistas, com a finalidade de
ordenar a processualística que deverá ser adotada quando da aplicação
do Código de Ética dos profissionais de imprensa. Esta alteração trata ainda da competência,
objetivos, finalidade e atribuições do órgão judicante da categoria,
definindo prazos para a fase instrutória dos processos e para a Sessão
de Julgamento, onde o contraditório é assegurado, como de direito, sob
pena de nulidade. Sugere também a mudança do nome de
Comissão Nacional de Ética para Conselho Nacional de Ética na FENAJ,
como órgão julgador de segunda instância.
Estrutura
da FENAJ
Tese - Proposta de um
Regimento Eleitoral para as eleições da FENAJ –
aprovada para ser enviada ao Conselho de Representantes juntamente com
o atual regimento eleitoral. Os sindicatos terão a partir de 7 de agosto, 3 meses para apresentarem propostas de emenda ao regimento
eleitoral
Autor:
·
Amilton Vieira, em
nome da diretoria do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
Nas últimas eleições da FENAJ tivemos
um regimento eleitoral com lacunas importantes, o que fez com que a
Comissão Eleitoral Nacional acabasse fixando tais normas no decorrer
do andamento do pleito. Para evitar que problemas dessa natureza voltem
a ocorrer elaboramos um texto que, se contar com a aprovação dos colegas
e das colegas delegadas neste congresso, será utilizado como Regimento
Eleitoral nas próximas eleições da FENAJ. O texto que apresentamos aqui
ainda precisa passar por uma boa revisão, gramatical e técnica, e também
pela consultoria de um advogado especializado em eleições sindicais
para, entre outros aspectos, atestar sua completa harmonização com as
normas existentes em nosso Estatuto. Portanto, podemos trazer novas
sugestões diretamente ao plenário deste Congresso. Ao final do texto
proposto, apresentamos um calendário exemplificativo de como ficariam
as datas de uma eleição hipotética, no caso de as normas aqui propostas
serem aplicadas.
REGIMENTO
ELEITORAL DA FENAJ - FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS
Art. 1 - Os membros dos órgãos que compõem o sistema diretivo
da FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas serão eleitos em processo
eleitoral único, trienalmente, de conformidade com os dispositivos legais
e determinações deste Regimento Eleitoral. Art. 2 - As eleições de que trata o artigo anterior serão realizadas
em até 30 (trinta) dias do término dos mandatos vigentes. Art. 3 - É eleitor todo associado efetivo que, na data da eleição,
tiver: I - mais de 3 (três) meses de inscrição no quadro social do
Sindicato; II - quitado as mensalidades até 15 (quinze) dias antes das
eleições; III - no gozo dos direitos conferidos pelo Estatutos das Entidades
Sindicais filiadas. Art. 4 - Os documentos válidos para identificação do eleitor: I - Carteira de trabalho; II - Carteira de Identidade; III - Carteira de Identidade de Jornalista. IV - Crachá de identificação da empresa. VI - Carteira de habilitação Art. 5 - Não será permitido o voto por procuração. Art. 6 - Poderá ser candidato o associado que, na data da inscrição
da chapa, tiver mais de 6 (seis) meses de inscrição no quadro social
do Sindicato e pelo menos 12 (doze) meses de exercício da profissão,
estiver em dia com suas mensalidades e no gozo dos direitos conferidos
pelos Estatutos sindicais. Art. 7 - Será inelegível, bem como fica vedado de permanecer
no exercício de cargos eletivos, o associado: I - que não tiver definitivamente aprovadas as suas contas
em função de exercício em cargos de administração sindical; II - que tiver lesado o patrimônio de qualquer entidade sindical; III - que estiver no exercício do serviço militar. Art. 8 - A Diretoria Executiva da FENAJ convocará o Conselho
de Representantes para detalhar o calendário eleitoral, respeitando
as regras determinadas neste Regimento Eleitoral, em até 90 (noventa)
dias da data prevista para o termino do mandato da diretoria. Art. 9 - O Conselho de Representantes indicara a Comissão Eleitoral
Nacional, que deve ser composta por 5 (cinco) efetivos e 2 (dois) suplentes,
consultando antecipadamente os grupos políticos interessados no processo
eleitoral. I - A Comissão Eleitoral Local, composta por 3 (três) jornalistas,
é indicada pelo Sindicato, ouvindo as chapas interessadas. Parágrafo único - O Conselho de Representantes publicará edital
com o calendário eleitoral, as regras e prazo para registro de chapas
e candidaturas e prazos para impugnações, em jornal de grande circulação
nacional e nos boletins dos Sindicatos, sendo afixado nas sedes e nas
sub-sedes dos Sindicatos. Art. 10 - Os membros da Comissão Eleitoral não poderão integrar
qualquer das chapas que vierem a disputar as eleições. Art. 11 - O prazo para registro de chapas será de 10 (dez)
dias corridos, contados da data de publicação do edital previsto no
artigo anterior. Art. 12 - O requerimento de registro da chapa, em 2 (duas)
vias, endereçado à Comissão Eleitoral Nacional e assinado por qualquer
dos candidatos que a integram, será instruído com os seguintes documentos: I - Ficha de qualificação de cada candidato em 2 (duas) vias; II - Copia da identidade profissional de jornalista, atualizada. III- Atestado fornecido pelo Sindicato comprovando sua situação
sindical. Parágrafo único - Do requerimento de registro de chapa deverá
constar a indicação de um dos seus membros para representar a chapa
junto a Comissão Eleitoral. Art. 13 - Feito o registro de cada chapa, a Comissão Eleitoral
Nacional comunicará, em 24 horas, por escrito e mediante comprovação,
à empresa, o registro da candidatura do seu empregado. Art. 14 - O registro de chapas será feito na secretaria da
FENAJ, que fornecerá recibo da documentação apresentada. Art. 15 - Será recusado o registro de chapa que não esteja
acompanhada das fichas de qualificação preenchidas e assinadas por todos
os candidatos. § 1º - É obrigatória a apresentação de um mínimo de 3 (três)
e máximo de 5 (cinco) candidatos para a Comissão de Ética. I - É permitido a candidatura individual para participar da
Comissão de Ética, respeitando-se as condições prevista nos artigos
anteriores, quanto a documentação e comprovações. II - O candidato individual à Comissão de Ética deverá comprovar
o exercício profissional por mais de 10 (dez) anos. III - A chapas registrada devem ter no mínimo, 25% (vinte e
cinco por cento dos cargos ocupados por mulheres. § 2º - Verificando-se irregularidade na documentação apresentada,
a Comissão Eleitoral notificará o interessado para que promova a correção
no prazo de 3 (três) dias úteis, sob pena de o registro não se efetivar,
admitindo-se dentro desse prazo a substituição de até 20% (vinte por
cento) dos membros da chapa. § 3º - O prazo de registro para registro de chapas e candidatos,
em nenhuma hipótese, será prorrogado. Art. 16 - Encerrado o prazo ( dia da apresentação mais 3 (três)
dias para correção e ou substituição) para o registro de chapas, a Comissão
Eleitoral providenciará: I - a imediata lavratura da ata, que será assinada por todos
os seus membros, mencionando-se as chapas registradas, com os nomes
de todos os candidatos; II - no prazo de 6 (seis) dias corridos, a publicação da relação
das chapas registradas através dos mesmos meios de divulgação do edital,
de que trata o parágrafo único, do artigo 8, parágrafo único, deste
Regimento. Art. 17 - Ocorrendo renúncia formal de candidato após o registro
da chapa, a Comissão Eleitoral afixará cópia desse pedido na sede e
nas subsedes do Sindicato. § 1º - Não será admitida a substituição do candidato renunciante
após o registro da chapa. § 2º - Não será permitido remanejamento. § 3º - A chapa de que fizerem parte candidatos renunciantes
concorrerá desde que estejam preenchidas todas as vagas da Diretoria
Executiva, dos Vice Regionais, do Conselho Fiscal e da Comissão de Ética. Art. 18 - Encerrado o prazo de inscrição, inclusive das substituições,
será aberto o prazo de 3 (três) dias úteis, para apresentação de pedido
de impugnação, a ser apreciado pela Comissão Eleitoral Nacional. Art. 19 - Encerrado o prazo sem que tenha havido registro de
chapa, a Comissão Eleitoral Nacional, após consulta a Diretoria da FENAJ,
dentro de 48 (quarenta e oito) horas, providenciará nova convocação
de eleição. Art. 20 - Após o término do prazo para registro de chapas,
a Comissão Eleitoral Nacional fornecerá, no dia seguinte ao término
desse prazo, para cada chapa registrada, a relação de associados efetivos
pré-qualificados para votar, como previsto neste Regimento. § 1º - Os Sindicatos deverão divulgar, no mínimo uma publicação,
em boletim ou jornal, com o mesmo espaço, com apresentação dos programas
das chapas concorrentes, a ser enviada a todos os associados. Art. 21 - A Comissão Eleitoral Local fixará o horário da recepção
dos votos. assegurando um período mínimo de 8 (oito) horas diárias,
sendo que, no último dia o horário de encerramento da votação será,
obrigatoriamente, às 20 horas, horário local.. § 1º - A eleição poderá ser realizada em 1, 2 ou 3 dias, por
decisão do Sindicato; no caso de ser em um único dia, deverá ser sempre
no último. Art. 22 - A Comissão Eleitora Nacional dirige o processo eleitoral.
O Sistema Diretivo dos Sindicatos devem colocar à disposição da Comissão
Eleitoral Local os documentos requeridos por esta, pertinentes ao processo
eleitoral. A Comissão Eleitoral Local dirige o processo de apuração
das eleições, transformando-se em Mesa Apuradora e tomando suas decisões
coletivamente. O presidente da Comissão Eleitoral Local torna-se presidente
da Mesa Apuradora. A impugnação de votos em separado e de urnas é tomada
por maioria dos votos. Art. 23 - Em qualquer uma das mesas eleitorais, incluindo as
do Interior e o voto por correspondência, a apuração só poderá começar
após a checagem de todos os votos em separado com lista geral de votação
na qual conste o eleitor. Terminada a checagem, a Mesa Apuradora autorizará
a abertura das urnas e contagem de votos. A urna que for aberta sem
autorização será impugnada. Art. 24 - A relação dos associados em condições de votar será
elaborada até 20 (vinte) dias antes da data da eleição, será fornecida
a um representante de cada chapa registrada, mediante requerimento à
Comissão Eleitoral Nacional. Art. 25 - As mesas coletoras serão constituídas de dois mesários,
um deles será o presidente, designados pela Comissão Eleitoral. § 1º - Os trabalhos das mesas coletoras poderão ser acompanhados
por fiscais das chapas inscritas, os quais serão escolhidos entre associados
efetivos eleitores não candidatos e indicados à Comissão Eleitoral. § 2º - Os mesários das mesas coletoras serão escolhidos pela
Comissão Eleitoral e constituídas nos dias da eleição, podendo haver
rodízio entre os coletores. Art. 26 - Não poderão ser nomeados membros das mesas coletoras: I - os candidatos, seus cônjuges e parentes até o terceiro
grau; II - os membros das Diretorias dos Sindicatos. Art. 27 - Os mesários substituirão o presidente da mesa coletora,
de modo que haja sempre quem responda pessoalmente pela ordem e regularidade
do processo de coleta de votos. § 1º - Todos os membros da mesa coletora deverão estar presentes
ao ato de abertura e de encerramento da votação, salvo por motivo de
força maior. § 2º - Poderá o mesário, ou membro da mesa que assumir a presidência,
nomear ad hoc, dentre as pessoas presentes e observados os impedimentos
do artigo anterior, os membros que forem necessários para substituir
o ausente da mesa. Art. 28 - Somente poderão permanecer no recinto da mesa coletora
os seus membros, os fiscais designados na proporção de 1 (um) por chapa
registrada e, durante o tempo necessário à votação, o eleitor. Parágrafo único - Nenhuma pessoa estranha à direção da mesa
coletora poderá intervir no seu funcionamento durante os trabalhos de
votação. Art. 29 - Os trabalhos eleitorais da mesa coletora obedecerão
sempre os horários de início e de encerramento previstas no roteiro
de urnas estabelecido pela Comissão Eleitoral Local, após ouvir o Sindicato. § 1º - Os trabalhos de votação poderão ser encerrados antecipadamente
se já tiverem votado todos os eleitores constantes da folha de votação,
com possibilidade de comparecimento ao local de votação. § 2º - Quando a votação se fizer em mais de um dia, ao término
dos trabalhos de cada dia, o presidente da mesa coletora, juntamente
com os mesários, procederá ao fechamento da urna com aposição de tiras
de papel gomado, rubricadas pelos membros das mesas e dos fiscais, fazendo
lavrar ata, pelos mesmos assinada, com menção expressa do número de
votos depositados. § 3º - Ao término dos trabalhos de cada dia, as urnas permanecerão
na sede, sub-sedes do Sindicato, em local seguro e lacrado, indicado
pela Comissão Eleitoral. § 4º - O descerramento da urna no dia da continuação da votação
deverá ser feito na presença dos mesários e fiscais, após verificar
que a mesma permaneceu inviolada. Art. 30 - Iniciada a votação, cada eleitor, pela ordem de apresentação
à mesa, depois de identificado, assinará a folha de votantes, receberá
a cédula única rubricada pelo presidente e mesários e, em local reservado,
após assinalar no retângulo próprio a chapa de sua preferência, a dobrará,
depositando-a, em seguida, na urna colocada na mesa coletora. Art. 31 - Os associados cujos nomes não constarem na lista
de votantes ou os em trânsito, eleitores de outros estados, votarão
em separado. Parágrafo único - O voto em separado será tomado da seguinte
forma: I - o presidente da mesa coletora entregará ao eleitor sobrecarta
apropriada, para que ele, na presença da mesa, nela coloque a cédula
que assinalou, colando a sobrecarta; II - o presidente da mesa coletora anotará no verso da sobrecarta
as razões da medida, para posterior decisão do presidente da mesa apuradora. III - O eleitor em trânsito deverá comprovar seu vinculo associativo
com o Sindicato do seu estado base. Art. 33 - Na hora determinada no edital para encerramento da
votação, havendo no recinto eleitores a votar, serão convidados em voz
alta a fazerem entrega ao presidente da mesa coletora do documento de
identificação, prosseguindo os trabalhos até que vote o último eleitor. § 1º - Caso não haja mais eleitores a votar, serão imediatamente
encerrados os trabalhos. § 2º - Encerrados os trabalhos de votação, a urna será lacrada
com aposição de tiras de papel gomado, rubricadas pelos membros da mesa
e pelos fiscais. § 3º - Em seguida, o presidente fará lavrar ata, que será também
assinada pelos mesários e fiscais, registrando a data e hora do início
e do encerramento dos trabalhos, total de votantes e dos associados
em condições de votar, o número de votos em separado, se houver, bem
como, resumidamente, os protestos apresentados pelos eleitores, candidatos
ou fiscais. A seguir, o presidente da mesa coletora fará a entrega a
Comissão Eleitoral. Art. 34 - O exercício do voto por correspondência só será permitido
ao eleitor que residir fora dos municípios da sede ou sub-sedes dos
Sindicatos. § 1º - As secretarias dos Sindicatos, sob supervisão da Comissão
Eleitoral remeterá, até 15 (quinze) dias antes da eleição, aos eleitores
que preenchem a condição do artigo anterior, circular informativa do
pleito, acompanhada de duas sobrecartas de tamanhos diferentes, da cédula
única de votação e de uma ficha de identificação do eleitor. § 2º - Os critérios de recepção e apuração dos votos serão
elaborados pela Comissão Eleitoral com a participação dos representantes
das chapas, apresentados à Diretoria Executiva dos Sindicatos que dará
ampla divulgação. § 3º - Os votos por correspondência, embora enviados em tempo
hábil, só serão computados se chegarem às mãos do presidente da mesa
de recepção para votos por correspondência até o encerramento dos trabalhos
desta, devendo ser inutilizados pelo presidente do Sindicato, sem serem
abertas, as sobrecartas recebidas posteriormente. § 4º - Funcionará na sede do Sindicato uma mesa de recepção
para votos por correspondência, sob responsabilidade da Comissão Eleitoral,
ficando a seu encargo a urna destinada a receber as sobrecartas com
a declaração "Fim Eleitoral Sindical" e que terá os seguintes
procedimentos; I - a urna será instalada 5 (cinco) dias após a remessa do
material referido neste artigo e funcionará no horário normal do expediente
do Sindicato; II - ao término dos trabalhos de cada dia, o responsável, indicado
pela Comissão Eleitoral, para votos por correspondência procederá de
acordo com o artigo 31 e seus parágrafos deste Regimento; III - encerrados os trabalhos de votação por correspondência,
a urna será lacrada com aposição de tiras de papel gomado, rubricadas
por, no mínimo, 3 (três), testemunhas e pelos fiscais, caso estejam
presentes, fazendo lavrar ata final, pelos mesmos assinada, da qual
deverão constar referências às atas anteriores e o total do número de
sobrecartas recebidas. Em seguida, será procedida a entrega ao representante
da Comissão Eleitoral, mediante recibo de todo o material utilizado
durante a votação. Art. 35 - É facultada a organização de mesas coletoras itinerantes
nas redações da sede e sub-sedes dos Sindicatos. O critério para a ida
das urnas em locais de trabalho será único, baseado num número mínimo
de filiados no local. A Comissão Eleitoral Local juntamente com Sindicato
fixará esse número. Art. 36 - Havendo uma única chapa inscrita e apta a participar
do processo eleitoral e desde que haja concordância entre a chapa e
a Comissão Eleitoral, o exercício do voto por correspondência será permitido
também ao eleitor que residir nos municípios da sede ou sub-sedes do
Sindicato Art. 37 - A Comissão Eleitoral Nacional poderá autorizar, por
solicitação do Sindicato, após verificar as condições técnicas, de segurança
e de sigilo, utilizar o voto por meio eletrônico (Internet). I - A apuração dos votos eletrônico, deve ser registrada em
ata assinada pelo responsável técnico e fiscais da chapa, só poderá
ser realizada após o fechamento de todas as urnas coletoras e sob a
supervisão da Comissão Eleitoral Local. A divulgação do resultado desta
apuração deve ser feita conjuntamente com os votos em papel. Art. 38 - A mesa apuradora será constituída por um presidente,
dois auxiliares e um suplente. Parágrafo único - A Comissão Eleitoral Local poderá nomear
quantos escrutinadores julgar necessários para a contagem dos votos. Art. 39 - As coletoras nas sub-sedes sindicais poderão ser
transformada em apuradoras supletivas logo após o termino da votação,
no último dia, autorizadas pela Comissão Eleitoral Local. Art. 40 - Contadas as cédulas da urna, o presidente da mesa
verificará se o seu número coincide com o da lista de votantes. § 1º - Se o número de cédulas for igual ou inferior ao de votantes
que assinaram a respectiva lista, far-se-á a apuração. § 2º - Se o total de cédulas for superior ao da respectiva
lista de votantes, proceder-se-á a apuração descontando-se dos votos
atribuídos à chapa mais votada o número de votos equivalentes às cédulas
em excesso, desde que esse número seja inferior à diferença entre as
duas chapas mais votadas. § 3º - Se o excesso for igual ou superior à diferença entre
as duas chapas mais votadas, a urna será anulada. § 4º - Examinar-se-ão um a um os votos em separado, decidindo
o presidente da mesa, em cada caso, pela sua aceitação ou rejeição. § 5º - Apresentando a cédula qualquer sinal, rasura ou dizer
suscetível de identificar o eleitor, ou tendo este assinalado duas ou
mais chapas, o voto será anulado. Art. 41 - Sempre que houver protesto fundado em contagem errônea
de votos, vícios de sobrecartas ou cédulas, deverão estas ser conservadas
em invólucro lacrado, que acompanhará o processo eleitoral até decisão
final. Parágrafo único - Haja ou não protestos, conservar-se-ão as
cédulas apuradas sob guarda do presidente da mesa apuradora, até proclamação
final do resultado, a fim de assegurar eventual recontagem de votos. Art. 42 - A apuração dos votos por correspondência far-se-á
da seguinte forma: I - aberta a urna, as sobrecartas serão contadas e conferidas; II - aberta a sobrecarta maior, dela se retirará a ficha de
identificação, colocando-se a sobrecarta menor em outra urna, depois
de verificada a condição de eleitor e anotado o seu nome na relação
de votantes; III - em seguida, o presidente da mesa registrará na ficha
a data da eleição e declarará o eleitor ter votado; IV - cumpridas as formalidades em relação a todas as sobrecartas,
será encerrada e assinada pela mesa apuradora a relação dos votantes
por correspondência; V - o presidente da mesa apuradora procederá, em seguida, a
apuração dos votos contidos nas sobrecartas menores, que se regulará
pelas disposições relativas à apuração comum; VI - ocorrendo protestos em relação a determinado votante por
correspondência, a sobrecarta menor, que lhe corresponde, só será aberta
depois da decisão do presidente da mesa. Art. 43 - Se houver mesa apuradora supletiva, obedecerão os
seus trabalhos o disposto para a mesa apuradora da sede, cabendo a esta
incorporar aos seus próprios resultados os que receber daquela. Art. 44 - Assiste ao eleitor o direito de formular, perante
a mesa, qualquer protesto referente à apuração. § 1º - O protesto poderá ser verbal ou por escrito, devendo,
neste último caso, ser anexado à ata de apuração. § 2º - Não sendo o protesto verbal ratificado, no curso dos
trabalhos de apuração, sob forma escrita, dele não se tomará conhecimento. Art. 45 - Finda a apuração, o presidente da mesa apuradora
proclamará eleitos os candidatos que obtiverem maioria simples ou, no
caso de chapa única, 50% (cinqüenta por cento) dos votos válidos, e
fará lavrar a ata dos trabalhos eleitorais. § 1º - A ata mencionará obrigatoriamente: I - dia e hora da abertura e encerramento dos trabalhos; II - local ou locais em que funcionaram as mesas coletoras,
com os nomes dos respectivos componentes; III - resultado de cada urna apurada, especificando-se o número
de votantes, sobrecartas, cédulas apuradas, votos atribuídos a cada
chapa registrada, votos em branco e votos nulos; IV - número total de eleitores que votaram; V - resultado geral da apuração; VI - apresentação ou não de protesto, fazendo-se, em caso afirmativo,
resumo de cada protesto formulado perante a mesa; VII - todas as demais ocorrências relacionadas com a apuração. § 2º - A ata será assinada pelo presidente, demais membros
da mesa e fiscais, esclarecendo-se o motivo da eventual falta de qualquer
assinatura. § 3º - A ata fará referência expressa à prática de atos relacionados
à votação por correspondência, quando esta ocorrer. Art. 46 - Em caso de empate entre as chapas mais votadas, realizar-se-ão
novas eleições no prazo de 15 (quinze) dias, limitada a eleição às chapas
em questão. Art. 47 - Após o término da apuração, no último dia da eleição,
caberá ao presidente do Sindicato comunicar a FENAJ e a Comissão Eleitoral
Nacional o resultado, em até 24 horas após o encerramento. Art. 48 - Será nula a eleição quando: I - realizada em dia, diversos dos permitidos no edital ou
comunicado oficial. II - realizada ou apurada perante a mesa não constituída de
acordo com o estabelecido neste capítulo; III - preterida qualquer formalidade essencial estabelecida
neste capítulo, ocasionando subversão do processo eleitoral; IV - não for observado qualquer um dos prazos essenciais constantes
neste capítulo. Art. 49 - Será anulada a eleição quando ocorrer vício que comprometa
sua legitimidade, importando prejuízo a qualquer candidato ou chapa
concorrente. Parágrafo único - A anulação do voto não implicará a da urna
em que a ocorrência se verificar, nem a anulação da urna importará na
da eleição, salvo se o número de votos anulados for igual ou superior
ao da diferença final entre as duas chapas mais votadas. Art. 50 - Não poderá a nulidade ser invocada por quem lhe deu
causa, nem aproveitará ao seu responsável. Art. 51 - O presidente(a) da FENAJ deverá comunicar, por escrito
e mediante recibo, à empresa, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
a eleição, bem como a posse do empregado. Art. 52 - Os prazos constantes deste capítulo, sem exceção,
computar-se-ão excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. § 1º - considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
seguinte se o vencimento cair em feriado, sábado ou domingo. § 2º- O termo inicial do prazo não coincidirá com sábado, domingo
ou feriado, ficando este prorrogado até o primeiro dia útil imediatamente
seguinte. § 3º- Em se tratando de prazo cujo o termo final ocorra antes
do seu termo inicial (prazo regressivo), em coincidindo o termo final
com feriado, sábado ou domingo, este será prorrogado para o primeiro
dia imediatamente anterior. Art. 53 - À Comissão Eleitoral Nacional caberá dirimir as dúvidas
surgidas na aplicação deste capítulo, cabendo recurso de todos os seus
atos ao Conselho de Representantes. Art. 54 - A Comissão Eleitoral Local deve enviar a Comissão
Eleitoral Nacional os documento originais da eleição, mantendo arquivada
no Sindicato uma cópia dos documentos. Parágrafo único - São peças essenciais do processo eleitoral: III - edital de convocação das eleições; IV - cópias dos requerimentos do registro de chapa e demais
documentos; III - Comunicados sindicais com roteiro de urnas e divulgação
da eleição; V - relação dos eleitores; VI - expedientes relativos à composição das mesas eleitorais; VII - lista de votantes; VIII - atas dos trabalhos eleitorais; IX - exemplar da cédula única; X - impugnação, recursos, contra-razões, parecer da Comissão
Eleitoral; XI - resultado da eleição. Art. 55 - Após o término da apuração, no último dia da eleição,
caberá ao presidente(a) do Sindicato comunicar a FENAJ e a Comissão
Eleitoral Nacional o resultado, em até 24 horas após o encerramento. Art.56 - Divulgado o resultado, correrá o prazo de 3 (três)
dias úteis para apresentação de impugnação do resultado, que deverá
ser apreciado dentro de 48 (quarenta e oito) horas pela Comissão Eleitoral
Nacional. Art. 57 - Se as eleições, por qualquer motivo, forem anuladas,
os integrantes da Diretoria Executiva, Vices-Regionais e do Conselho
Fiscal da FENAJ permanecerão em exercício até a data prevista para novo
processo eleitoral e posse da nova diretoria eleita § 1º - Até 10 (10) dias após a divulgação do resultado, o presidente(a)
da FENAJ fará publicar no Diário Oficial da União o resultado oficial
das eleições, marcando a data e o local da posse da nova diretoria eleita.
UM EXEMPLO DE CALENDÁRIO, APLICANDO-SE AS NORMAS AQUI PROPOSTAS: Supondo-se que a eleição seria este ano, com o mandato da Diretoria
e da Comissão Nacional de Ética encerrando-se em 04 de agosto de 2004,
teríamos o seguinte calendário eleitoral: 05 de julho - 30 dias do fim do mandato - último dia para eleição. 06 de abril - 90 dias do final mandato - Reunião do Conselho
de Representantes. 20 de abril - 10 dias úteis da reunião do CR - publicação do
edital. 30 de abril - 10 dias após a publicação do edital - último
dia para registro das chapas. 05 de maio - 3 dias para substituição e/ou complementação das
chapas. 11 de maio - 6 dias corridos - publicação do edital com as
chapas registradas. 13 de maio - 48 horas após a data de publicação do edital com
a nominata completa das chapas - convocar nova eleição. 11 de maio a 5 de julho - 26 dias para a realização da campanha.
Decisão
sobre o XXXII Congresso Nacional dos Jornalistas
Foi aprovada a proposta que o XXXII
Congresso Nacional dos Jornalistas seja realizado no estado de Minas
Gerais.
Moções
aprovadas no XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas
Anistia
de jornalistas - aprovada por unanimidade
Autores: Paulo Cannabrava e Fred Ghedini
Exmo. Sr Luís Ignácio Lula da Silva M.D. Presidente da República Palácio do Planalto Brasília
- DF
Cópias para: Senador Edison Lobão - presidente da Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania do Senado Federal Deputado Maurício Rands - presidente da Comissão de Constituição
e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados Deputado. Mário Heringer - presidente da Comissão de Direitos
Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados Dr. Márcio Thomas Bastos - M. D. ministro da Justiça Dr. Nilmário Miranda - M.D. ministro da Secretaria Especial
dos Direitos Humanos Prof. Dr. Marcello Lavenêre Machado - M. D presidente da Comissão
de Anistia
João Pessoa, 6 de agosto de 2004 Plenário do XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas
Excelência, Os jornalistas brasileiros presentes
ao XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas, pedem atenção de Vossa Excia.
a fatos envolvendo jornalistas que estão a ocorrer na Comissão de Anistia
do Ministério da Justiça, dando margem a informações e comentários publicados
na mídia desfavoráveis à imagem de fidelidade à Justiça e de respeito
aos direitos humanos que deve caracterizar essa egrégia Comissão. Com vistas a evitar a continuidade
desses fatos e a facilitar o respeito ao princípio da isonomia, a aplicação
da justiça de forma equânime e agilizar o trabalho da Comissão, sugerimos
que os valores para remuneração de anistiados sejam indicados com base
em uma média nacional de remuneração para jornalistas em exercício atual
da profissão de acordo com tabela de referência fornecida pela Federação
Nacional de Jornalistas, elaborada tomando em conta os acordos coletivos
firmados em cada região. Para os casos especiais que venham a ocorrer em alguns estados
com especificidades no mercado de trabalho, que a remuneração seja indicada
pelo Sindicato Estadual de Jornalistas, de acordo com tabela de referência
fornecida pelo sindicato e elaborada com base no acordo coletivo em
vigor. A seguir relacionamos alguns dos fatos
que têm sido objeto de críticas pelos meios de comunicação gerando mal
entendidos na opinião pública:
·
À jornalistas que exerciam
funções de chefia e de direção em veículos de comunicação a Comissão
indicou remuneração menor que aquela que eles estavam recebendo quando
foram punidos se corrigidos os valores.
·
À jornalistas que exerciam
funções de chefia e de direção nesses meios a Comissão indicou remuneração
menor dá que recebem seus colegas nas mesmas funções nos dias de hoje.
·
Outros jornalistas
que ocupavam funções de redatores ou colunistas na época em que foram
punidos receberam da Comissão indicação para receber remuneração superior
a de seus colegas que hoje ocupam cargos de chefia e/ou direção.
·
Jornalistas que iniciaram
processo de anistia em data recente (menos de dois anos) já foram anistiados
enquanto outros que iniciaram processo há mais de sete anos sequer tiveram
seus processos distribuídos.
·
Jornalistas mais idosos
não tem tido prioridade sobre os mais moços.
·
Jornalistas que foram
encarcerados, torturados, morreram em conseqüência de seqüelas desses
maltratos sem que tivessem sido anistiados e a seus herdeiros vem sendo
negado esse direito. Confiamos no espirito de justiça e
de solidariedade de Vossa Excelência, também um anistiado.
Atenção aos aposentados
- aprovada por maioria
Autor: Manoel Bezerra Jr. - São Paulo
João Pessoa, 7 de agosto de 2004
Ao Presidente da República Excelentíssimo Sr. Luís Inácio Lula da Silva
Ao Ministro da Previdência Excelentíssimo Sr. Amir Francisco Lando
Ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça Excelentíssimo dr. Edson Vidigal
Ao Presidente do Senado Excelentíssimo Sr. José Sarney
Ao Presidente da Câmara dos Deputados Excelentíssimo Sr. João Paulo Cunha
Os delegados ao XXXI Congresso Nacional
dos Jornalistas, realizado em João Pessoa, PB, nos dias 4, 5, 6, 7 e
8 de agosto de 2004, considerando que os trabalhadores brasileiros aposentados,
após toda uma vida dedicada à construção da riqueza da nação, sofreram,
impotentes, seguidas reduções de seus salários provocadas entre outros
pelos vários planos econômicos, considerando que tramitam na Justiça
milhares de pedidos de revisão de aposentadoria, e que muitos dos seus
titulares já faleceram, restando aos seus dependentes o resultado da
ação, considerando que o atual governo tem se empenhado na correção
de injustiças históricas que atingem várias segmentos da sociedade brasileira. Solicitam que as autoridades responsáveis
dêem especial atenção para as questões relativas aos aposentados, principalmente
para os pedidos de revisão de aposentadorias concedidas entre 1971 e
1988, para que seus titulares ainda possam usufruir do benefício.
Moção
de repúdio ao governo de George Walker Bush
Autores: Coletivo Carioca de Jornalistas, Sindicato de Jornalistas Profissionais
do Distrito Federal, Movimento Sindicato é Para Lutar – Oposição à diretoria
do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
As últimas semanas têm se acirrado
as pressões do governo estadunidense contra um país soberano que não
reza pela cartilha estabeleci da pelo Departamento de Estado. Estamos
falando de Cuba, que além de sofrer um bloqueio, sem precedentes, na
história contemporânea, enfrenta também um bloqueio midiático que se
reflete numa cobertura diária totalmente manipulada e que serve a interesses
de grupos extremistas cubano-americanos. Além de o governo de George W. Bush
ter determinado maiores medidas restritivas contra o povo cubano, inclusive
restringindo o tempo de viagem de cubanos residentes nos Estados Unidos
à ilha caribenha (uma vez a cada três anos), a Casa Branca está intensificando
a ação de rádios e TVs em território estadunidense, até mesmo utilizando
aviões aparelhados com antenas potentes direcionadas a território cubano.
Trata-se de uma total subversão da legislação internacional de rádio
comunicação. Como se tudo isso não bastasse, neste
momento cinco cidadãos cubanos, um deles também de nacionalidade estadunidense,
encontram-se presos cumprindo penas absurdas e ilegais, por terem sido
acusados de espionagem. Na verdade, estes cidadãos nunca foram espiões
e apenas cumpriam uma missão preventiva para evitar que Cuba fosse objeto
de ações terroristas de grupos de extrema-direita do exílio cubano em
Miami, na Flórida. O (imoral) bloqueio midiático tem impedido que os
latino-americanos, e os próprios estadunidenses, sejam informados sobre
estes fatos. Esta moção deve ser encaminhada imediatamente
à Embaixada dos Estados Unidos e de Cuba em Brasília.
Moção de repúdio à ação
sindical do presidente do Sindicato dos Radialistas da Paraíba - aprovada por maioria
Autores: Delegação da Paraíba
Os jornalistas do XXXI Congresso Nacional
realizado em João Pessoa, de 04 a 08 de agosto 2004, repudiam a ação
sindical exercida pelo presidente do Sindicato dos Radialistas da Paraíba,
Moisés Marques, que vem praticando várias irregularidades, a exemplo
da venda de carteira profissional e da realização de cursos relâmpagos
com este fim. Conhecido pela sua submissão aos empresários
de comunicação do Estado, ainda tenta impedir o acesso de jornalistas
nas emissoras de rádio e TV, permitindo apenas o ingresso àqueles que
passarem pelo "seu curso" e pagarem pela habilitação. A gestão desastrada do presidente, que já dura mais de 10 anos,
além de ter levado a categoria à situação de miséria, está refletindo
no mercado de trabalho dos jornalistas profissionais do Estado da Paraíba.
As empresas de rádio e TV não querem mais assinar contratos com jornalistas
e sim, radialistas que recebem um piso inferior.
Ação
Popular contra a VI Licitação das Bacias Petrolíferas
Sugerimos aos companheiros e companheiras
que participam do XXXI Congresso da FENAJ a se engajarem no movimento
cívico contra a entrega de nossas reservas energéticas de petróleo,
na chamada Sexta Licitação de Bacias Sedimentares às transnacionais. É dever de todos voltar aos nossos
Estados para comunicar aos jornalistas brasileiros que a FENAJ participará
efetivamente da campanha de preservação de nossas riquezas energéticas
aderindo, uma Ação Popular contra a Licitação das Bacias Sedimentares.
Desta Ação participam, entre outras entidades a Associação dos Engenheiros
da Petrobras (Aepet), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Clube Militar
etc. Os Estados Unidos tiveram de invadir
e ocupar um país, o Iraque, para controlar as reservas de petróleo.
Aqui no Brasil, caso seja mesmo realizada a Licitação, o petróleo será
entregue de mão beijada. É, portanto, algo inadmissível.
Moção de repúdio às demissões
nos diários associados - aprovada por unanimidade
Autores: Delegação da Paraíba
Os jornalistas do XXXI Congresso Nacional
da categoria vêm manifestar sua solidariedade aos 150 profissionais,
entre estes 40 jornalistas, demitidos, no último dia 04 de agosto, pelos
Diários Associados no Estado, e ao mesmo tempo repudiam essas demissões,
que provocaram um grave problema social. Em menos de 2 anos, cerca de 270 profissionais
desse setor perderam seus empregos no Estado. No início de 2003, 120
trabalhadores da imprensa foram demitidos do Jornal A UNIÃO, órgão oficial
do Governo da Paraíba, gerando um verdadeiro caos no já combalido mercado
de Comunicação do Estado. Essas demissões recentes dos Diários Associados
vieram para restringir ainda mais as chances de trabalho para o jornalista
paraibano. No caso específico dos Diários Associados,
um dos critérios adotados para as demissões foi o tempo de serviço na
empresa. Os profissionais com mais de 10 anos de casa (alguns prestes
a se aposentar) foram os principais atingidos. Além da desagradável
surpresa da demissão, a revolta pela justificativa apresentada: os arrendatários
não teriam interesse em manter funcionários com muito tempo de serviço
na empresa e caso necessitassem de mais profissionais iriam terceirizar
seus serviços, acentuando o processo de precarização das relações de
trabalho, ora em curso no país.
Moção
de repúdio as ações ilegais do setor de Rádio e TV do Ceará - aprovada por unanimidade
Autores: Bancada do Ceará
Os jornalistas brasileiros reunidos
no XXXI Congresso Nacional da categoria, em João Pessoa (PB), repudiamos
as ações ilegais do setor de Rádio e TV do Ceará, encabeçadas pelo Sistema
Verdes Mares de Comunicação (TV Verdes Mares, TV Diário e Rádio Verdes
Mares), que:
·
Obrigam, através de
constrangimento e coação, os jornalistas profissionais a obterem o registro
de radialista como condição para o ingresso ou permanência no emprego;
·
Alteram a denominação
dos cargos restritos aos jornalistas, rotulando, por exemplo, editor
de texto como "autor-roteirista" e repórter como "locutor-noticiarista",
para adequação à nomenclatura utilizada para a categoria dos radialistas;
·
recusam-se a participar
de qualquer negociação coletiva de trabalho com o sindicato da categoria
(Sindjorce), alegando ilegitimidade da entidade para representar os
jornalistas e adotando o acordo coletivo dos radialistas;
·
descumprem decisões
judiciais que deram ganhos de causa em três dissídios coletivos (2002,
2003, 2004); e mantêm profissionais sem habilitação em funções privativas
de jornalistas. Diante dos fatos apresentados, sugerimos
que os sindicatos de jornalistas de todo o país encaminhem suas manifestações
de protesto contra estas atitudes nocivas ao exercício profissional,
que já são praticadas também em outros estados.
Sistema
Verdes Mares
·
Yolanda Queiroz (Presidente
do Grupo Edson Queiroz) - (85) 466.8971 (fax) Airton Queiroz (Vice-Presidente
do Grupo Edson Queiroz) jalberto@edsonqueiroz.com.br (85) 466.8971 (fax)
·
Edilmar Norões (Dir.
Responsável) - edilmar@diariodonordeste.com.br - (85) 266.9996 (fax)
·
Marcos Gomide (Dir.
de Jornalismo) - gomide.tvm@edsonqueiroz.com.br jornalismo.tvm@edsonqueiroz.com.br
- (85) 266.9988 (fax)
·
Roberto Moreira (Dir.
de Jornalismo) - acontece@verdesmares.com.br (85) 266.9196 (fax) TV
Jangadeiro
·
Jaime Machado (Diretor
Geral da TV Jangadeiro) - jaime@prnachado.com.br (85) 266.6040 (fax)
·
Fernando Eugênio (Diretor
Responsável) - jornal@tvjangadeiro.com.br (85)261.2822 (fax)
Privatização e internacionalização
da Amazônia - aprovada por unanimidade
Autor: Donato Cardoso - Academia de Imprensa de Belém
Que seja inscrito no relatório final
do XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas, a preocupação e os cuidados
dos jornalistas, na preservação da soberania da região da Amazônia brasileira,
a fim de não ser concretizado em emenda constitucional e consequentemente
em lei ordinária a privatização da floresta amazônica, conforme projeto
que consta no Ministério do Meio Ambiente, mediante o que foi noticiado
por alguns jornais do país no último domingo, dia 10 de agosto corrente. Atente-se para o fato que esse assunto
objeto do noticiário dos jornais, é uma espécie de golpe legislativo-florestal
sobre a soberania da Amazônia, considerando o princípio de que o conteúdo
acompanha o continente, isto é, que quem comprar a floresta se julgará
dono também da terra onde fica a cobertura florística. Essa privatização poderá resultar em
internacionalização da região, tendo em vista que as glebas de terras ficarão à mercê da aquisição
por parte da pessoas físicas e jurídicas, tanto nacionais como estrangeiras,
contrariando assim o que atualmente diz a Constituição, de que as terras
públicas não podem ser objeto de prescrição aquisitiva, nem mesmo por
usucapião. Considere-se também, que a questão
do Acre em 1905 somente teve solução favorável ao Brasil, graças a arregimentação
que fez Plácido de Castro no meio dos nordestino que foram para a Amazônia,
desde 1871 trabalhar na extração da borracha. A esse tempo, os sindicatos bolivianos,
manobrados e armados por interesses norte-americanos, tomaram o Acre
do Brasil, que somente foi retomado ao nosso país graças o que fez Plácido
de Castro ombreado a pernambucanos, cearenses, paraibanos, piauienses
e maranhenses. O gaúcho Plácido de Castro, aos 28
anos de idade, havia sido capitão do exército imperial de D. Pedro 11,
e excluído do Exército pela República foi morar no Acre, resultando
sua estada na região. Na salvação daquela grande área de
terra ao Brasil, fato que se toma praticamente impossível se repetir
hoje, na hipótese da floresta amazônica ser privatizada e consequentemente
internacionalizada com o beneplácito jurídico-legislativo do governo
federal. --- João Pessoa PB, 6 de agosto de 2004. - (as)
Jornalistas mortos ou
desaparecidos durante a ditadura militar - aprovada
por unanimidade
Autor: Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul
Os jornalistas brasileiros reunidos
no XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em 2004, em João
Pessoa, na Paraíba, ano dos 40 anos do golpe que instaurou a ditadura
militar no Brasil, vem publicamente prestar homenagem aos jornalistas
mortos e desaparecidos nesse período triste da nossa história.
·
Joaquim Câmara Ferreira
- Morto em 1970
·
Edmur Péricles Camargo
- Desaparecido em 1974
·
Hiran de Lima Pereira
- Desaparecido em 1975
·
Jayme Amorim Miranda
- Desaparecido em 1975
·
Luís Inácio Maranhão
Filho - Desaparecido em 1974
·
Luiz Guilhardini -
Morto em 1973
·
Mário Alves de Souza
Vieira - Desaparecido em 1970
·
Ruy Osvaldo Aguiar
Pftzenreuter - Morto em 1972
·
Norberto Armando Hageber
- Desaparecido em 1978
·
Orlando da Silva Rosa
Bonfim Júnior - Desaparecido em 1978
·
Luiz Eduardo da Rocha
Merlino - Morto em 1971
·
Wladimir Herzog - Morto
em 1975
·
Pedro Ventura Felipe
de Araújo Pomar - Morto em 1976
·
David Capistrano da
Costa - Desaparecido em 1974
·
José Toledo de Oliveira
- Desaparecido em 1972
·
Thomaz Antonio da Silva
Meirelles Neto - Desaparecido em 1974
Moção
de Solidariedade
Autores: Antonio Pereira - Sindicato dos Jornalistas de Alagoas Cooperativa dos Profissionais de Comunicação do Estado de Alagoas
(COPCOM)
O Semanário EXTRA, produzido pela Cooperativa
dos Profissionais de Comunicação do Estado de Alagoas, em função da
publicação de matérias sobre o crime organizado no Estado, e também
de críticas aos poderes políticos e ao Judiciário, vem sendo alvo de
ameaças e pressões, que se traduzem em invasões da redação, tentativas
de retirar o jornal de circulação, boicote econômico por parte dos poderes
públicos e outras formas de perseguição aos jornalistas. Em seis anos de circulação, o semanário
já contabiliza mais de 100 processos judiciais, entre ações cíveis e
criminais, com três condenações por supostos crimes de opinião e uma
prisão arbitrária. Cinco jornalistas do semanário foram condenados a
penas de prisão, sendo que os dois editores, Iremar Marinho e Fernando
Araújo, foram condenados a seis anos de prisão, cada um, em três processos,
que se encontram em grau de recurso, no Tribunal de Justiça. Uma das condenações decorre da publicação,
pelo jornal, do escândalo dos precatórios (letras financeiras), que
causaram prejuízos bilionários ao Estado. Mesmo a Justiça reconhecendo
a fraude, até agora, só os dois jornalistas do EXTRA foram condenados
por denunciarem o golpe, enquanto os responsáveis continuam impunes. As perseguições chegaram a ponto de
o EXTRA estar proibido de ser impresso no Estado, tendo a COPCOM, com
grandes dificuldades, que imprimir o jornal na gráfica do Jornal do
Commercio, em Recife. A impressão era feita, mediante contrato comercial,
na gráfica da Tribuna de Alagoas, cujo proprietário é o usineiro Robert
Lyra, do Grupo Carlos Lyra, amigo do governador do Estado. O editor-geral do EXTRA teve que adotar
medidas de segurança pessoal, em função de graves ameaças que recebeu,
inclusive de morte, por ter o jornal publicado sucessivas denúncias
de envolvimento com o crime organizado, de pessoas, inclusive policiais
civis, que, após as denúncias, foram presas e indiciadas pela prática
dos crimes denunciados. Em função da repercussão das denúncias
do semanário, o editor-geral foi convidado e prestou depoimento, na
qualidade de testemunha, no dia 10 de março de 2004, em Brasília, na
CPI do Extermínio no Nordeste, da Câmara dos Deputados, quando encaminhou
grande quantidade de documentos e respondeu às perguntas dos integrantes
da CPI sobre a atuação de grupos de extermínio no Estado de Alagoas. Após o depoimento prestado, sobre a
situação da criminalidade em Alagoas, que surpreendeu os integrantes
da CPI e obteve grande repercussão na Câmara dos Deputados, o presidente
da CPI, deputado Bosco Costa, e o relator, deputado Luiz Couto, ao considerarem
grave a situação, para o jornalista" recomendaram que o mesmo aceitasse
segurança efetiva da Polícia Federal, que seria solicitada pela CPI.
O jornalista não aceitou, de imediato, a segurança que foi colocada
a sua disposição. Durante a prisão, na base do Grupamento
Tigre, em Maceió, dos policiais Robson Rui e Alfredo Pontes, cujos nomes
foram publicados no EXTRA, como chefes de grupos de extermínio que atuam
no Estado, encontrava-se, no local, sob proteção policial, a testemunha
de outros crimes, José Antônio dos Santos (O Sombra), que enviou ao
editor um bilhete, recomendando o seguinte: "Tome
cuidado com sua segurança, vocês todos do jornal. Ouvi pessoas fazer
sérias ameaças contra vocês. Principalmente, contra você (/remar) Fernando
e Mousinho." Fazemos este comunicado ao Congresso
Nacional dos Jornalistas, na expectativa de que a solidariedade dos
jornalistas brasileiros possa contribuir para fazer cessar os graves
atentados contra a liberdade de imprensa em Alagoas, como também fazer
reverter, nos tribunais, as condenações criminais injustas contra os
jornalistas do semanário EXTRA.
Prestação de contas sobre
os pontos discutidos e decididos no XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas
– aprovada por maioria
Autores: Delegados do Rio de Janeiro, Brasília e Ceará
Recomendamos aos delegados participantes
deste XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas que prestem contas às
suas bases sobre os principais pontos discutidos e decididos deste encontro.
De preferência através de assembléias e publicações. Não podemos ou não devemos permitir
que na volta aos seus locais de origem não haja prestação de contas,
como aconteceu nos últimos Congressos, pelo menos no Rio.
Moção
de repúdio ao jornalistas Marcelo Rezende – aprovada
por maioria
Autores: Delegados de São Paulo
Contra
a exigência do Marcelo Rezende de que a TV Record fizesse a contratação
de um ex-carcereiro, expulso pela polícia, para ocupar o cargo de chefe
de reportagem no programa Cidade Alerta.
Moção
contra o fechamento do escritório da emissora Al Jazira – aprovada por maioria
Autores: Mário Augusto Jakobskind (Rio de Janeiro), Fernando Paulino
(Rio de Janeiro), Leonor S. Costa (Distrito Federal), Romário Schettino
(Distrito Federal), Sandra Crespo (Distrito Federal) e João Montenegro
Filho (São Paulo)
O governo do Iraque, leia-se, estadunidense,
acabou de ordenar o fechamento por um mês do escritório da Al - Jazira.
A alegação é de que a emissora incentiva seqüestros ao mostrarem imagens
de pessoas seqüestradas. Entendemos que se trata de uma medida
coercitiva ao direito de informação. Faz parte de uma ação que visa
tão somente apresentar para o mundo uma única realidade, a hegemonia do pensamento único .
Moção de aplausos – aprovada por maioria
Autores: Delegados de Minas Gerais, Goiás e Alagoas
Os
delegados presentes ao XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas parabenizam
o Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba, pela organização
do evento maior da categoria, que cumpriu todos os seus compromissos
quanto à organização do evento, o alto nível dos expositores das mesas,
conferências e seminários, além da ótima infra-estrutura e hospitalidade.
Moção de repúdio às demissões
ocorridas na Radiobrás – aprovada por unanimidade
Autor: Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal
Os
jornalistas reunidos no XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas manifestam
preocupação com as demissões ocorridas na Radiobrás nos últimos meses.
Provocando instabilidade no mercado de trabalho e caracterizando injustiças
patentes, como as que atingiram profissionais com mais de 20 anos de
casa.
CARTA
DA PARAÍBA
João Pessoa, 7 de agosto de 2004
Nós, jornalistas brasileiros, reunidos
no XXXI Congresso Nacional dos Jornalistas e no III Encontro de Jornalistas
de Imagem, realizados de 4 a 8 de agosto de 2004, em João Pessoa, na
Paraíba, entendemos que o País vive um momento de estabilidade democrática
e sua imagem no exterior se consolida, firme nas suas posições e, principalmente
solidário; porém, acreditamos ser importante que o governo inicie a
implementação das reformas sociais contidas no seu programa; que o crescimento
econômico com índices positivos precisa da conseqüente geração de empregos
e queda dos juros, desta forma diminuindo o quadro de exclusão e revertendo
a atual situação de concentração de renda. No setor da comunicação, os trabalhadores, entre eles os jornalistas,
pagaram a cota principal da crise da mídia, com a extinção de milhares
de postos de trabalho. Entendemos que o governo federal ainda precisa
apresentar uma política de comunicação social para o País, amplamente
discutida com a sociedade brasileira e voltada para na democratização
da comunicação, que preveja financiamento publico, mas evite “socorros”
financeiros imediatistas. Acreditamos e lutamos pela soberania
das nações e pela paz mundial e na constituição da aliança dos trabalhadores
da América Latina e da África; na defesa dos interesses sociais e econômicos
comuns e na determinação de políticas construídas a partir do princípio
da solidariedade e da democracia. Defendemos a unidade estratégica da
classe trabalhadora, a liberdade e a autonomia sindical, rechaçando
qualquer vinculação do crescimento econômico com a necessidade de reformas
trabalhista e sindical que venham prejudicar conquistas históricas e
avanços nos direitos e nas relações de trabalho. Repudiamos a constante precarização
que vem ocorrendo nas relações de trabalho e a permanente tentativa
de desregulamentação da nossa profissão. Desta forma, consideramos uma
agressão aos jornalistas brasileiros, entre as varias demissões que
estão ocorrendo em todo o País, a demissão de cerca de 150 profissionais,
dentre eles 40 jornalistas, dos Diários Associados da Paraíba, no dia
da abertura de nosso Congresso. Reafirmamos nossa luta em defesa do
diploma e da regulamentação profissional, bem como de nosso compromisso
com a ética jornalística, cujos princípios estão norteados no Código
de Ética dos Jornalistas Brasileiros. Entendemos também que a regionalização
da produção e da programação jornalística no rádio e na televisão é
estratégica para a preservação da identidade cultural brasileira em
contrapartida ao projeto de globalização representado pelos grupos monopolistas
a partir do eixo Sul-Sudeste do País. Consideramos uma vitória o envio pelo
Presidente da República para a Câmara dos Deputados, do projeto que
cria o Conselho Federal de Jornalismo, resultado de uma luta de mais
de 20 anos da categoria. Acreditamos ser este um importante mecanismo
de fiscalização da atividade jornalística e da regulamentação profissional,
mas também um instrumento em favor da sociedade brasileira, na medida
em que poderá garantir a preservação da ética, da liberdade de expressão,
do exercício do jornalismo responsável, independente e plural. A reação
violenta e imediata contra o projeto manifestada pelos grandes grupos
da mídia e seus prepostos, na tentativa de confundir o exercício da
cidadania com censura ou qualquer coisa semelhante, aponta para o acerto
da nossa proposição. Finalmente, reiteramos a toda a sociedade
brasileira o nosso compromisso de manter a luta pela liberdade de expressão,
pelo direito à informação e contra a exclusão social, de gênero, de
raça e de etnia.
Ricardo Medeiros Presidente do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Paraná Relator da plenária do XXXI Congresso
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